Capítulo oito: Chão para dormir

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- Ah! – Ellen gritava de dor.

- Para de gritar. – Daniel falava com os dedos dentro da ferida do seu braço.

- Está doendo muito.

- Eu tenho que tirar a bala. Ou isso aqui pode ficar bem pior.

- Mas a dor quem tá sentindo não é você.

- Consegui.

- Ai meu Deus, obrigado.

- Obrigado só a ele? Eu que tirei a bala daí e impedi que... Sei lá, seu braço caísse.

- Eita... E ia chegar a tanto?

- Claro que ia... Vai doer um pouco. – Ele pegou o remédio e pôs em cima.

- Não doeu.

- Deve tá vencido.

- E você colocou o negócio vencido no braço dela? – Micaela perguntou.

- Eu não sei. – Ele pegou a bandagem e enfaixou o braço dela.

*

- Por favor, moça, vocês tem que nos ajudar. – Vitória implorou.

- Não conhecemos vocês. – Fernanda falou.

- Deixe nos apresentar. – Cláudio falou.

- E como vamos saber que vocês estão falando a verdade?

- Olha... É melhor vocês irem embora. – Letícia falou. – Meu tio já está quase chegando, ele não vai gostar de vê-los aqui.

- Já avisamos... É melhor darem o fora.

- Deixe nos explicarmos antes. – Akira falou.

- Estamos passando por uma situação muito delicada. – Falou Vitória.

- Tenho quase certeza que estão fugindo de alguém. E se estão fugindo de alguém, é por que com certeza fizeram algo de errado. – Fernanda falou.

- Garanto que não fizemos nada de errado. Somos vítimas.

- Também não é por ai. Temos nossa culpa no cartório. – Pedro falou pro Akira.

- Mas ninguém precisa saber né? – Akira respondeu.

- Por favor, pelo menos nos deixa explicar a situação.

- Tá. Por que vocês querem tanto nossa ajuda? – Perguntou Fernanda.

*

Enquanto isso Afonso enchia uma mochila com armas e munições e entra mata adentro.

- Eu vou achar aqueles filhos da mãe. E vou me vingar deles um por um.

*

- Vai... Deita ai. – Micaela ajudou Ellen a se deitar. – Acho que vai cair chuva.

- Eu já estou com frio. – Falou ela.

- Será que tem algum cobertor por aqui? Deixa-me ver... Aqui. – Ela pegou um cobertor velho.

- Nossa. Isso aqui deve está abandonado há séculos.

- Verdade. Nossa Senhora da vassoura mandou lembranças a esse lugar... Olha isso. – Daniel passou a mão na estante e ela saiu toda empoeirada. – Fica boa logo pra faxinar isso aqui.

- E porque é que eu que tenho que faxinar? Porque você não faz isso? – Ellen respondeu.

- Porque eu já fiz coisas de mais por você. E aqui está sem comida, água, e qualquer outra coisa. Nós não achamos a casa do Akira, achamos uma cabana acabada no meio do mato.

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