Meu corpo tremia compulsivamente e eu senti novamente meus olhos se encherem de água e o terror tomar conta de mim quando ele caminhou lentamente em minha direção com uma pontuda e brilhante faca em uma mão e uma arma na outra, e isso foi mais que o suficiente para o desespero e o pavor tomar completamente conta de mim.
- Vamos começar a nos divertir querida ? -
E todo o espaço a nossa volta foi preenchido pelo meu terrível grito enquanto aquele homem sorria diabolicamenre para mim.
ALGUM TEMPO ANTES
Era uma quinta feira, eu estava na sala de aula da Sufoolk School; era meu quarto ano consecutivo nesse colégio. Fazia-se uns dois meses que as aulas haviam começado e as férias, para minha infelicidade acabado.
Era uma manhã comum e entediante e como de costume eu estava perdida em pensamentos olhando pela janela, meus fones de ouvido escondidos pelos meus cabelos e o som na altura certa, isto, pra não correr o risco do Sr. Pacheco notar. Biologia definitivamente era a matéria que eu mais detestava; e pra piorar, o professor também era detestável. Muito crítico, muito exigente, muito arrogante, muito chato.
Sentada na antepenúltima cadeira da fila, continuei olhando pela janela, observando o estacionamento do colégio, cheio de veículos, mas vazio de gente. Entao eu estava mais admirando a pequena neblina que caia lá fora, desejando poder estar em casa e poder aproveitar aquele climinha frio na minha cama. Eu tentava me consolar ouvindo uma das músicas do meu amado Mikky Ekko.
Quando eu estava achando que ia acabar perdendo a guerra pro tédio e acabar sucumbindo a um pequeno cochilo um movimento chamou minha atenção. Duas motos tinham acabado de chegar e pararam na portaria. Devia ter umas meia hora que as aulas haviam começado, então eu sabia que dificilmente entrariam, a menos que os pais tivessem vindo junto e apresentassem um bom motivo pelo atraso. Eu bem sabia como era isso, a rainha do atraso em pessoa.
Com algo mais interessante que a aula do Sr. Pacheco, eu fiquei observando a cena pela janela do terceiro andar. Para minha surpresa liberaram a entrada da moto. Tão fácil assim ? Será que eles haviam subornado o cara da portaria? Se fosse isso talvez eu pudesse também - pensei. Isso evitaria que Charlie tivesse que ser chamado no colégio e eu nao teria de ouvir mais um sermão. Eu teria de investigar.
Um pouco mais interessada em descobrir quem eram os alunos continuei observando a cena. Eram três caras nas motos. Um deles estacionou primeiro, o piloto e o carona desceram tirando o capacete da cabeça, ambos os meninos louros, com o cabelo num corte um tanto ultrapassado que lembrava o do Justin Bieber, mas mesmo assim, muito bonito a cor do cabelo dos meninos.
E os garotos eram incrivelmente parecidos, mas eu estava longe e não deu pra ver muito melhor.
Os dois estavam rindo e conversando, um deles acertou um soco nas costas do outro e correu em direção a entrada do colégio, o outro cara foi atrás e eu posso apostar que ele deve ter falado alguns palavrões no meio da corrida.Então eu percebi que ainda faltava o terceiro cara, o que estava sozinho na outra moto. Ele havia estacionado um pouco mais longe da dos outros garotos, e agora estava encostado na moto, aparentemente sem dar nenhuma atençao aos outros dois rapazes. Quem eram eles? Nunca tinha visto nenhum deles antes pelos corredores do colégio. Pelos menos, aqueles dois, porque o último cara ainda continuava com o capacete preto de vidro espelhado na cabeça. Deviam ser novatos, pensei. Mas dois meses depois das aulas já terem começado? Deviam ter se metido em problemas na outra escola.E então o cara finalmente saiu de perto da moto e suas maos subiram em um movimento para tirar o capacete, e por um segundo eu me vi curiosa para ver seu rosto e saber quem diabos ele...
- Srta Boston?! - O professor quase gritou pra chamar minha atenção. Eu o olhei assustada, mas disfarçadamente passei a mão pelos cabelos retirando os fones de ouvidos e inclinei-me para entender que raios estava se passando e notei que não só o Sr. Pacheco estava me encarando, mas toda a turma também. Ah, ótimo.
- Já é a terceira vez que lhe chamo.- Reclamou e deu um suspiro exasperado; seus olhos voltaram para o meu peito, eu segui seu olhar, e só então percebi que... Droga! Os fones escorregaram e o professor estava olhando direto pra eles. Ôh, ôoh...
- A srta sabe que o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula é proibido! - Ele reclamou, seu rosto estava numa carranca e seu mal humor era óbvio.
- Ah, eu... os fones. Eu estava... estava escutando áudio book, professor! Vou ter que fazer um teste hoje e ontem não consegui estudar direito por conta de uma... Uma dor de cabeça! - Inventei as pressas.
- A aula agora é de biologia. Aparelhos eletrônicos são proibidos o uso em sala de aula. Inclusive fone, Srta. Boston. - Ele afirmou pausadamente, seu rosto numa careta de desgosto.
Ferrou. Mordi meu lábio nervosa. Então ele perguntou categórico:- Responda: entre as diversas medidas que devem ser tomadas, diga uma correta que apresente uma medida preventiva, específica para parasitas da classe do filó Platyhelminthes. - Indagou o professor, o olhar arrogante de quem tinha certeza de que eu não sabia a resposta. Era lógico que eu não sabia. Eu não estava prestando atenção na sua aula, nem fazia ideia do que ele estava falando, era quase outro idioma pra mim; na verdade, acho que ele só queria me envergonhar na frente da classe.
Sílvio Pacheco era um dos mais chatos e piores professores do colégio; ele odiava os estudantes e seu trabalho, mas não se dava ao trabalho de tentar mudar de emprego, então enquanto era obrigado a dar aulas, aparentemente sua diversao era de infernizar a vida dos alunos.
- Estou esperando uma resposta Srta Boston. - replicou Sr. Pacheco impaciente.
- O que quer que eu diga ? Não sei a resposta. - Respondi sincera. - Mas se eu puder dar uma rápida espiadinha no livro, talvez... - Continuei dizendo enquanto começava a revirar minha mochila à procura do livro de biologia, que tardiamente eu percebi que nem havia pegado no armário. Um baque na mesa da frente me assustou e eu quase pulei da cadeira de susto- Garota insolente! Realmente não há esperança pra você. E aparelhos eletrônicos são proibidos na sala de aula menina. - Acusou ele exasperado. - Vá logo, antes que acabe com a minha paciência. Sala do diretor Srta. Boston! - Ordenou ele e foi para a sua mesa e começou a escrever em uma nota.
- Sr. Pacheco, espere... -
Ele me olhou com uma carranca feia e eu revirei os olhos. Ah, merda..
Não adiantaria tentar discutir com ele, só iria piorar a minha situação. Suspirei derrotada.Entao olhei pela janela uma última vez, por acaso me lembrando do garoto lá embaixo, antes de toda essa confusão começar, e o procurei pelo estacionamento apenas pra ver se ele ainda estivesse lá, mas não estava.
Levantei frustrada, peguei minha mochila, e fui em direção ao professor que estava na frente da classe com uma expressão carrancuda cheia de arrogância; puxei o papel de sua mão, e o Sr. Pacheco deu uma rosnada, uma rosnada mesmo pela minha atitude, e eu quase falei pra ele "late au-au", mas me segurei e então saí da classe.
- É isto que acontece com alunos insolentes, e que não prestam atenção na aula! - Gritou Sr. Pacheco assim que sai da sala.
Revirei os olhos e suspirei em frustração.Passei pelo corredor que agora estava vazio, e desci as escadas indo em direção a sala do diretor no segundo andar. Relutantemente caminhei, já imaginando a bronca que iria levar tanto do Diretor quanto de Steve quando ele soubesse. Suspirei exasperada. Vai ser um longo dia e nem eram 09hs da mmanhã.
Uau galera! Quanto tempo! Tive um longo e longo bloqueio de escritor, sem comentar na correria e mudanças da vida. Muita coisa aconteceu.
Mas posso dizer que estou extremamente feliz de ter conseguido reescrever/melhorar um pouco mais este capítulo.
Algum(a) fã de imprinting aí? Dê um alô aí nós comentários.
Por favor, dêem uma estrelinha no capítulo. E muito obrigada por lerem!!
Com amor, Júlia Cristina Rocha
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IMPRINTING - Em Revisão
WerewolfDentro do meu íntimo, eu sabia que caminhava para algo. Muito antes de começar a entender, por cada esquina meus olhos procuravam os teus. Por cada parte, eu buscava sentir seu cheiro, ansiando por você. Mas desta vez, quando eu menos esperava, vo...