How Mother Took Credit For Something That Did not

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Várias semanas depois de Louis ter chegado a Haja-Vista com sua família e sem nenhuma perspectiva de uma visita de Zayn, Stan ou Olly no horizonte, ele decidiu que era melhor inventar alguma maneira de se divertir, ou então acabaria enlouquecendo aos poucos.

Louis conhecera apenas uma pessoa que ele considerava louca, e era Roller, um homem mais ou menos da idade de seu pai, que morava na esquina do seu quarteirão da casa velha em Berlim. Era freqüentemente visto na rua andando para lá e para cá a qualquer hora do dia ou da noite, discutindo sozinho, exaltado. Às vezes, no meio dessas discussões, a disputa saída do controle e o homem tentava atingir a sombra que ele próprio projetava na parede.

De tempos em tempos Roller lutava com tamanha fúria que os punhos
sangravam de tanto bater contra as paredes de tijolo, e então ele caía de joelhos, chorando alto e batendo as mãos contra a cabeça.

Em algumas ocasiões Louis o ouvira proferindo aquelas palavras que ele próprio não podia usar e, nessas vezes, tinha que se controlar para
não rir.

“Não ria do pobre Roller”, dissera-lhe a mãe numa tarde em que ele relatara sua última aventura. “Você não faz idéia do que ele passou nessa vida.”

“Ele é louco”, disse o garoto, descrevendo com o dedo círculos ao lado da cabeça e assoviando para indicar o quão louco ele achava ser o homem. “Outro dia ele se aproximou de um gato e o convidou para tomar o chá da tarde.”

“E o que disse o gato?”, perguntou Lottie, que estava preparando um sanduíche na cozinha.

“Nada”, explicou Louis. “Era um gato.”

“Estou falando sério”, insistiu a mãe. “Franz era um jovem maravilhoso – eu o conheci quando ainda era uma garotinha. Era gentil e atencioso e atravessava o salão de dança como
se fosse Fred Astaire. Mas sofreu um terrível ferimento durante a Grande Guerra, um ferimento na cabeça, e é por isso que age assim agora. Não é motivo de piada. Vocês não fazem idéia do que passaram os jovens daquela época. Não imaginam o sofrimento dele.”

Louis tinha, então, apenas seis anos e não sabia ao certo a que a mãe estava se referindo.

“Foi há muitos anos”, explicou ela quando ele perguntou a respeito. “Antes de você nascer. Franz era um dos jovens que lutaram por nós nas trincheiras. Seu pai o conhecia muito bem naquela época; acredito que eles serviram juntos.”

“E o que aconteceu com ele?”, perguntou o menino.

“Não importa”, disse a mãe. “A guerra não é um assunto digno de conversa. Temo que em breve passaremos tempo demais conversando sobre a guerra.”

Aquilo tudo ocorrera três anos antes de todos eles chegarem a Haja-Vista, e Louis não havia pensado muito em Roller nesse ínterim, mas de repente ele se convenceu de que, se não tomasse alguma atitude, se não fizesse alguma coisa que lhe ocupasse a mente, então, antes que pudesse perceber, acabaria igualmente vagando pelas ruas e lutando consigo mesmo e convidando animais domésticos para ocasiões sociais.

Para manter-se distraído, Louis passou uma longa manhã e a tarde de um sábado criando para si uma nova diversão. A certa distância da casa – do lado de Lottie e impossível de se
ver da janela de seu próprio quarto – havia um grande carvalho, de tronco bastante alentado. Uma árvore alta, de galhos robustos, fortes o suficiente para suportar um menino pequeno.

Parecia tão velha que Louis estava certo de que fora plantada em algum momento da baixa Idade Média, um período que ele estudara há pouco tempo e descobrira ser muito
interessante – em especial as partes que falavam de cavaleiros que saíam para terras desconhecidas em busca de aventuras e desvendavam mistérios curiosos durante o
processo.

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