Capítulo um: Piloto

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Um dia normal de terça-feira, tarde nublada, clima agradável. Folhas secas inundava o chão em um tom avermelhado. Todos amavam o ar puro que pairava sobre a Universidade de Ravens Town. O outono era a estação preferida de Daniel. Muitas vezes - ou algumas. - ele matava aulas apenas para observar o jenipapeiro balançando e as folhas caindo. Sentia-se bem com aquilo. Sentia paz. Sentia tranquilidade. Ele sentava em um gramado mais em baixo, colocava uma música suave nos ouvidos e observava a árvore. E é onde ele está agora.

- Ei moço! - Chamou Vitória do outro lado.

Ele olha para a menina e tira um de seus fones do ouvido.

- Está perdido? Eu pensei que você tivesse aula agora. - A menina falou com seus cabelos pretos balançando de acordo com o vento.

- Sou bom nessa matéria... Aliás, a única que sou bom. Posso matar uma aula. Ainda mais com um espetáculo desses acontecendo. - Respondeu ele tirando a vista da menina e voltando a admirar o que seus olhos e sua mente mais amavam.

- Que espetáculo? - Ela falou vindo até mais perto dele.

- As folhas vermelhas caindo da árvore.

- Verdade. É muito bonito mesmo. Mas a sujeira que fica não é nada bonita.

- Logo vem à chuva e essas folhas se decompõem.

- É lindo ver o jeito que você observa a natureza.

Ele apenas sorri.

- E você? Não tem nenhuma aula?

- Na verdade tenho. Estou indo. Vejo você depois. Vai pegar o ônibus mais tarde?

- Vou sim.

- Te vejo lá.

- Até lá.

 - Olhem estas velhas árvores, mais belas do que as árvores moças, mais amigas, tanto mais belas quanto mais antigas, vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera e o inseto, à sombra delas Vivem livres da fome e de fadigas, e em seus galhos abrigam-se as cantigas e os amores das aves tagarelas. Não choremos amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo. Envelheçamos como as árvores fortes envelhecem, na glória de alegria e da bondade, agasalhando os pássaros nos ramos, dando sombra e consolo aos que padecem! - Ele escreve o poema de Olavo Bilac em seu caderno.

Ele recoloca seus fones de ouvido e continua olhando para o jenipapeiro. As pessoas caminham, as músicas pulam. E as horas passam. Ele olha em seu relógio. Faltavam 5 minutos para as 5 da tarde.

- Vinte e cinco minutos até o ônibus sair.

Ele levanta-se e se dirige até a cantina.

- Boa tarde. Me vê um sanduíche de queijo, tomate e manjericão, por favor? - Ele pediu a mulher.

- Para mim a mesma coisa dona Nakada. - Falou uma menina sentando-se ao seu lado. Era sua amiga, Micaela.

- Já largou? - Ele perguntou.

- Já sim. Terminei tudo a tempo de comer algo. Estou morrendo de fome. Não sai para almoçar hoje.

- Está sem comer desde o café?

- Exatamente... Obrigada dona Nakada. - Ela falou pegando seu sanduíche e pagando a mulher asiática.

- Muito obrigado, dona Nakada. - Ele fez o mesmo.

Sentaram-se em uma mesa e saborearam o sanduíche enquanto conversavam.

- Acho melhor descermos, já está na hora do ônibus passar. - Daniel falou.

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