Capítulo 3

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Depois que acaba a reunião, Roberta e Felipe se despedem.

-Eu vou indo, Roberta... –ele dá ênfase ao nome dela. Ainda não tinha o costume de chamá-la assim. -Amanhã eu entrego aquele balanço que a senhora me pediu.

-Tudo bem. Eu também já estou indo, o Nando vem me buscar... Nós combinamos de jantar em um restaurante aqui próximo e... –ela comenta, empolgada.

Felipe fecha a expressão e a interrompe.

-Roberta, os seus planos com aquele-ele engole a seco. –Com o nosso motorista, definitivamente, não me interessam.

-Desculpe Felipe. Você tem toda a razão... Eu... Nem sei por que comentei isso com você... Imagina... –ela sorri nervosa e faz uma pausa. –Mas me responde uma coisa, por que tanta implicância com o Nando? O que foi que ele fez a você para você ter tanto ódio dele assim?

-Não é ódio Roberta, é que... Bem eu, eu... Mas que coisa!

-O que foi?

Felipe respira fundo.

-Eu só não entendo por que todo mundo gosta dele. Não sei eu... É que isso me incomoda um pouco.

-Como assim? –Roberta pergunta, sem entender.

- Não sei talvez eu só tenha um pouco de inveja desse rapaz... Ele encanta todas as mulheres, todas as pessoas... Às vezes eu queria ser um pouco parecido com ele. –Felipe abaixa a cabeça, organizando os pensamentos. –Eu sei que a senhora, quer dizer, você acha que eu sou um arrogante, aliás, você e a Charlô's inteira, mas... Eu não queria passar essa impressão. O Nando, apesar de não ter tido a educação que eu recebi, é carismático... Ele sabe ser gentil e eu... Eu só faço besteira, magoo as pessoas. Mas é sem querer... Eu juro... Nem com as minhas filhas eu consigo lidar... Eu não queria isso! –ele completa entristecido.

Roberta fica comovida com aquela revelação. Ela jamais poderia imaginar que era isso que o incomodava tanto. E agora, tudo parecia fazer muito sentido. Ela senta-se ao lado dele, e encosta a mão sobre seu ombro, dizendo:

-Felipe, você não devia sentir inveja do Nando, mas sim extrair o que tem de bom nele... Ele é uma boa pessoa, e eu tenho certeza que por trás desse machista que o senhor é... Arrogante, prepotente... –Felipe a interrompe. –Eu já entendi Roberta. Já entendi!

-Então, por trás desse machista, arrogante e prepotente, eu tenho certeza que existe um bom coração. Agora eu posso ver isso! Você só precisa demonstrar... Por que tanto medo de se apegar as pessoas? Tanta relutância em ser gentil? Em ser amável? Por que tanto medo assim de se envolver? Felipe... –Roberta o fita docemente e toca inconscientemente o rosto dele. -Por que tanto medo de amar?

Felipe paralisa com o que ouve. Ele fecha os olhos sentindo por um momento o toque macio de Roberta. Vira o rosto e deixa seus olhos fixados nos dela. "Roberta Leone achava que ele tinha um bom coração".

Ele sorriu e a distância entre eles diminuía cada vez mais.

Era possível ouvir somente o som da respiração alterada de ambos. Roberta sabia que seus lábios iam se encontrar com os dele e se condenava por perceber que queria beijá-lo. Felipe não conseguia se contiver.

Sabia que ela iria explodir de raiva depois do que ele estava prestes a fazer. Mas não beijá-la naquele momento parecia... Impossível.

Ele segura o rosto dela e fecha os olhos. Roberta retribui o gesto e fecha também. Não havia tempo para pensar.

Quando estão quase tocando os lábios, Nando aparece:

-Será que eu to atrapalhando alguma coisa? –ele pergunta em um tom sério, a expressão fria, impacífica.


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