Capítulo 13

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Zacarias foi quem ouviu primeiro. Olhou para Raul que estava de sentinela. A porra do

sentinela estava cochilando!

— Raul! — sussurrou com urgência na voz.

Raul abriu os olhos, assustado, e ergueu os ombros como uma interrogação.

Zacarias levou o dedo erguido para a frente do nariz, tocando os lábios e pedindo

silêncio. Balançou a cabeça duas vezes no sentido da porta e apontou para o ouvido.

Raul anuiu. Ficou calado, a respiração pesada, assustado, olhos bem abertos, ouvidos

atentos. Porra! Tinha cochilado!

Zacarias olhou para o resto do cômodo. Todos dormiam. Sinatra roncava, embalado em

sono pesado. Com o pé, sem sair de seu canto, cutucou o ombro de Adriano. Antes que o líder

acordasse, estacou, o sangue gelou nas veias. Passos no corredor. Santo Deus! Tinha escutado

passos no corredor! Que não fossem os vampiros! Ficou quieto, olhando Raul nos olhos. Raul

acabava de engolir um bocado de saliva. Segurou com firmeza o rifle nas mãos. Levou a mão

até a trava da arma. O barulho indesejado repetiu-se. Alguém andando do lado de fora.

Ficaram mudos. Sinatra parou de roncar, virando de lado, mas continuava dormindo. Adriano

abriu os olhos. Zacarias repetiu o gesto com o dedo no nariz pedindo silêncio. Adriano

colocou-se sentado. Também ouviu o barulho. A porta estremeceu. Zacarias continuou

nervosamente pedindo silêncio para Raul. Talvez o intruso fosse embora.

Insistiu na porta. Ela tremeu. Estava bem presa e uma porção de caibros firmemente

encaixados impediria que a porta deslizasse com facilidade. Só passariam destruindo aquela

porta.

Um golpe mais forte contra o metal fez os outros colocarem-se de pé, sobressaltados. Os

três acordados anteriormente gesticulavam pedindo calma e silêncio. Talvez a coisa fosse

embora. Ninguém ali dentro estava sangrando. Não havia cheiro. Talvez tivessem encontrado

as motocicletas escondidas pelo mato e desconfiassem que estariam escondidos ali. Os

homens preparam as armas. Antes de dormir já tinham substituído a munição comum por balas

de prata.

Adriano empunhou seu facão prateado e manteve os olhos na porta metálica. Sabia que,

fossem quantos fossem do outro lado, somente um vampiro investia contra a porta. O

esconderijo era bom e antes daquela porta havia um corredor por demais estreito... só dava

para um maldito por vez. Seriam picados um a um. O líder dos soldados sentiu o coração

bombeando freneticamente. A pressão arterial deveria ter subido ao ser invadida por uma

dose generosa de adrenalina. Adorava o combate... mas o medo era impossível de controlar.

Alguém mais fraco poderia borrar as calças numa situação dessas. Gostava de decepar

aqueles malditos, mas temia, cedo ou tarde, cair nas garras daqueles monstros e servir de

BentoOnde histórias criam vida. Descubra agora