Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos

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Naruto piscou, confuso, ao ouvir seu nome. Sentado entre os demais estudantes, olhou para porta, de onde uma mulher o chamava. Rapidamente, fechou o caderno e guardou na mochila junto da lapiseira e da caneta para então sair da sala, para que o professor continuasse sua aula.

— A diretora do curso quer falar com você — a mulher falou, educada, com um sorriso polido.

— Aconteceu algo? — questionou sem entender. Havia pago a mensalidade na data? Sim, havia, tinha certeza que sim.

— Não sei. Só vim chamá-lo — ela respondeu ao bater na porta do gabinete.

Ouviram um "entre" abafado, e ela abriu a porta para que Naruto entrasse na sala sozinho. Ele o fez e se sentou quando a diretora apontou a cadeira de frente à mesa. A diretora estava de pé atrás da cadeira, era uma mulher elegante em seus sessenta anos, vestes finas de corte reto, cabelos grisalhos curtos, óculos de armação clássica, batom vinho, sempre impecável, formada em Direito há muitos anos e com uma carreira de dar inveja a qualquer um.

— Bom dia, senhor Uzumaki, acho que deseja saber por que pedi que te chamassem, sim? — A voz era calma, mas o olhar, afiado, como se o estudasse, ou melhor, o medisse.

Ele se remexeu desconfortável na cadeira e assentiu.

— Não gosto de fazer rodeios, então, serei breve. O senhor sabe que essa faculdade possui um nome a zelar, não sabe? — Ela estreitou os olhos castanhos. — Um nome que é mantido há anos e que assim se espera manter por muito outros.

Ah sim... Ele já conhecia aquele discurso.

— Quer saber como eu pago a minha mensalidade? — ele perguntou, direto, interrompendo a fala que se iniciaria. — É isso?

Ela pigarreou e meneou a cabeça ao andar de volta à sua cadeira. Revirou alguns papéis e os ofereceu a Naruto.

— Eu já tenho essa informação, senhor — ela cuspiu a última palavra numa mistura de arrogância e nojo.

Naruto pegou os papéis e franziu o cenho ao passar as páginas. Aquele era seu contrato, o último que havia assinado com Jiraya para trabalhar na Akatsuki, e havia ainda cópias dos mais antigos desde que começara. Aquilo devia ser sigiloso, então, como estava ali? Cruzou as pernas ao se recostar na cadeira e suspirou ao jogar os papéis na mesa.

— E então? O que quer falar comigo exatamente? — ele questionou em falsa inocência, fingindo não sentir a raiva que formigava em seus dedos.

— Senhor... eu preciso mesmo dizer o que já está claro? — ela perguntou ao se debruçar na mesa para pegar os papéis e alinhá-los perfeitamente. — É inadmissível para esta instituição uma situação como a sua.

— É inadmissível eu pagar pelos meus estudos?

— Por favor, não vamos nos fazer de ingênuos. Vamos transferi-lo para outra faculdade, verificar se há correspondência entre as matérias para que não perca o ano.

— Estou sendo expulso, é isso? — perguntou, indignado. — Tendo notas boas, mensalidade em dia, presença quase que completa, estou sendo expulso no meu terceiro ano de faculdade?

Transferido — ela enfatizou.

— Eu escolhi esta faculdade, não quero uma transferência. — Ele se levantou.

— É uma pena, mas lamento informar que não há nada que eu possa fazer pelo senhor neste caso.

Naruto ficou sério. Aqueles documentos eram sigilosos, só Jiraya possuía, e isso queria dizer que ele o havia entregue a alguém. Hiashi. Mordeu a língua para frear o palavrão que lhe encheu a boca e respirou fundo antes de se voltar para a diretora.

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