Harry thought In Answer To The Question Of Louis

28 4 0
                                    

“Tudo o que eu sei é o seguinte”, começou Harry. “Antes de virmos para cá eu morava com minha mãe e meu pai e minha irmã Gemma num pequeno apartamento sobre a loja onde papai fazia seus relógios. Todo dia tomávamos o café da manhã juntos às sete horas, e, enquanto íamos à escola, papai consertava os relógios que as pessoas lhe traziam e fazia alguns novos também. Eu tinha um lindo relógio que ele me deu, mas não está mais comigo. Era dourado, e toda noite eu dava corda nele antes de dormir, e ele sempre marcava a hora certa.”

“O que aconteceu com ele?”, perguntou Louis.

“Eles o tomaram de mim”, disse Harry.

“Quem?”

“Os soldados, é claro”, disse Harry, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “E então um dia as coisas começaram a mudar”, ele prosseguiu. “Eu voltei da escola, e minha mãe estava costurando braçadeiras para nós, feitas de um tecido especial, e
desenhando uma estrela sobre cada uma delas. Como esta.” Usando a ponta do dedo, ele reproduziu o desenho no chão poeirento. “E sempre que saíamos de casa, ela dizia que tínhamos de usar uma daquelas braçadeiras.”

“Meu pai também usa uma”, disse Louis. “Em seu uniforme. É bem bonita. É de um vermelho brilhante, com um desenho branco e preto feito por cima.” Usando a ponta do dedo ele reproduziu o outro desenho na poeira do chão do seu lado da cerca.

“É, mas elas são diferentes, não?”, disse Harry.

“Ninguém jamais me deu uma braçadeira”, disse Louis.

“Mas eu nunca pedi para usar uma delas”, disse o cacheado.

“Mesmo assim”, respondeu o garoto, “acho que bem que eu gostaria de usar uma. Não sei qual delas eu preferiria, se a sua ou a do meu pai.”

Harry balançou a cabeça e continuou sua história. Ele não costumava mais pensar naquelas coisas, uma vez que relembrar a antiga vida sobre a loja de relógios o entristecia muito.

“Usamos as braçadeiras durante alguns meses”, ele disse. “E então as coisas mudaram novamente. Cheguei em casa um dia, e a mamãe disse que não poderíamos mais morar na nossa casa...”

“Isso também aconteceu comigo!”, gritou o de olhos azuis, deleitando-se com o fato de não ser o único menino que fora obrigado a se mudar. “O Fúria veio para o jantar, sabe, e pouco depois nós tivemos que nos mudar para cá. E eu odeio este lugar”, ele acrescentou numa voz exaltada. “Por acaso ele foi até sua casa e fez o mesmo?”

“Não, mas quando nos disseram que não podíamos mais morar na nossa casa, tivemos que nos mudar para outra parte de Cracóvia, onde os soldados haviam construído um grande muro, e minha mãe e meu pai e minha irmã e eu, todos tínhamos que morar no mesmo quarto.”

“Vocês quatro?”, perguntou Louis. “Vivendo num único quarto?”

“E não éramos apenas nós”, disse Harry. “Havia lá outra família morando conosco, e a mãe e o pai estavam sempre brigando, e um de seus filhos era maior do que eu e batia em mim, mesmo quando eu não havia feito nada de errado.”

“Não é possível que tenham morado todos no mesmo quarto!”, disse Louis, balançando a cabeça. “Não faz o menor sentido.”

“Todos nós nos mesmo quarto”, disse, acenando afirmativamente. “Éramos onze ao todo.”

Louis abriu a boca para contradizê-lo novamente – ele não podia acreditar que onze pessoas pudessem viver juntas num mesmo quarto -, mas mudou de idéia.

“Moramos lá por mais alguns meses”, continuou Harry, “todos nós naquele único quarto. Havia apenas uma pequena janela, só que eu não gostava de olhar através dela porque, então, via o muro, e eu odiava o muro, porque nossa verdadeira casa ficava do outro lado. E aquela parte da cidade era a parte ruim, porque havia sempre muito barulho e era impossível dormir. E eu odiava o Luka, que era o menino que continuava me batendo, mesmo quando eu não tinha feito nada de errado.”

Side by Side // LSOnde histórias criam vida. Descubra agora