Epilogo

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Quando acordo não posso deixar de ouvir o zumbido nos meus ouvidos.

É praticamente dejá vu, acordar numa cama de hospital, só que desta vez não é apenas a criação de um vírus e sim a realidade fria do mundo.

Quando os meus olhos se ajustam à claridade consigo perceber que o quarto parece uma copia do que estava no meu "sonho", que bela piada vírus.

Não estou deitada com a cabeça para cima mas sim para o lado e tenho uma estranha sensação na minha nuca do pescoço, quando passo lá a mão sinto um estranho equipamento de metal espetado no local.

Custa-me a retirar mas lá consigo, deve ser isto que me ligava ao vírus pois um ecrã de computador está ligado à coisa que estava espetada no meu pescoço.

Ninguém está no meu quarto, ainda bem, mais tempo para a fuga ou a tentativa dela.

Rapidamente levanto-me e ao mesmo tempo caio, foi uma má ideia.

Com mais calma tento levantar-me novamente e desta vez tenho mais controlo.

Consigo chegar até à porta, mais um ponto para mim. Preparo-me para abrir a porta em 3, 2, 1...

A porta está agora aberta e várias pessoas estão a andar de um lado para o outro, e nem todas parecem pessoas normais.

Começo a andar lentamente, isto parece mais um filme de terror do que outra coisa.

Uma enfermeira começa a olhar para mim e começa a andar em direção a mim.

O meu instinto faz-me virar e andar na direção contrária.

Não corre muito bem, alguém agarra no meu braço. É a enfermeira.

-Menina Gregory, está acordada! Já falou com o Dr. Suzuki?

Tento responder mas apenas sai-me um grunhido, tenho a garganta seca, por isso acabo por acenar com a garganta negativamente.

-Então vamos!

Ela continua a agarrar no meu braço, não tento lutar e ela leva-me pelos corredores até à frente de uma porta. Ela bate à porta e de lá se ouve uma voz abafada.

-Quem é?

-Sou eu, enfermeira Holt. Parece que a paciente Aya Gregory acordou.

-Deixe-a entrar.

A enfermeira abre a porta e eu entro. A sala parece um escritório, ou melhor, é praticamente um escritório, se ignorarmos a estante de medicamentos que está no canto.

-Podes te sentar.

O homem sentado à frente da secretária é o mesmo que na foto do jornal. Takashi Suzuki, o pai do Ichiro, a pessoa que odeio mais neste mundo neste momento.

Faço como ele diz e sento-me na cadeira, olho diretamente para a cara dele, tentando não mostrar que tenho medo.

-Qual é a ultima coisa que se lembra?

Não respondo e apenas continuo a olhar para ele com uma cara desinteressada. Ele agarra na gola do meu vestuário.

-Não me vai responder? Se calhar dou-lhe uma ideia, você enganou os meus filhos e por isso a minha filha está morta.

Agarro-lhe no pulso com a mesma força que ele.

-Eu não enganei nem obriguei ninguém. Para além disso, a culpa é sua.

Com um impulso ele bate a minha cabeça na mesa. Tenho a cabeça a latejar e sinto algo a escorrer do meu nariz.

-Como é que é minha culpa que a minha filha morreu? Eu não sou o assassino aqui!

Memento Mori - Lembrem-se Que Somos MortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora