Roberta está concentrada ao computador. A porta está entreaberta. Felipe passa pelo corredor, mas não resiste e retorna. Ele a observa, encantado. Ela era linda trabalhando, tão pacífica, o rosto tão sereno... Ah que maravilha!
Em outro dia, não tão diferente, a situação se repete com Roberta. Ela o observa pelo vidro. Ele não a vê, está concentrado demais para isso. Ela o odeia! Mas finalmente percebe o quanto ele é atraente, muito atraente. Atraente até demais! E lembra-se que já foi beijada por aqueles lábios de uma forma confusa, sadomasoquista, para ser mais específica. A lembrança à fez sorrir.
Não era nada, apenas um sorriso, as coisas não iam mudar por causa disso, nada ia mudar por causa disso, mas quando a primavera chega, o gelo vai derretendo floco a floco, e talvez, apenas talvez, aquele sorriso significasse apenas o primeiro floco que se derretia.
Distraída, ela deixa algumas pastas caírem de suas mãos. Só então percebeu que ficara tempo demais o observando. Felipe ouve o barulho e, como um cavalheiro, vai ao seu encontro para ajudá-la. Quando ambos se abaixam, os olharem se cruzam. Uma sensação boa, mas, ao mesmo tempo, terna, sedutora, faz com que eles fiquem alguns segundos parados, se olhando profundamente.
Roberta quebra o clima, sentindo o olhar dele sobre ela.
-Desculpe. -ela disse encabulada.
Felipe não conseguia parar de olhá-la. Ele saiu de seu devaneio somente quando viu a figura dela saindo pela porta.
-Ah Roberta... Por que eu me sinto assim quando fico perto de você? -ele suspira, repassando o momento em sua cabeça e tenta, em vão, se concentrar no que precisava fazer. Roberta entra na sua sala, atordoada. Ela era adulta. Sabia o que havia acontecido. Mas a ideia era tão... Absurda.
-Ai meu Deus! Eu só posso está ficando louca! -ela murmura, sentindo-se estranhamente feliz por saber que ali ao lado, está "seu Felipe de Alcântara Pereira Barreto".
Mais tarde, Roberta lembra-se que se esqueceu de comunicar a Felipe sobre uma reunião que ocorreria dentro de 2 horas. Ela vai até a sala dele para avisá-lo:
- Com licença Felipe, quer dizer seu Felipe... -Diz, adentrando a sala.
- Sim, dona Roberta Leone. -ele sorri.
-Eu me esqueci de avisá-lo, daqui a 2 horas teremos uma reunião com os nossos fornecedores.
-Ah sim, claro. Vou marcar na minha agenda para não esquecer. -ele faz uma pausa para a anotação. -Eu estou saindo pra tomar um café, a senhora gostaria de me acompanhar? -ele convida, com a feliz esperança de que ela aceitasse.
- Tenho mais o que fazer seu Felipe de Alcântara Pereira Barreto. -ela rebate, torcendo para que ele não insista.
- Hum... Quanta grosseria dona Roberta Leone, eu só convidei à senhora para tomar um café, mas se não quer, passe bem! -ele resmunga, irritado. Ás vezes ela era insuportável.
Roberta o vê indo em direção à porta e se arrepende. Ela não precisava ter sido tão mal educada. Onde estão seus modos, Roberta? -perguntou a si mesma.
-Espera! Seu Felipe de Alcântara Pereira Barreto. -ela diz, fazendo com que ele parasse na porta. -Desculpe, eu não quis ser grosseira...
Felipe se vira para ela. -Então a senhora vai aceitar o meu convite? -ele pergunta, com um sorriso enorme no rosto.
-Não! Eu disse que não quis ser grosseira, mas eu não posso tomar um café com o senhor! -ela rebate irônica.
-E por que não? Dona Roberta Leone, eu não mordo... A não ser é claro...
-Seu Felipe de Alcântara Pereira Barreto! -ela grita! -Não se atreva a completar essa frase.
-Tudo bem! Tudo bem! Não precisa gritar. Eu já entendi. Mas e o café? Ora, por favor, é só um café dona Roberta Leone. Eu juro que não haverá surpresas, nada de beijos no escuro, nem de beijos roubados por sadomasoquistas, eu prometo.
Roberta não conseguiu deixar de sorrir.
-Tudo bem. Um café, apenas um café. E não vamos demorar!
-Como a senhora quiser. Por favor. -Felipe abre a porta para que ela saia.
Ela o encara ironicamente, e os dois seguem até o café mais próximo.
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