Capítulo 17

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Toquei a campanhia e Lia atendeu.
- Boa noite, Karol. Posso ajudar?
- A Catherine está? - Disse segurando o choro.
- Está sim, entre.
- Obrigada.
Me sentei no sofá e enterrei a cabeça nas mãos.
- Karol. - Catherine me chamou, descendo as escadas.
Me levantei do sofá e fui até ela e a abraçei, chorando.
- O que aconteceu, flor?
- Eu e minha mãe brigamos, Catherine. - Disse no meio do choro.
Ela beijou meus cabelos e me abraçou apertado.
- Venha, vamos para o quarto de hóspedes.
Ela me guiou até o quarto e eu me sentei na cama.
- Ela não compreendeu o que eu quis dizer para ela, essa briga foi pior que a outra que tivemos.
Catherine se ajoelhou na minha frente e ergueu minha cabeça, ela arregalou os olhos quando viu meu rosto.
- Ela bateu em você, Karol?
- Ela me deu um tapa.
Ela contraiu os lábios e me abraçou.
- Quer desabafar?
Funguei e me deitei em seu colo.
- Eu sinto que meus pais dão mais atenção para a Yasmin do que a mim, tudo bem que ela ainda é adolescente e eu sou adulta, mas eu também preciso da atenção deles - enxuguei meu rosto. - Eles esqueceram que tinham marcado um compromisso comigo hoje, eles foram para um festival no colégio da Yas e me deixaram esperando no meu apartamento, se não fosse o Edward e o Benjamin eu estaria ainda pior.
Catherine ouvia com atenção enquanto acariciava meus cabelos.
- Minha linda, seus pais amam vocês duas, são de jeitos diferentes? Claro que sim. Mas amam vocês duas, não precisa se sentir assim. Eles fizeram errado de dar essa furada com você, mas até os pais erram de vez em quando.
- Sim, esse não foi o pior. - Disse.
- E qual foi?
- Eu queria conversar com ela, mas a gente acabou brigando e ela perdeu a paciência e me deu um tapa.

Catherine ouviu tudo o que eu tinha para dizer, depois ela me contou algumas histórias que já tinham acontecido com ela e com o tempo peguei no sono.
Acordei na manhã seguinte e fui tomar um banho para ir trabalhar, fui no espelho com uma toalha e meu rosto estava um pouco roxo.
Assim que terminei de passar a maquiagem ouvi uma batida na porta.
- Karol, posso entrar? - Perguntou Catherine.
- Já estou saindo.
Voltamos para o quarto juntas.
- Bom dia, como passou a noite?
- Bom dia, Catherine, foi mais ou menos. - Dei um meio sorriso.
Coloquei meu uniforme e deixei o cabelo solto para ajudar a base a esconder o ematoma.
- Venha, vamos tomar café. - Catherine me chamou.
Sentamos a mesa e me servi um pouco de suco de laranja.
- Vai trabalhar hoje ou eu atrapalhei sua rotina? - Perguntei a Catherine.
Ela sorriu para mim.
- Imagina, eu acordo essas horas para praticar um pouco de exercício. Ben e eu temos isso em comum, a gente acorda cedo para correr ou praticar algum exercício.
Pigarreei e beberiquei meu suco.
- Posso te pedir mais uma coisinha, Catherine?
- Claro, flor.
Me remexi desconfortavelmente na cadeira.
- Leva a minha mochila na minha casa hoje, ainda estou decidindo se volto para casa ou se fico no meu apartamento.
Ela assentiu devagar.

***

O dia no trabalho passou rápido, por sorte ninguém reparou no meu rosto e adorei ficar sabendo que Madallence Clance gostou da sacola nova.
Peguei um táxi e fui para casa, mesmo não gostando muito da ideia. Assim que cheguei na minha casa dei de cara com a minha mãe sentada na poltrona.
- Karol, a gente pode conversar com calma?
Vi em seu olhar que ela estava arrasada por dentro. Suspirei fundo.
- Me diz você, mãe. Podemos?
Fechei a porta e me dirigi ao sofá. A gente ficou se encarando e por fim ela passou a mão pelos cabelos e disse:
- Filha, eu sei que não é a primeira vez que eu erro com você desse jeito e mais uma vez eu estou aqui pedindo desculpa por um gesto impulssivo meu. Estou aqui para ouvir o que você tem a me dizer.
Entrelaçei meus dedos e recostei no sofá.
- Eu só quero mais atenção dos meus pais, quando eu era criança você trabalhava tanto que quase não me dava atenção...
- Sim, mas era para o nosso próprio bem estar. - Interrompeu ela.
Fechei e abri os olhos e bufei.
- Deixa eu falar. Eu sei que você e o papai estavam com contas altas por minha causa, pela nossa mudança, mas eu acho que você teria mais tempo para mim se pelo menos no fim de semana você ficasse em casa.
- Onde está querendo chegar, filha?
- Você já perdeu algum festival da Yasmin?! Já disse para ela que não precisava do seu insentivo porque "você é boa no que faz"?!
Ela abaixou a cabeça e começou a chorar.
- Me desculpa, filha - ela veio até mim e se ajoelhou. - Eu estou te pedindo perdão, eu prometo que vou prestar mais atenção nos meus atos. Quanto ao passado eu só posso pedir que me perdoe.
Deixei que as lágrimas rolassem, levantei minha mãe do chão e a abraçei.
- Tudo bem, mãe. Eu também peço desculpas por eu ter agido dessa maneira tão infantil.
Ela fungou e me abraçou mais forte. Ficamos ali por um tempo.
- Eu prometo que no fim de semana nós vamos comprar tudo o que falta para o seu apartamento, filha.
Revirei os olhos, mas dei um sorriso.
- Tudo bem, mãe. Agora eu preciso dormir, amanhã acordo cedo para ir trabalhar.
- Ainda não, vou chamar Yasmin aqui para gente resolver esse assunto.
Minha mãe subiu e eu fiquei esperando na sala. As duas desceram logo em seguida.
- Meninas, eu quero que vocês peçam desculpas uma a outra.
Me virei de frente para minha irmã e esperei ela começar.
Ela arqueou uma sobrancelha para mim.
- Eu não sei porque eu tenho que pedir desculpas, Karol. Foi você quem me decepcionou.
- Eu sei que fiz isso, mas você também. - Disse mantendo a calma.
- Tudo bem... Me desculpe se alguma vez eu já te decepcionei.
Apertei a mão dela e a puxei para um abraço.
- Me desculpe também, por ter sido mais infantil do que você.
- Agora sim podemos dormir, meninas. - Disse minha mãe colocando a mão em nossos ombros.
Ela acompanhou Yasmin até o quarto dela e depois me acompanhou ao meu quarto.

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