Capítulo 36

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Ainda era madrugada quando Júlio começou a chorar. Roberta despertou e foi até ele. Felipe também acordou, mas ficou observando-os. Ela pegou seu bebê no colo, o balançou por alguns segundos, sentou-se na beirada da cama e lhe deu o peito para mamar. Aquela era uma das primeiras vezes que ela conseguiu alimentar seu pequeno. Aquele tempo todo em coma, a havia privado de muitas coisas que agora ela lutava para recuperar. Vendo aquela cena linda, Felipe se levantou e foi em direção a eles bem devagar.

Roberta escutou um barulho e logo se virou, dando de frente para seu amado. Com uma das mãos fez-lhe um gesto para pedir silêncio, ele assentiu com a cabeça e sentou-se a seu lado.

O bebê terminou de fazer seu "lanchinho" da manhã e voltou a dormir. Roberta o colocou no berço de volta com muito carinho e cuidado e chamou Felipe para fora do quarto. Ainda estavam cobertos somente com um ropão, mas como era muito cedo, ela imaginou que todos ainda estavam dormindo já que quando chegaram não tinha ninguém na casa.

- Felipe nós precisamos muito conversar! -Roberta falava ansiosa.

- É sobre o que aconteceu aqui não é? -Felipe se aproximou dela, segurou em um de seus braços e acariciou também seu rosto. - Roberta, nós nos amamos! Admitimos isso ontem a noite com palavras e ações!

- Eu sei Felipe Não nego nada o que disse e nem me arrependo de nada que fiz. -Ela olhava para baixo enquanto dizia e continuou. -Mas tudo que aconteceu antes daquele incidente... 

Felipe a interrompeu.

- Aquilo tudo é passado meu amor! Vamos esquecer tudo de ruim e começar de novo nossas vidas, eu te imploro! -Felipe falou quase chorando com medo do que ela pudesse alegar.

- Pra você é fácil falar! Não foi você quem foi humilhado em frente à todos seus amigos! -Ela falou lembrando de tudo aquilo e se afastou um pouco de Felipe.

- Eu não sabia que você se sentia tão insegura,tão preocupada com o que as pessoas pensam sobre você. Você sempre foi segura de si... Roberta, você sempre soube lidar tão bem com as dificuldades, sempre batalhou por tudo! -Ele falava balançando a cabeça com um ar de interrogação.

- Não é só insegurança o que eu estou sentindo. Eu sinto saudades daquele relacionamento lindo que nós começamos com tanto sacrifício! Tenho medo também, muito medo. Medo de que talvez aconteça qualquer coisa e você não acredite em mim, na minha palavra... Eu estou me sentindo cada vez mais ligada a você agora Felipe. Nós não temos apenas um passado juntos, temos também um menininho lindo! -Ela desabafou.

Um silêncio tomou conta do lugar por poucos segundos e Felipe disse: 

- Você sempre se demonstrou tão forte!

- Eu também sempre achei que fosse! Talvez no fundo até soubesse o quanto eu não o era. Mas, eu jamais admitiria nem a mim mesma o que eu não queria que ninguém soubesse. Eu não gosto de ter fraquezas, acho que ninguém gosta! -Ela disse tentando conter as lágrimas.

- Seja lá quais as forem essas fraquezas, podemos superá-las jutos dona Roberta Leone! -Felipe voltou a se aproximar dela. Sorriram.

- Não sei se são bem fraquezas, acho que o certo seria colocar no singular. -Roberta vira de costas para Felipe. - A minha maior fraqueza é estar longe de você. Porque... Eu me sinto perdida, abandonada, sozinha. Um pouco mais triste do que suporto me sentir!

Ao ouvir aquilo, Felipe a puxa pelo braço e toca a sua boca. Com um dedo, a desenha como se saísse da sua própria mão, como se a boca dela se entreabrisse pela primeira vez. Roberta por sua vez, sorri por baixo dos toques suaves de Felipe. Ela o olha de perto. Cada vez mais se aproximam, e começaram a brincar de "ciclopes", se encarando com mais intensidade e paixão. Os olhos agigantam-se, aproximam-se entre si, sobrepõem-se, e os ciclopes olham-se, respirando confundidos. Suas testas se encostam e sem pensar duas vezes, Roberta se entrega e seus braços enlaçam o pescoço dele. Para isso, precisou ficar na ponta dos pés. Ele a rodeou com seus braços fortes, e Roberta sentia suas mãos fazendo um leve carinho no meio de suas costas. Eles não queriam ficar longe. Ali, ela não conseguia pensar em mais nada. Só existiam eles e aquele caloroso abraço. Segundos depois, que não foram poucos, ela afrouxou o aperto e ele fez o mesmo. Roberta o soltou lentamente e virou-se para o quarto, sem olhar para trás. Ela estava nervosa demais com a situação,  e nem ao menos consegui pensar em nada para que eles pudessem voltar a ficar juntos. Felipe a segue e ao perceber sua presença, ela começa a falar:

De repente, o amor!Onde histórias criam vida. Descubra agora