Naquela dia, Neji estava insuportável. Ten-Ten tinha visto o marido chegar tarde, batendo as portas com força naquela madrugada. Ainda acordada, com o notebook sobre o colo enquanto terminava de mandar os últimos e-mails para a equipe de gravação da campanha de Neji, observou-o se livrar da gravata extremamente irritado, jogando-a no chão junto do terno.
Colocou o computador sobre a cama, levantando-se e indo até ele.
— O que aconteceu? — perguntou, empurrando-o para que se sentasse na cama.
Neji respirou profundamente, apertando o tecido da calça entre os dedos, encarando o nada. Ten-Ten estalou a língua no céu da boca, ajoelhando-se na cama atrás dele. Enfiou a mão no bolso da calça que ele vestia, retirando o prendedor de cabelo que ele sempre mantinha ali. Passou a mão delicadamente pelas mechas castanhas, desembaraçando-as com suavidade. Viu a postura de Neji mudar gradativamente, ficando menos tensa, e continuou. Amarrou o cabelo dele em um rabo de cavalo alto, inclinando-se para deixar um beijo leve no pescoço dele.
— Naruto não estava lá hoje? — perguntou, ciente de que aquele era o único motivo para Neji estar naquele estado depois de voltar da Akatsuki.
Antes que ele se levantasse irritado, pousou as duas mãos nos ombros dele, aplicando certa pressão em movimentos lentos.
— Estava — Neji respondeu, gemendo baixo quando Ten-Ten massageou abaixo do seu pescoço. — Mas um outro qualquer fez um lance maior que o meu.
— Quanto?
— Trinta e cinco mil. Quem gasta isso em um lugar como a Akatsuki? — exasperou-se, tencionando se levantar.
Ten-Ten o forçou para baixa, abraçando-o pelas costas.
— Ou alguém com muito dinheiro ou então apaixonado pelo puto — ela explicou, calma. — Sabe que é assim, você mesmo já ouviu Naruto falando sobre alguns idiotas que aparecem naquele lugar pagando quantias exorbitantes para ficar conversando com ele. Sem contar nos presentes que ele recebe. Você sabe que é irracional ter ciúme dele considerando essa profissão, não sabe?
Neji fechou os olhos e girou a cabeça, desconfortável, cansado. Deixou a cabeça pender entre as mãos antes de se endireitar, olhando para o lado. Ten-Ten arqueou a sobrancelha e se inclinou para selar os lábios aos dele levemente.
— Esqueça isso — ela sussurrou, encostando o rosto no dele, vendo-o fechar os olhos. — Terá outra oportunidade, sabe que sim. Venha, precisa de um banho e de descanso, teremos um dia cheio amanhã.
Ela se levantou, puxando-a pela mão para o banheiro da suíte que dividiam. Ele se Livrou das roupas com certo tédio e, quando entrou debaixo da água quente do chuveiro, notou que Ten-Ten fazia o mesmo. Ela piscou um olho, divertida, passando os braços pelo pescoço dele enquanto o beijava com nada mais nada menos que desejo. As mãos dele foram para a cintura dela, apertando-a antes que ele prensasse o corpo feminino contra a parede fria do banheiro.
Beijos quentes, carícias ousadas, toques que não tinham nada de puro e que apenas os excitavam. Não tinham pressa, não tinham pudores, não tinham motivos para se reprimirem e se repreenderem pelo que faziam. Eram casados, não? Casamento envolve cumplicidade, cumplicidade envolve ser, ambos, o pilar de que o outro precisava. E, naquela hora, Ten-Ten estava precisando mais do que ele.
Não. Se achou que ela estava ali para confortá-lo pela noite que dera errado, errou. Ela estava ali por ela. Sua cabeça latejava, relembrando-a de tudo o que tivera que fazer naquele dia horrível. As câmeras não paravam de segui-la, registrando tudo o que a "esposa de Neji Hyuga" fazia. Tinha um encontro marcado com Kiba, seu amante, amigo e paixão, mas que fora desmarcado às pressas quando notara que os malditos repórteres não parariam de segui-la! Em vez de aceitar, de entendê-la, Kiba fez algo que nunca tinha feito até então: questionar.
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Jogo de Máscaras
FanfictionNão era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se algo como se envolver com Naruto pudesse mesmo significar outra coisa senão um grande problema. Sasu/Naru