Capítulo 17

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O sol mostrava claramente seu perigoso movimento descendente e cadente para os que

estavam fora do portão. Mesmo assim, os soldados mostravam-se contentes pois, apesar da

gasolina de Marcel ter acabado bem antes do posto de abastecimento, os demais alcançaram a

meta e puderam socorrer o novato com rapidez. O posto de reabastecimento era um lugar

conhecido apenas dos soldados mais experientes. Uma rocha apelidada de "O Grande Sofá",

por causa do seu inusitado formato, indicava a proximidade do local. Parando alinhado com a

rocha, era ainda preciso caminhar cerca de cento e cinquenta metros em mata fechada, sem

abrir passagem com facão para não denunciar o sítio estratégico. Guiando-se ainda pela rocha

e por algumas árvores características do lugar encontrariam a picada já aberta, bem

escondida, que terminaria num encerado camuflado por galhos. Debaixo do encerado, três

folhas de madeirite tapavam a entrada para o buraco escavado, onde eram acondicionados

dezenas de galões somando centenas de litros de gasolina, que era reposta periodicamente.

Depois de reabastecidas as máquinas e recuperado o soldado, os motoqueiros rasgavam pela

rodovia. Continuando nessa velocidade, venceriam a descida do sol.

A confiança dos motoqueiros desfez-se quando viram a moto do puxador parada em frente

a uma muralha de folhas verdes. Um obstáculo plantado no meio do caminho. Estavam a duas

horas de São Vítor e chegavam agora às quatro horas da tarde. Não precisava ser um expert

em matemática para concluir que a sorte não estava do lado daquele grupo naquela missão.

Mesmo sem aquela árvore, chegariam com a noite começando... agora, teriam que rezar para

chegar com vida.

Ao encostarem ao lado do líder, um após o outro, foram retirando seus capacetes. Não

havia outra palavra melhor para descrevê-los naquele instante do que decepcionados. A

camada verde era compacta, mostrando existir ali muito mais do que um par de árvores

frondosas cruzando a pista.

Marcel saltou da moto, tão desnorteado, que a mil e cem foi ao chão. O novato correu até

a muralha e começou a chutar os galhos mais próximos.

— Merda! Merda! Malditos filhos de umas putas!

— O Chorão vai começar de novo... — brincou Joel. Zacarias e Paraná não puderam

conter o riso. Ao menos para

isso serviu o desatino do novato.

— Cala a boca, novato! — berrou energicamente o líder. Todos olharam para Adriano,

espantados com o nervosismo. Marcel parou de atracar-se com os galhos e com os

inúteis

xingamentos.

Adriano repetiu o sinal de silêncio. Todos entenderam. Um barulho bem alto. Uma

máquina. Um zumbido de um pequeno motor. O ruído aumentou de volume como se outra

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2016 ⏰

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