Felipe se levanta e tenta proteger Roberta mas Nando foi muito rápido. Os outros que estavam na mesa também se levantam.
- Mããããããããããããe! - O grito de Kiko ecoou e suas lágrimas escorriam pelo rosto enquanto ele caia de joelhos para segurar sua mãe.
Nando estava distraído observando o que tinha feito quando sentiu um forte impacto atingir seu rosto. Levou alguns instantes para que percebesse o que acontecia. Tentando ignorar a dor que sentia, girou a perna por baixo da mesa e atingiu seu oponente, que cambaleou e quase caiu.
Gotas de suor desciam pelo rosto de Felipe que olhava para ele furiosamente e Nando começou a sentir uma ponta de culpa por ter feito aquilo com Roberta.
- Como você pode seu desgraçado?– Gritou Felipe, mantendo os olhos fixos em seu alvo.
- Vai lá cuidar da mulher que você roubou de mim! – disse Nando, enquanto se preparava para receber o próximo golpe.
O ataque seguinte foi tão rápido que, mesmo estando alerta, ele não conseguiu impedir que seu lábio inferior fosse atingido. O gosto de sangue veio logo a seguir e foi neste momento que decidiu acabar logo com aquilo, antes que coisa pior pudesse acontecer.
O infeliz, certamente, não estava preparado para o que ele faria a seguir. Felipe atirou-se em direção ao corpo de seu rival, fazendo com que os dois caíssem. A cabeça de Nando bateu no chão de ladrilho e ele ouviu um barulho abafado. A luta chegara ao fim quando uma de suas filhas gritou:
-Pai não adianta brigar com ele agora, você precisa salvar a Roberta e o seu filho! -Juliana disse.
-É isso mesmo! -Todos que estavam alí exclamaram juntos.
Felipe se abaixou onde Roberta estava ainda de olhos abertos e lhe disse:
-Eu vou te salvar dona Roberta Leone! À você e ao nosso filho. Lute por ele.
Felipe a tomou nos braços e foi correndo em direção a garagem seguido por Kiko, Analú e Juliana. Charlô decidiu ficar para conversar com Otávio e chamar a polícia para Nando, afinal isso não poderia ficar assim, ele tinha que pagar por tudo aquilo.
Felipe coloca sua amada no carro e sai desesperado para o hospital. Analú vai com um pano tentando tapar o sengramento enquanto Kiko segurava firme a mão de sua mãe.
Eles adentram ao hospital gritando, implorando, por um médico. Percebendo a gravidade da situação, os enfermeiros encaminham-a rapidamente para a sala de cirurgia para retirarem a bala. Enquanto ela estava sendo preparada, o médico pergunta a Felipe o que havia acontecido e pergunta também sobre a gravidez de Roberta. Felipe conta tudo que aguentava, resumidamente, afinal estava muito abalado e remoer tudo aquilo era de muito sofrimento e ela não poderia esperar tanto.
O médico vai para a sala de cirurgia e os três ficaram na sala de espera andando de um lado para o outro desesperados. Kiko não parava de chorar, Analú estava apreensiva e Felipe tentou se fazer de forte para que ninguém percebesse a dor que estava sentindo com a hipótese de perder sua amada.
Cerca de três horas depois, Felipe avista o médico e o interroga sobre novidades.
-E então doutor? Como ela está? E nosso filho?
- O tiro foi profundo. Chegou a penetrar muito, o que dificultou a retirada e tivemos que fazer um parto cesariano para não comprometer a vida do bebê, mas como ele já tinha 6 meses, irá ficar bem depois de um tempo na incubadora. Enquanto à Roberta, ela se mostrou muito fraca devido ao tiro e a gravidez de risco, agora ela está respirando com ajuda de aparelhos, o que não é nada bom, ela ainda não acordou. Está em coma. E o bebê está na incubadora.
Vendo a cara de preocupado de Felipe e Kiko, o médico diz:
-Mas não se preocupe, enquanto ela estiver lutando, nada de ruim vai acontecer a ela. Estamos cuidando de tudo! E o senhor como marido deve querer ficar aqui com ela não é? - O médico perguntou confiante que a resposta seria positiva.
-Nós não somos casados, mas... - Felipe disse um pouco sem jeito.
-Não, seu Felipe, você já fez muito pela minha mãe, pode deixar que fico aqui com ela. -Kiko disse ainda entre choros.
-Não, não Kiko. -Felipe disse enquanto colocava uma de suas mãos no ombro do filho mais velho da amada. -Você está muito abalado, e sua mãe precisa de suporte e segurança agora. Pode deixar que vou cuidar bem dela.
-Ótimo! O quarto que ela está é o 223. -O médico disse e explicou para Felipe como chegar lá. -Podem ir vê-la se caso for da vontade de vocês. Bom, qualquer coisa podem se sentir a vontade de me chamar. Se quiser poderá ver o seu filho pela vidraça do berçário. Até mais.
Os três vão em direção ao quarto que Roberta estava, abrem a porta e a observam de longe. A emoção de saber que estava tudo bem, mesmo que ela estivesse em coma, faz com que eles derramem algumas lágrimas. Felipe encosta levemente a porta e fala com Kiko e Analú:
- Eu vou passar a noite aqui.
- Eu quero ficar - disse Kiko - afinal ela é minha mãe.
- Kiko, por favor, deixe-me ficar com ela - pediu - prometo que ficarei o dia fora. Eu quero ficar com ela.
Kiko ficou hesitante mas Analu olhou para ele suplicante. Ele aceitou e foi embora. Felipe saiu do quarto e foi até o berçário. Haviam várias crianças mas o único problema é que ele havia se afastado dela e não sabia o nome o próprio filho. Ele foi até a enfermeira.
- Ah, então qual o nome da paciente?
- Roberta, ela está no apartamento 223 - falou Felipe.
- Só um minuto - disse ao pegar a prancheta. - Ah, aqui está. É o bebê prematuro. Se chama Júlio César. Ele não pode sair da incubadora ainda. Mas eu posso levar o senhor lá dentro para ver ele. -Disse a enfermeira.
Ele assentiu e ela entregou a ele uma roupa específica. Eles entraram e foram até o bebezinho. Ele estava calminho, era muito magro e pequeno, mas era o esperado já que ele tinha no máximo 27 semanas. Seus poucos cabelos eram loiros e os olhos eram o que Roberta diria como "olhos verdes penetrantes" idênticos aos do pai. Se ele teve alguma dúvida da paternidade as dúvidas se acabaram naquele momento. Ali estava o seu único filho homem lutando pela vida junto a mãe dele.
- Foi um parto complicado - disse a enfermeira - mas se Deus quiser e ele há de querer e ele ficará bem.
- Ficará! Roberta é muito forte, nosso filho também há de ser. - disse Felipe - Mas ele é tão pequenininho.
- Sim, é - disse a enfermeira - mas vai crescer. Ficará um tempinho aí mas ficará bem logo, logo. É normal crianças nascerem prematuras...
Ele assentiu e eles saíram do berçário. Felipe caminhou de volta para o quarto dela e sentou do sofá. Ele se odiava por ter duvidado da sua amada, como pode duvidar de sua fidelidade? Ele se sentia um monstro e no fundo se sentia até mesmo um pouco culpado por tudo aquilo.
Ele se aproximou da cama e pegou sua mão. Ele só conseguia imaginar no quanto ela estava sofrendo. Ninguém sabia quando ela iria acordar e isso o desesperava. Ele necessitava que ela acordasse. Ela tinha que ajudá-lo a criar o pequeno reizinho Júlio César, ele lhe pediria perdão de joelhos por sua atitude imperdoável e se ela o perdoasse, eles se casariam e ele jamais duvidaria dela novamente.
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De repente, o amor!
FanfictionE se Roberta Leone e Felipe de Alcântara Pereira Barreto trabalhassem juntos...