The Furia

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Alguns meses antes, logo depois de ter recebido o novo uniforme, que significava que todos deveriam chamá-lo de "comandante", e pouco antes de Louis ter chegado em casa e encontrado Maria arrumando suas coisas, o pai entrou em casa certa noite mostrando grande animação, o que era muito incomum no caso dele, e marchou até a sala de estar onde a mãe, Louis e Charlotte estavam sentados lendo seus livros.

"Quinta à noite", ele anunciou. "Se tivermos algum plano para quinta à noite, é necessário que o cancelemos."

"Você pode mudar seus planos se quiser", disse a mãe, "mas eu já combinei de ir ao teatro com..."

"O Fúria tem um assunto que quer discutir comigo", disse o pai, a quem era permitido interromper a mãe, embora mais ninguém tivesse esse privilégio. "Acabo de receber um telefonema esta tarde. O único horário possível para ele é na quinta à noite, e ele se convidou para o jantar."

Os olhos da mãe se arregalaram e sua boca fez o formato de um O. Louis olhou para ela e se perguntou se era assim que ele ficava quando era surpreendido por alguma coisa.

"Você não pode estar falando sério", disse a mãe, empalidecendo um pouco. "Ele vem para cá? Para a nossa casa?"

O pai confirmou com a cabeça.

"Às sete horas", ele disse. "Então é melhor pensarmos em algo muito especial para o jantar."

"Oh, céus", disse a mãe, seus olhos indo de lá para cá com rapidez, enquanto ela pensava em todas as coisas que precisavam ser feitas.

"Quem é o Fúria?", perguntou Louis.

"Você está pronunciando errado", disse o pai, pronunciando corretamente o nome para ele.

"O Fúria", disse Bruno novamente, tentando acertar, mas errando outra vez.

"Não", disse o pai, "o... Ora, esqueça!"

"Bem, quem é ele afinal?", perguntou Louis de novo.

O pai olhou para ele estupefato.

"Você sabe muito bem quem é o Fúria", disse ele.

"Não sei", disse Louis.

"Ele manda no país, idiota", disse Lottie, exibindo-se, conforme a tendência das irmãs. Eram coisas como essa que a tornavam um tamanho Caso Perdido! "Você não lê os jornais?"

"Não chama seu irmão de idiota, por favor", disse a mãe.

"Posso chamá-lo de estúpido?"

"Prefiro que não."

Charlotte sentou-se desapontada, mas mostrou a língua para Louis mesmo assim.

"Ele vem sozinho?", perguntou a mãe.

"Esqueci de perguntar", disse o pai. "Mas presumo que ele vá trazê-la consigo."

"Oh, céus", disse a mãe outra vez, levantando-se e contando na cabeça a quantidade de coisas que precisava organizar antes de quinta-feira, que era dali a apenas dois dias. A casa precisava ser limpa de alto a baixo, as janelas lavadas, a mesa de jantar encerada e lustrada, a comida providenciada, os uniformes da governanta e do mordomo lavados e passados e a louça de cerâmica e os copos lustrados até brilharem.

De alguma maneira, apesar de a lista parecer aumentar o tempo todo, a mãe conseguiu terminar tudo a tempo, embora comentasse muitas vezes que a noite seria um grande sucesso se certas pessoas ajudassem um pouco mais no serviço de casa.

Uma hora antes da que o Fúria havia anunciado que iria chegar, Lottie e Louis foram chamados ao andar de baixo, onde receberam um raro convite para ir ao escritório do pai.

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