Após esse desastroso episódio, a Bruxa da Noite foi atrás de Samyra e descobriu que a família religiosa havia sumido. Todos, exceto o avô de Yussefer, o pastor Heládio, que viajou para fazer uma pregação numa igreja de outro estado brasileiro.
Kathleen, ao sondar a casa da família de sua amiga, percebeu a energia negativa impregnando o ar. Resolveu invadir a propriedade em busca de pistas. A casa estava toda revirada. Comida podre por todos os lados. Sinais de luta e... Sangue! Respingos de sangue nas paredes.
No final daquela tarde, a bruxa foi vasculhar o sítio dos pais de Samyra e Yussefer. Lá chegando, se pôs a examinar a região, composta por vastos campos de grama verde, que se perdiam no horizonte, enquanto mais uma tarde se despedia do mundo. A casa do sítio era de cor amarela e telhado marrom, com uma cerquinha de madeira, pintada de azul-celeste; as árvores velhas faziam companhia à habitação. Havia uma estradinha de tijolinhos que levava a um estábulo sem cavalos. Foi nesse local que Kathleen começou a ver pessoas mortas, caídas ao chão. Algumas pessoas eram membros da Ordem, outras eram membros da igreja.
Todas mortas! Samyra e seus pais não estavam entre os corpos, para o alívio da bruxa. Atrás do estábulo ficava uma área plana onde, futuramente, construiriam a piscina do sítio. Lá, um círculo extenso de pedras grandes, como lápides, usado pela bruxa para ensinar magia tanto para Samyra quanto para Yussefer, ela avistou o seu aprendiz, na borda daquele círculo, sentado na maior dessas pedras e com Samyra, desfalecida em seus braços.
A camisa branca e os braços de Yussefer estavam sujos de sangue assim como também as vestes e a boca de Samyra. Ele a embalava como uma criança de colo. Chorava e ria ao mesmo tempo. A bruxa viu mais pessoas ajoelhadas aos pés dele. Pareciam venerar um Deus vivo. Não faziam barulho, nem sequer se moviam.
— Yussefer! O que aconteceu aqui? — gritou Kathleen depois que se recuperou do choque ao ver Samyra morta. — Quem fez isso com a sua irmã?! Onde estão seus pais? O seu avô Heládio está desesperado atrás de vocês!
Quando Kathleen ousou avançar, as pessoas se levantaram, voltando-se para ela e bloqueando o caminho, a fim de impedi-la que se dirigisse até Yussefer. As expressões faciais das pessoas eram vazias, seus olhares enegrecidos emitiam raiva. Balançavam-se como se fossem zumbis.
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O SOBRETUDO VERMELHO AFOGADO - PARTE I : A CRIANÇA
Fantasi" - Deixa sussurrar um segredinho no teu ouvido: as pessoas que eu mato, não vão para o céu." Primeiro volume da Doulogia: O SOBRETUDO VERMELHO AFOGADO - Parte I: A Criança. O escritor Rodrigo Rassoul nos apresenta uma literatura frenética e brutal...