Gaara não fora embora como Ino temia que ele fizesse. Quando, pela manhã, ela acordou, encontrou-o dormindo tranquilamente no sofá da sala e não quis o acordar.
O relógio marcava nove horas. Na cozinha, ao abrir a geladeira, percebeu que precisava fazer compras. Colocou água na cafeteira e esperou que o café ficasse pronto para encher a garrafa térmica. Depois disso, pegou a carteira na bolsa e colocou o cartão no bolso de trás do short. Saiu do apartamento o mais silenciosamente possível e caminhou em direção à padaria mais próxima.
Embora tentasse ocupar a mente com a lista de tarefas do dia, foi difícil não se lembrar da discussão que tivera com Gaara. Havia extrapolado os limites quando tentou empurrar o cheque para ele, tinha noção do significado de sua atitude, contudo ter consciência do que fizera não era suficiente para que fosse perdoada. Além disso, havia gritado com ele, feito-o perder o dia e a noite cuidando dela, nem queria imaginar o que se passava na cabeça de Gaara naquele momento, quer dizer, não estranharia se ele simplesmente dissesse que não queria mais vê-la.
O cheiro agradável de pães quentes e frescos roubou seus pensamentos. Ino entrou na padaria e, pelo reflexo na porta de vidro, pôde muito bem ver que uma mulher a seguia com uma câmera na mão. Escolheu por ignorá-la.
Com calma, fez seu pedido, esperou que tudo fosse entregue, pagou e saiu do estabelecimento com três sacolas. Pelo canto de olho, percebia a movimentação daquela que a acompanhava e revirou os olhos antes de se virar de supetão e encará-la.
— Sério? Você não tem mais nada para fazer? — perguntou com tédio.
A mulher não respondeu, e Ino bufou ao apressar os passos até o prédio. Parou perto do porteiro e deu instruções claras para que ele lhe relatasse qualquer pessoa ou carro suspeito parado por perto do edifício.
No elevador, apertou com força as sacolas e, por um momento, pensou na possibilidade de Gaara já ter ido embora. Não... ele não faria isso. Gaara parecia o tipo de pessoa direta, que prefere resolver logo um assunto a fugir dele. Assim, tranquilizou-se. Pelo espelho do elevador, ajeitou o cabelo e contemplou as olheiras um pouco melhores naquele dia. Estava pálida, um aspecto quase que doente. Mas a culpa não era dela!
Por Deus, quando demitira Kakashi, não esperava que ele fosse se vingar, não esperava que ele fosse levar tão para o lado pessoal ao ponto de tentar sabotá-la. O que podia ter feito senão dar tudo de si para completar a coleção? E só de imaginar que havia perdido um dia... um dia inteiro, vinte e quatro horas que não tinham mais como ser repostas!
Saiu do elevador. O apartamento continuava silencioso quando entrou. Ino deixou as compras sobre a mesa antes de se aproximar de Gaara no sofá. Ele ainda dormia, sem se incomodar com a luz do sol que já quase lhe atingia o rosto sereno. Abaixou-se. Os dedos se ergueram para tocá-lo e não se inibiram mesmo quando Gaara respirou mais profundamente sob o toque na face. Desenhou-lhe o rosto com a ponta dos dedos e gravou mentalmente, através do toque, cada medida, cada traço, cada singularidade no fundo de sua mente para que pudesse o desenhar sempre que quisesse.
Os cabelos ruivos estavam bagunçados, extremamente bagunçados, e Ino sorriu para aquilo, deslizando a mão com carinho.
Ela apoiou um braço no sofá, e a cabeça não demorou a deitar nele enquanto continuava perdida admirando seu modelo. Kakashi podia tê-la prejudicado, mas valia a pena porque era Gaara seu modelo, era ele, tinha que ser ele, não poderia ser qualquer outro senão ele e, a cada vez que o olhava, que o observava mais de perto, sentia essa certeza aumentar. Gaara era único, pelo menos para ela. E só isso importava. A arte era dela afinal, ela tinha o mínimo direito de retratar aquilo que lhe encantava!
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Jogo de Máscaras
FanfictionNão era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se algo como se envolver com Naruto pudesse mesmo significar outra coisa senão um grande problema. Sasu/Naru