Olhando para o céu eu pude perceber, o sol estava quase à se pôr, olhando através dos galhos e das folhas das árvores vi alguns de seus raios. Minha distração momentânea acabou rápido demais, e eu voltei para a realidade de terror que eu estava vivendo quando recebi um empurrão para andar mais depressa.
- Por que estão fazendo isto? - Gritei desesperada, na esperança de que um dos três homens a minha frente me desse o luxo de ganhar uma resposta.
Que merda! Que merda! Quem eram esses caras ?!
Eles haviam amarrado os meus pulsos e por mais que eu tentasse me soltar ou folgar um pouco a corda, parecia impossível eu conseguir me soltar. Minhas mãos estavam muito bem amarradas, a corda era grossa e estava apertada em um nó firme, tudo que eu conseguia era machucar os meus pulsos.Um dos caras pararam de caminhar e abruptamente eu fui obrigada a parar também; o cara começou a procurar alguma coisa no meio de um monte de arbustros, ele tirou de lá duas grandes mochilas que estavam escondidas e jogou pro segundo homem. O primeiro cara se voltou pros arbustos outra vez e tirou de lá mais duas mochilas.
- Amarre ela naquela árvore - Ele ordenou pro homem que me segurava.
- Não! Não, por favor...- Eu chorei assustada tentando me afastar dele. - Por quê então fazendo isso ? Me largue! - Eu gritei tentando me desvencilhar do aperto do cara que começou a me arrastar em direção a maldita árvore.
Que merda era essa ? O que estava acontecendo?Num irracional ataque de fúria e desespero continuei a me debater contra o homem e gritei por socorro na vã tentativa de escapar, mas ele me calou quando me deu um soco no estômago.
Eu não conseguia respirar. Todo o meu ar foi sugado e o soco me fez cair no chão como uma jaca madura por tamanha dor que me inundou, numa confusão terrível de dor e desespero pelo ar que parecia ter sido sugado de mim, eu não conseguia respirar.Os meus olhos se encheram de lágrimas que eu não consegui conter. Atordoada pela dor e pelo choque eu não reagi enquanto o cara me arrastava até a árvore, a única coisa eu pude fazer foi me encolher quando ele me jogou sentada no chão. O cara começou a me amarrar, mas minha atenção foi roubada disto quando ouvi um barulho. Um barulho que não me era de todo desconhecido. Barulho de alguém carregando o cartucho de balas na arma.
- Por... por quê querem me matar? - Perguntei tentando não desatar no choro. - Por quê vocês idiotas querem me matar? Eu mereço saber! - Gritei enquanto sentia as lágrimas quentes descerem pela minha bochecha.
O cara mais velho, aquele que estava sempre indo na frente, que pegou as mochilas e mandou o cara me amarrar, soltou uma sonora gargalhada, ele estava realmente rindo, como se eu tivesse contado a piada do século. Eu o olhei embasbacada.
- Qual é a graça? - Indaguei me sentindo pequena e indefesa. E observei pela primeira vez aquele homem. Devia estar perto dos quarenta. Ele tinha o cabelo castanho, com vários fios brancos a mostra, o rosto estava um pouco escondido pela barba grande na qual, ele levantou a não e começou a alisar a mesma.
- Sabe menina, já faz quase três anos que os procuro, mas toda vez que chego perto de ter uma oportunidade e pega-los. - Ele fez uma pausa fazendo um gestão com a mão, como se estivesse apanhando um mosquito. - Esses filhos da mãe somem. E eu tenho que começar tudo do zero outra vez. - O homem completou, sua voz transparecendo toda a sua raiva e frustração.
- Mas agora garotinha... - Ele se virou pra mim novamente, um sorriso estranho começava a nascer dos seus lábios e aquele sorriso me deu arrepios. - Agora é diferente. Fomos mais cuidadosos. Observamos de longe, prestando atenção em cada detalhe, e apesar de não termos descoberto muito, juntamos um mais um e... Ará! Percebemos você. E isso vai ser mais que suficiente para finalmente completar minha caçada. -
- Mas do que é que você está falando? - Perguntei confusa, aquele cara era um completo lunático não tinha outra explicação pra todo aquele papo sem sentido.
- Não se faça de boba! - Ele gritou ríspido e eu instintivamente tentei me arrastar mais para trás entretanto eu não tinha para onde ir. Estava amarrada, naquela maldita árvore
- Ah, não ser... que você não saiba. - Ele disse.- Do que eu não sei? - Sussurrei enquanto sentia um calafrio passar por mim.
- Eles não contaram. Estão ouvindo isso rapazes ? Os idiotas deixaram a pobrezinha no escuro - O barbudo riu se virando para os outros dois caras, eu aproveitei o momento pra testar a corda que amarra minha cintura a árvore, mas então virou de volta pra mim. - Você é nossa isca querida. - Ele sorriu e eu engoli em seco.
- Isca pra quem? Por quê eu ? -
- Voce é nossa isca para... Como foi mesmo que você chamou? Ah sim! Você é a nossa isca para a sua tempestade cinza. - Ele respondeu sorrindo e o meu coração bateu ainda mais acelerado, o medo tomando conta do meu ser.
Não pode ser. Não pode ser! Não pode...
Uma lembrança invadiu a minha mente. "Eu tenho um... histórico de pessoas... perigosas que vivem pra me perseguir. E eu não quero colocar você em perigo."
Era coindencia. Era uma coincidência. Uma ridícula e infeliz coincidência!- Ninguem faz a menor ideia de onde estou. Não vai funcionar. - Respondi num momento de clareza da minha mente.
- Ah, não? - Indagou aquele homem se aproximando de mim, ele se ajoelhou até que os seus olhos ficassem da altura dos meus.
- Quando ele ouvir os seus gritos. - Ele me encarou, sua não passou pela minha bochecha e eu virei o rosto em repulsa, mas ele agarrou o meu queixo me forçando a olhar em seus olhos. - Quando ele sentir sua agonia, sua dor. - A mão dele deslizou do meu queixo para o meu pescoço e ele começou a me sufocar. Seu rosto em uma carranca diabólica enquanto eu tentava lutar pelo ar, enquanto eu tentava me livrar dele. Tentava não acreditar na loucura daquelas palavras. Ele finalmente me soltou e eu tive um ataque de tosse e soluços quando comecei a chorar.
- Mesmo que ele não quisesse, ele não seria capaz de se conter. Ou sequer ele vai pensar duas vezes antes de sair correndo em sua busca. - Ele afirmou e se levantou dando as costas para mim.
- Eu não vou colaborar com você. - Me esforcei pra falar, minha garganta doía e minha voz saiu muito baixa.
- O que disse ? - Ele perguntou, ainda de costas para mim.
- Não serei sua isca. - Respondi um pouco mais alto.
- Ah não? Olhem isso rapazes, a nossa garotinha decidiu que não vai cooperar com nosso plano. - Ele debochou e todos os três homens sorriram. - Você não tem es-co-lha. Mas vai ser mais divertido assim. Eu adoro uma gatinha brava. - Disse se voltando para os outros caras e pegou algo com um deles que a princípio eu não consegui ver. Meu corpo tremia compulsivamente e eu senti novamente meus olhos se encherem de água e o terror tomar conta de mim quando ele caminhou lentamente em minha direção com uma pontuda e brilhante faca em uma mão e uma arma na outra, e isso foi o estopim para o desespero e o pavor tomar completamente conta de mim.
- Vamos começar a nos divertir querida ? -
E todo o espaço a nossa volta foi preenchido pelo meu terrível grito enquanto aquele homem sorria diabolicamenre para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
IMPRINTING - Em Revisão
LobisomemDentro do meu íntimo, eu sabia que caminhava para algo. Muito antes de começar a entender, por cada esquina meus olhos procuravam os teus. Por cada parte, eu buscava sentir seu cheiro, ansiando por você. Mas desta vez, quando eu menos esperava, vo...