Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo

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Sasuke bagunçou os cabelos negros mais uma vez antes de subir na moto e ligá-la. Acelerou, sem se importar em fechar a viseira do capacete ou com o velocímetro que indicava as multas a chegar no final do mês. Apenas acelerou de modo que o vento a bater contra seu corpo arrastasse o desejo de suas veias e clareasse sua mente. Não podia chegar em casa irritado com Sakura, não era culpa dela a casa ter sido invadida justamente quando ele havia conseguido uma noite para relaxar.

Viu as luzes das sirenes assim que virou a moto em sua rua. Duas viaturas. Sakura estava sentada na calçada, abraçando os joelhos enquanto mantinha a cabeça baixa. Estacionou a moto, desligando-a rapidamente e retirando o capacete. Ignorou o policial que sinalizou algo e tentou o parar e continuou caminhando até onde a amiga estava.

Não seja rude. Não seja rude. Não seja rude.

Foi o que repetiu quando viu os olhos verdes marejados o olharem. Retirou o casaco que vestia, abaixando-se e o jogando por cima dos ombros de Sakura ao notar que ela apenas vestia um pijama fino.

— Te machucaram? — perguntou quando ela levantou.

As mãos dela se fecharam no tecido do casaco, apertando com força enquanto ela mordia o lábio inferior e negava.

— Ótimo. Fique aqui. Vou falar com os policiais e te levo para casa.

Sakura segurou o braço dele quando Sasuke tencionou se virar.

A expressão dele estava irritada, ela sabia disso. Conhecia-o bem, podia ver o esforço que ele fazia para manter a compostura, a calma, o papel de bom amigo. Sentiu o toque da mão dele em sua cabeça antes dos lábios em sua testa.

— Eles levaram ela... A polícia... — sussurrou, mantendo-o perto.

Sasuke franziu o cenho sem entender.

— Eu estava no quarto. Ouvi invadirem e entrei em pânico — pausou, respirando fundo. — Corri para o banheiro e me escondi no armário debaixo da pia. E liguei para a polícia. Eu... Eu fiquei... com tanto medo e eles... Eles reviraram tudo! Todas as gavetas, todos os móveis, tudo!

— Sakura...

— Eles atiraram — ela o cortou rapidamente, soluçando. — Quando eu saí do armário para ver se Pandora estava no quarto e escondê-la, eles atiraram! Eles atiraram nela! E eu não tive coragem de sair do armário... não consegui... não consegui abrir a porta para ver, para tentar ir até ela, para... Quando eles saíram, eu corri até a sala. Ela chorava tanto, tanto, tanto. E tinha sangue — ela escondeu o rosto. — Não sabia o que fazer. Tentei segurar, pressionar o lugar onde a bala tinha atingido e... meu Deus...

Sasuke fechou os olhos, segurando a cabeça de Sakura contra seu peito, só então reparando no sangue no pijama que ela vestia.

— Onde ela está?

— A polícia levou. Para o veterinário, não sei, eles levaram e não deixaram eu ir junto — Sakura se afastou sem fôlego. — Me perdoa, me perdoa, eu devia tê-la buscado, devia ter saído e...

— Para levar um tiro também? — ele ironizou. — Não. Fez bem em se esconder. Vou falar com a polícia, quer vir junto?

Sakura assentiu em silêncio, agradecendo quando ele passou o braço pelo ombro dela e a manteve perto enquanto andavam. Via Sasuke ouvir com atenção cada palavra que os policiais falavam, respondendo brevemente a cada pergunta, calmo como sempre. Mas não era verdade. A mão dele em seu ombro a segurava com força desnecessária, chegava a tremer levemente, e ela sabia que não era de medo. Era raiva, era ódio. Sabia que era. E nada do que dissesse mudaria aquilo.

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