Capítulo sete: Coração da mata.

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- Continua correndo. Não para. – Akira falou.

- Cadê o Dani, a Ellen e a Micaela? – Vitória perguntou.

- Estão vindo.

- Eles estavam logo atrás de nós. Porque não estão chegando?

- Ô menina continua correndo antes que eles nos achem. – Cláudio falou.

- Eu estou preocupada com eles, seu idiota. E se eles foram pegos?

- Não aconteceu. O Afonso ficou lá com o Luiz. – Pedro tentou acalma-la.

- Com a carcaça do Luiz né? – Akira falou.

- Não fala assim. – Vitória falou. – Ai gente, é sério. Eu estou preocupada com eles. Eu ouvi a Ellen gritar.

- Eu também ouvi. – Cláudio falou.

- O Daniel e a Micaela ficaram com ela. Ela está bem. – Pedro mais uma vez tenta tranquilizar a menina.

*

- Vitória! – Daniel gritava na mata.

- Ai, Dani. Está muito ruim de andar. – Ellen reclamava.

- Calma. Aguenta mais um pouco... Pedro!

- Eles não vão nos ouvir. – Micaela falou.

- Pensamento positivo, por favor. Obrigado.

- Só estou sento realista... Estamos dentro de uma mata, eles nunca vão nos ouvir, já devem estar longe. – Ellen falou.

- Olha aqui, você não está em um momento ótimo pra estar fazendo reclamações. Nós nos perdemos dele por nossa bondade de ficar para te ajudar, porque se não fosse nós, você é quem iria estar sozinha aqui no meio da mata. – Micaela falou.

- Ah. Quer que eu peça desculpas por ter levado um tiro e quase morrer? Tudo bem. Me desculpa, mas eu acho que eu não pedi pra levar um tiro. – Fala Ellen um pouco exaltada.

- Parem com isso as duas. Desse jeito fica mais difícil ainda. – Daniel tenta acalmar a situação.

- Está bem. Desculpa também. Eu estou de cabeça cheia. Não aguento mais esse lugar. Quero ir pra casa. Deixamos a Vi com dois caras que nem conhecemos direito. Não sabemos se eles são confiáveis. – Micaela falou.

- Ela vai ficar bem. A Vi é durona e o Pedro está lá. Ela vai se sair bem dessa. – Daniel falou encostando-se em uma árvore.

- Ei não para não. Temos que continuar. – Micaela falou.

- Eu estou perdendo sangue. Tenho que parar de me esforçar. Ou posso não aguentar. – Ellen avisa.

- Só mais um pouco. Por favor, se demorar muito e não encontrarmos eles, nós paramos um pouco. Pode ser? – Daniel a incentiva.

- Tá.

- Boa menina.

*

- Meu amigo... Meu único e fiel amigo. – Afonso falava com o corpo de Luiz enquanto as lágrimas caiam em seu rosto. – Nós chegamos aqui juntos e você foi o meu primeiro soldado e primeiro amigo. Eu vou vingar você. Você pode ter certeza disso.

*
De volta a mata. Os meninos ainda procuravam um lugar para se proteger de uma chuva que se aproximava.

- Seu braço continua doendo? – Daniel perguntou.

- Eu tomei um tiro, Daniel. Será que dói? – Ellen falou.

- Você tinha razão. A gente tem que parar e você tem que descansar. Você está ficando fraca.

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