( K a t h l e e n N i g h t s h a d e )
Para não se molharem naquela chuva, a professora Kathleen e seu aluno se esconderam debaixo da pequena varanda. Era o início da noite e a aula particular a céu aberto chegara ao fim. Os pais, evangélicos ortodoxos, sequer sonhavam que seu filho cristão estivesse tendo aulas de bruxaria no sítio deles, considerado o recanto de descanso da família. O aluno, Yussefer, com seus 21 anos, de cabelos loiros, estatura mediana e de compleição tonificada, vestia aquelas roupas sociais sem graça e, ainda, carregava a bíblia para não a esquecer.
Ele encostou perto da janela e seus sapatos faziam barulho no assoalho de tábuas. Toda a frente da varanda era feita de madeira rústica, e com a chuva açoitando cada vez mais a varanda teve que recuar, para dar lugar a bruxa que se encolheu ao seu lado. A professora, Kathleen Jussara Wiclef Nightshade, moça de pele branca, com 1,70 de altura, cabelos vermelhos como o fogo, até a altura do queixo, lindos olhos verde-água, a plena beldade aos 30 anos, de carisma ímpar, reconhecida como a emérita BRUXA DA NOITE. O título dado pela sua Ordem à bruxa mais poderosa do território brasileiro.
Para piorar, Yussefer tinha pedido a chave do sítio, mas seu pai não deu. Então ficaram no lado de fora, recolhidos em meio a chuva repentina que só aumentava, parecia ser a única opção. E sem perceber, ambos aproximaram seus corpos. Algo dentro de Yussefer se acendeu quando roçou no peito cálido da bruxa, que praticamente colou seu corpo ao dele para não molhar seu sobretudo vermelho.
Ambos conversavam coisas corriqueiras e também falavam do tempo louco na cidade de São Paulo. No entanto, aquele roçar leve de peles sobre roupas, fez o calor de Yussefer aflorar sua necessidade máscula. Vencendo a própria timidez e, sem prestar atenção ao que Kathleen falava, passou com delicadeza os dedos na face dela. A bruxa se calou surpresa. Seus corpos começaram a faiscar. Ela sentia a respiração dele bem próximo, e o pupilo estava se derretendo no seu hálito doce.
As bocas se aproximaram e o beijo aconteceu de forma inevitável. Professora e aluno de bruxaria cruzaram a linha que separava essa relação. Yussefer começou a querer mais, agora a envolvia de forma ardilosa. Kathleen deixou-se levar pelo momento de desejo. Experimentou cada centímetro da língua quente dele. O beijo foi sublime, embriagante como uma dose de uísque a queimar saborosamente os lábios. Molhava a sua língua naquela boca fina, percorrendo enlouquecida à procura por mais daquele néctar.
Aquela sensação deliciosa do beijo roubado foi fantástica para Kathleen Nightshade, se não houvesse um pequeno problema. O beijo que ela experimentou, não foi dado pelo seu MARIDO! Ele nem sequer sabia que a bruxa tinha um pupilo. A professora de magia não conseguiu resistir ao decoroso e delicado enlace de bocas, e se derreteu naqueles movimentos famintos. O corpo dele estava tomado da excitação natural, demonstrado através da ereção do seu órgão sexual por baixo das calças. Naquele frêmito, o beijo para Yussefer era só a fagulha que satisfaria a sua lascívia. Suas mãos deslizaram inconsequentes pelas curvas dela. Contudo, o casamento falou mais alto e Kathleen Nightshade desgrudou-se dele.
— Chega! Isso foi longe demais. Eu sou casada, esqueceu? Nossa relação é de professora e aluno. Acho melhor não confundirmos os papéis aqui.
A bruxa se afastou, sentindo falta cálida daquela sensação, colocando-se a favor da chuva que diminuía da mesma forma drástica com que começou. A cabeça de Kathleen estava dividida entre a aliança em seu dedo e a carência que seu marido a fez passar.
Contudo, era uma professora, uma formadora de caráter, então resolveu murmurar todo um discurso ético, e só então percebeu que seu aluno não a ouvia. Yussefer tremia e soava como se estivesse com febre. Parecia em transe com os olhos voltados para o céu, preso entre o êxtase e a depressão.
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O SOBRETUDO VERMELHO AFOGADO - PARTE I : A CRIANÇA
Fantasy" - Deixa sussurrar um segredinho no teu ouvido: as pessoas que eu mato, não vão para o céu." Primeiro volume da Doulogia: O SOBRETUDO VERMELHO AFOGADO - Parte I: A Criança. O escritor Rodrigo Rassoul nos apresenta uma literatura frenética e brutal...