The Point That Turned A Stain That Turned A Looming That Turned A Boy

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A caminhada ao longo da cerca demorou muito mais do que Louis havia imaginado inicialmente; parecia se estender por quilômetros e quilômetros. Ele andou e andou, e, quando olhou para trás, a casa em que estava morando parecia cada vez menor até sumir de vista completamente.

Durante todo aquele tempo ele não viu ninguém perto da cerca; nem viu portas através das quais pudesse entrar, e começou a ficar aflito, pensando que sua exploração acabaria sendo infrutífera.

Na verdade, embora a cerca continuasse a perder de vista, as cabanas e os prédios e as colunas de fumaça estavam desaparecendo na distância atrás dele, e a cerca parecia separá-lo de nada além de um grande espaço vazio.

Depois de andar durante quase uma hora e já sentido alguma fome, ele pensou que talvez bastasse de exploração para um dia e que seria boa idéia dar meia-volta. Entretanto, bem nesse instante, um pequeno ponto apareceu na distância, e ele estreitou os olhos para tentar descobrir o que era.

O garoto lembrou-se de um livro que lera certa vez, contando a história de
um homem que se perdia no deserto e, porque ficava sem comer e sem beber durante muitos dias, começava a imaginar maravilhosos restaurantes e nascentes de água magníficas, mas quando tentava comer ou beber delas, as miragens desapareciam no ar,
apenas punhados de areia. Louis se perguntou se era isso que estava acontecendo com ele agora.

Porém, enquanto pensava, seus pés o levaram, passo a passo, cada vez mais perto do ponto na distância, que nesse meio-tempo havia se tornado uma mancha, dando, dentro em pouco, todos os sinais de se transformar numa forma. E logo depois disso a forma se tornou um vulto. E então, conforme ele chegava ainda mais perto, ele viu que não era nem ponto nem mancha nem forma nem vulto, e sim uma pessoa. Na verdade era um menino.

Louis já havia lido muitos livros sobre exploradores, o suficiente para saber que nunca se sabia o que se poderia encontrar. Na maioria das vezes eles encontravam alguma coisa interessantes que estava lá, cuidando da própria vida, esperando para ser descoberta (como a América). Outras vezes descobriam algo que deveriam deixar em paz (como um rato morto no fundo do armário).

O menino pertencia à primeira categoria. Ele estava lá, cuidando da própria vida, esperando para ser descoberto.

Bruno diminuiu o ritmo quando viu o ponto que virou uma mancha que virou um vulto que virou uma pessoa que virou um menino. Embora houvesse uma cerca separando-os, ele
sabia que a precaução em relação aos desconhecidos nunca era demais e era melhor abordá-los com cuidado.

Então ele continuou a andar, e logo estavam um de frente para o outro.

“Olá”, disse Louis.

“Olá”, disse o menino.

O garoto era menor do que o pequeno Louis e estava sentado no chão com uma expressão de desamparo. Ele vestia o mesmo pijama listrado que todas as outras pessoas daquele lado da cerca, e um boné listrado de pano. Não tinha sapatos ou meias, e os pés estavam um pouco sujos. No braço ele trazia uma braçadeira com uma estrela desenhada.

Quando Louis se aproximou do menino pela primeira vez, ele estava sentado no chão de pernas cruzadas, olhando para a poeira debaixo de si. Entretanto, após um momento, ele
olhou para cima e Louis pôde ver o seu rosto.

Era um rosto bastante estranho. A pele era quase cinza, mas diferente de outras tonalidades de cinza que o menino Louis já havia visto. Os olhos eram bem grandes, da cor de esmeraldas; os brancos eram muito brancos, e, quando o menino olhou para Louis, tudo o que este viu foi um par de enormes olhos tristes a encará-lo.

Louis teve certeza de jamais ter visto um menino tão triste e tão magro em toda a sua vida, mas decidiu que seria melhor conversar com ele.

“Estou explorando”, disse ele.

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