Louis makes a discovery

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Certa tarde, quando Louis chegou em casa vindo da escola, surpreendeu-se ao ver Maria, a governanta da família - que sempre mantinha a cabeça abaixada e jamais levantava os olhos do tapete, - de pé no seu quarto, tirando todos os seus pertences do guarda-roupa e arrumando-os dentro de quatro caixotes de madeira, até mesmo aquelas coisas que ele escondera no fundo e que pertenciam somente a ele e não eram da conta de mais ninguém.

"O que você está fazendo?", ele perguntou tão educadamente quanto pôde, pois, embora não estivesse contente por chegar em casa e descobrir alguém remexendo nas suas coisas, sua mãe sempre lhe dissera para tratar Maria com respeito e não simplesmente imitar a maneira com que seu pai a tratava. "Tire as mãos das minhas coisas." Maria sacudiu a cabeça e apontou para a escada atrás dele, onde a mãe de Louis acabara de aparecer.

Era uma mulher alta, de longos cabelos castanhos, presos numa espécie de rede atrás da cabeça; ela estava retorcendo as mãos em sinal de nervosismo, como se houvesse algo que ela não quisesse falar ou alguma coisa em que não quisesse acreditar.

"Mãe", disse Louis, marchando em direção a ela, "o que está acontecendo? Por que a Maria está mexendo nas minhas coisas?"

"Ela está fazendo suas malas", a mãe explicou.

"Fazendo minhas malas?", ele perguntou, repassando rapidamente os eventos dos últimos dias para avaliar se fora um mau menino ou se dissera em voz alta as palavras que
ele sabia não poder dizer e, por isso, estava sendo mandado embora. Mas não conseguiu pensar em nada que justificasse tal pensamento. Na verdade, durante os últimos dias ele se comportara de maneira perfeitamente decente com todos e não conseguia se lembrar de ter criado nenhuma confusão. "Por quê?", ele perguntou então. "O que eu fiz?"

A mãe já havia entrado em seu próprio quarto a essa altura, mas Lars, o mordomo, estava lá, fazendo as malas dela também. Ela suspirou e jogou as mãos para o ar em sinal de frustração antes de marchar de volta à escada, seguida por Louis, que não ia deixar o assunto morrer sem uma explicação satisfatória.

"Mãe", ele insistiu. "O que está havendo? Estamos de mudança?"

"Venha comigo até o andar de baixo", disse ela, levando-o até a ampla sala de jantar onde o Fúria estivera para comer com eles na semana anterior. "Conversaremos lá embaixo."

Louis desceu as escadas correndo e até a ultrapassou na descida, de maneira que já estava esperando pela mãe na sala de jantar quando ela chegou. Ele observou-a sem dizer nada por um momento e pensou consigo que ela não devia ter aplicado corretamente a maquiagem naquela manhã, pois as órbitas dos olhos estavam mais avermelhadas do que de costume, como os seus próprios olhos ficavam quando ele criava confusão e se metia em encrenca e acabava chorando.

"Veja, Louis, não há motivo para se preocupar", disse a mãe, sentando-se na cadeira na qual se sentara a bela mulher loira que viera jantar acompanhando o Fúria e que acenara para ele quando o pai fechou a porta. "Na verdade, acho que será uma grande aventura."

"Que aventura?", ele perguntou. "Estão me mandando embora?"

"Não, não é apenas você", ela disse, parecendo que ia abrir um sorriso momentâneo, mas mudando de idéia. "Todos nós vamos embora. Seu pai e eu, Lottie e você. Todos os quatro."

Louis pensou a respeito e franziu o cenho. Não o incomodava em especial se Lottie fosse mandada embora, porque ela era um Caso Perdido e só o metia em encrencas. Mas parecia um pouco injusto que todos tivessem que acompanhá-la.

"Mas para onde?", ele perguntou. "Aonde vamos exatamente? Por que não podemos ficar aqui?"

"É o trabalho do seu pai", explicou a mãe. "Sabe como isto é importante, não sabe?"

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