Capítulo 2

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Acordei tarde com o corpo um pouco mole, fui tomar uma ducha, mas não adiantou muito.
"Cansaço da viagem, acostumar com o fuso horário novamente", revirei os olhos só de lembrar como é ruim.
Saí do banheiro de toalha e fui até meu guarda-roupa, vi aquele presente em cima da minha penteadeira. Fui até ela e peguei o embrulho, não falava de quem era.
Era um colar prata com pedras entalhadas nele e tinha um bilhete junto, era de Ben.
Karol, me desculpe não ter ido ao aeroporto te ver, mas minha namorada ia ficar muito chateada. Bom, escrevi essa carta para te pedir desculpas do jeito que eu te tratei esses últimos anos que esteve fora.
Aconteceram tantas coisas que você nem imagina. Eu não sabia se você ia voltar assim que terminasse a faculdade ou se ia continuar a morar por lá.
Te amei muito, Karol, e ainda te amo, mas gosto da garota que está comigo também. Por favor, sei que não estou com moral para lhe pedir nada agora, mas não fique chateada comigo porque ainda quero sua amizade.
Fique com esse colar para saber que você ainda é importante para mim.
Beijos, Karol.
De seu amigo, Ben.
"Idiota!". Meu consciente gritava para mim furioso.
Guardei esse presente com toda minha raiva e coloquei uma roupa, penteei meu cabelo molhado e desci as escadas com a caixinha na mão.
- Bom dia, filha. Vai sair? - Disse minha mãe.
- Vou ir mostrar para uma pessoa quem sou eu de verdade. - Respondi furiosa.
Passei quase correndo por ela em direção a porta.
Toquei a campanhia e Lia atendeu.
- Bom dia, Karol. Já está de volta.
Ela estava toda sorridente.
- Oi, Lia. Já sim. Benjamin está?
- Sim, está lá em cima. Entre.
Entrei e fui direto para o quarto dele. Praticamente invadi.
- Benjamin temos que conversar, agora. - Disse furiosa.
Ele está deitado na cama dele assistindo e está usando apenas uma bermuda, está com os cabelos desgrenhados e parece bem ralaxado.
"Nossa, ele ficou ainda mais forte". Seus bíceps estavam mais definidos e suas pernas também.
- Oi, Karol. Que bom ver você de novo - disse olhando para minha mão, estava com seu sorriso torto nos lábios. - Achou meu presente. Gostou?
"Gostei?". Fuzilei ele com os olhos.
- Vim aqui devolver essa sua gentileza. - Joguei a caixinha na cama ao lado dele.
Ele fechou o cenho para mim.
- Por que está fazendo isso?
- Não me olhe assim, Benjamin.
Ele levantou e ficou a pouco centímetros de mim.
- Assim como, Karol? - Ele estava se divertindo.
"Continua o mesmo de sempre".
Revirei os olhos. - Não pense que pode justificar tudo isso com um simples colar.
- Simples colar? Já abriu essa caixa, Karolayne?
Olhei incrédula para ele. "Quem é você e o que fez com o meu Ben?".
Me virei de costas para ele e tentei segurar as lágrimas. Ele veio até mim e apoiou a mão em meu ombro.
- Não, Benjamin, tire as mãos de mim. - Gritei entre as lágrimas.
Me encostei no guarda-roupa dele e cruzei os braços. Olhei para ele através das lágrimas e vi que me olhava com as sobrancelhas juntas, estava preocupado.
- Ei, não fique assim, minha linda. O que eu tenho que fazer para você me entender? - Disse ele calmo.
- Eu não sou mais sua, não é mesmo!? Você não pode fazer nada para concertar o buraco no meu peito. - Minha voz ainda está alterada.
Ele olhou para as próprias mãos e soltou o ar com tanta força que achei que ele ia desmaiar.
- Karol, por favor, me escute...
- Não, escute você, Benjamin - interrompi. - Você disse que me amava, e que iria me esperar voltar de Paris. Você mentiu, Ben, e me fez acreditar todo esse tempo que estava aqui me esperando. Mas foi só eu me afastar que você já foi procurar outra. - Senti minha pele esquentar.
- Não foi bem assim - ele também estava alterado. - Você resolveu me deixar, Karol. Enquanto eu estava aqui, sonhando com a sua volta, você estava lá em Paris se divertindo na sua faculdade perfeita.
Fui até ele e olhei em seus olhos, mas ele não me encarava mais.
- O que foi que fizeram com você?! Você se tornou frio.
- Não sabia que ser eu mesmo era ser frio.
- Você não está sendo você mesmo, Benjamin... Quem é essa tal garota por quem está apaixonado?
Ele deu um passo para trás e vi que estava segurando o ar perto de mim, e então me encarou. Isso acabou comigo.
- Vanessa.
Senti o ar se esvaiando de meus pulmões. Arregalei os olhos para ele, que me ofereceu apoio, mas não queria que ele me tocasse.
- Agora tudo faz sentido. - Agarrei seus bíceps bem forte. - Nunca mais fale comigo.
Soltei ele e saí correndo do quarto. Ele veio atrás.
- Karol, espere! - Gritou ele por cima do meu ombro.
Desci as escadas correndo, infelizmente Catherine estava na sala e assim que me viu veio até mim.
- Karol, o que aconteceu, querida?
- Nada, Catherine. Estou bem, só quero sair daqui. Me desculpe.
Coloquei ela para o lado e continuei correndo.
- Karol! - Gritou Ben novamente.
Abri a porta e saí para rua, Benjamin correu até mim e conseguiu me pegar pelo braço.
- Me solte, Benjamin. - Gritei me virando de frente para ele.
- Me escuta, por favor.
- Você está me machucando. - Disse tentando livrar meu braço de seu aperto.
- Solte ela, Benjamin. - Avisou meu pai saindo da carpintaria.
Ele olhou para meu pai e depois para mim.
- Me solta, Ben. - Implorei para ele. - Se você tem alguma consideração a mim, me solte.
Ele fez uma careta de dor, mas me soltou.
- Venha, Benjamin. Deixe ela pensar. - Disse Catherine.
Antes de ir me virei para ela e disse:
- Desculpe, Catherine. Me desculpe mesmo.
- Não se preocupe, Karol. Está tudo bem. Bem-vinda de volta. - Ela deu um sorriso simpático.
- Não se preocupe, não vou estar aqui por muito tempo. - Disse.
Antes de ir para minha casa olhei bem para Benjamin, ele parecia se sentir culpado, e era mesmo.
Me virei e fui em direção a minha casa, minha mãe falou alguma coisa que não entendi, fui em direção ao meu quarto.

O tempo passou tão rápido que eu nem percebi. Na parte da tarde minha mãe foi até o meu quarto. Bateu na porta e entrou.
- Karol, filha, quer conversar?
Enxuguei as lágrimas e sentei na cama, dando uma beira para ela.
- Senta aí. - Dei um sorrisinho.
- Você sabe que nunca fico convencida com esses seus sorrisinhos falsos, querida.
Abaixei o olhar. - Eu sei, mãe.
Ela apoiou uma mão em cima da minha coxa e a outra ergueu meu queixo.
- Querida, não fique assim. Você é uma mulher encantadora em todos os sentidos, eu sabia que Ben estava namorando só não disse nada para você não ficar chateada. Deixei ele mesmo se explicar, é um direito dele.
- Devia ter me contado sim, mãe. Você me conheçe e sabe que eu não gosto de ser a última a saber das coisas. - Tirei sua mão do meu rosto.
Ela fez que sim com a cabeça, como quem se desculpa.
Suspirei fundo. - Desculpe, mãe, não sei o que está acontecendo comigo. Deve ser stress pós-viagem.
Ela riu e conseguiu tirar o meu primeiro sorriso verdadeiro do rosto.
- Esse sim é o seu sorriso verdadeiro - disse ela acariciando meu rosto. - Lindo e sincero. Você não precisa forçá-lo por ninguém porque ele apareçe espontâneo, minha princesa.
Dei um sorriso mais largo e lhe dei um abraço.
- Senti sua falta, mamãe.
- Quanto tempo você não me chama assim.
Foi ela quem chorou agora, apertou mais o abraço.
- Eu também senti, filha, muita.
Soltei ela e beijei suas mãos. Ela enxugou minhas lágrimas com o polegar.
- Tenho uma ideia para você melhorar.
- Qual é?
- Lute.
Arqueei uma sobrancelha. - O que?
- Isso mesmo que você ouviu - ela sorriu. - Mas me conte uma coisa.
- O que?
- O que você quis dizer quando disse a Catherine que não estaria aqui por muito tempo. Vai voltar para Paris?
"Ai droga". Mordi o lábio.
- Estou pensando em comprar um apartamento, mãe.
Ela se levantou e apertou meus ombros.
- Não, não quero você longe de mim, filha.
Odiava quando ela fazia isso, ela fez a mesma coisa antes de deixar eu ir para Paris, chantagem emocional.
- Mãe, isso não tem nada a ver com você. Já tenho vinte e dois anos, tenho que ter minha independência.
- Eu sei que você não quer fazer isso por esse motivo, Karol.
Tive que rir. - Sim, mãe, não é só por isso. Não estou a fim de ver Ben e Vanessa juntos na porta da minha casa.
Ela me levantou e me abraçou.
- Tudo bem, entendo você. Mas pensa um pouquinho mais, Karol.
- Já pensei, amanhã mesmo vou ir procurar um apartamento no centro de Manhattan.
- Tudo bem, a vida é sua você que sabe o melhor para você. - Disse ela sorrindo.
Dei um beijo nela. - Obrigada, mãe.
Descemos e enquanto ela foi conversar com o meu pai eu fui treinar um pouco.
A piscina estava cheia, sinal que estavam usando, tinha roupas no varal e o jardim estava bem cuidado, estava tudo normal.
Coloquei minhas luvas e começei a treinar socos,depois chutes. Minha mente ficava projetando slides de Ben treinando comigo antes do campeonato. Isso me deixou com raiva.
"Para de pensar nesse idiota, Karol". Dei um chute tão forte no saco de pancadas que ele não queria ficar parado mais.
E foi assim que passei o resto da tarde, treinando.
Na hora do jantar não quis comer na mesa, afinal, meu pai viu Ben segurando meu braço hoje mais cedo.
Fui para cama cedo, mas o sono demorou para chegar e fez as mais tristes lembranças me assombrarem.

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