Capítulo 8

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Senti uma corrente de ar vindo na minha perna, me encolhi um pouco mais e senti braços envolvendo minha cintura.
Abri os olhos e levei um susto quando vi que Ben estava dormindo junto comigo. Tentei me afastar dele e acabei caindo no chão.
- Ai, merda. - Arquejei.
Apertei meu pescoço e não senti dor alguma.
- Karol, você está bem? - Disse Ben segurando o riso.
Tirei a mão do meu pescoço e dei um soco de leve no ombro dele.
- Babaca. Por que me deixou dormir aí em?
Ele apoiou a cabeça no braço e ficou me encarando com os lindos olhos azuis.
- O que você está olhando, Ben?
- A mulher mais linda que já conheci.
Corei na mesma hora. Me levantei e fui direto para o banheiro.
"Até que eu não estou tão ruim assim". Dei um sorriso e prendi o cabelo para lavar o rosto.
- Como que eu vou pentear meu ca... - Começei a dizer quando saí do banheiro, mas ele não estava mais ali.
Fiz um coque frouxo com o cabelo mesmo e saí pelo corredor a procura de Ben.
Estava quase desistindo quando me encostei na parede do hospital e ouvi Ben falando alguma coisa. Dei uma espiada e vi que ele estava no telefone, de costa para mim.
Me escondi atrás da parede e tentei ouvir a conversa. Eu sei que é feio ficar ouvindo conversa dos outros, mas podia ser uma pista para saber o que meu sonho queria dizer.
- Vanessa, eu não vou deixar ela aqui sozinha.
Ouvi Ben dizer.
- Não interessa... Você não pode fazer isso, Vanessa, eu não te dou essa liberdade... Não manda eu ficar quieto... Quer saber, ela está tirando os sorrisos mais verdadeiros que alguém já tirou de mim nesses quatro anos.
Meus olhos marejaram, dei uma olhada nele de novo e acho que dessa vez ele viu. Voltei correndo para o quarto e fui para o banheiro.
Eu estava chorando, mas de alegria.
"Ele ainda gosta de mim". Lembrei que ele tinha dito ontem à noite que me amava ainda.
"Mas por que ele ainda está com a Vanessa?".
Tive um sobresalto com a batida na porta.
- Karol, meu anjo, eu sei que você ouviu minha conversa com a Vanessa. Abre a porta para eu poder te explicar. - Pediu Benjamin.
- Um minuto. - Pedi.
Lavei o rosto de novo e deixei meu cabelo preso no coque froxo mesmo.
Abri a porta e ele estava sentado no sofá. Ele esticou a mão para mim e eu me sentei ao seu lado.
- Acho que a gente acordou estranho hoje.
Eu ri. - É, acho que sim.
Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- O que ela queria? - Perguntei.
Ele deixou a mão cair em cima do meu colo e pegou minha mão.
- Queria saber onde eu estava, e se eu ia voltar hoje para casa. E como sempre, brigamos.
Mordi o lábio. - O que ela disse quando ficou sabendo que você estava aqui comigo?
Ele abaixou o olhar para a minha boca, parei de morder na mesma hora. Ele riu.
- Disse que não quer eu aqui sozinho com você.
- Ela não confia no taco dela?
Ele sorriu. - Eu também não confiaria. A concorrência é muito forte.
Ele apertou minha mão.
- Estava falando a verdade quando disse a ela que eu tiro o seu verdadeiro sorriso?
Ele juntou as sobrancelhas, mas eu as separei com o polegar.
- Sim ou não? - Insisti.
- Sim.
Hesitei um pouco, mas abaixei minha mão para o pescoço dele e o beijei. Ele também hesitou um pouco, mas devolveu o beijo. Ele me colocou em seu colo e colocou as mãos na minha cintura, deu impressão que ele estava lutando com ele mesmo para não me beijar, mas depois ele parou de resistir. Ele soltou meu cabelo com os dedos e deu uma puxadinha, enlaçei meus dedos no cabelo dele e dei um arranhãosinho em seu pescoço.
"Karolayne, não. Vanessa, lembra?!", disse meu consciente.
Me afastei de Ben, me sentando no sofá. Eu estava ofegante e ele também.
- Nossa, o que aconteceu aqui, Karol?! - Perguntou Ben.
Ele passou a mão nos cabelos e eu apoiei a testa no ombro dele.
- Desculpe, Ben. Eu sei que não devia ter feito isso, mas eu não resisti. Me des...
Ele ergueu minha cabeça e tapou minha boca com o polegar.
- Não termine essa frase. Se eu não quisesse por que eu continuaria?!
Ele deu meu sorriso torto preferido e eu não resisti e sorri de volta.
- Seu pescoço não está doendo mais?
- Não, acordei hoje e não estava doendo.
O médico entrou na sala e eu me afastei de Ben.
- Bom dia, Karol, Ben.
- Bom dia, Dr. Greg. - Disse.
Ben só balançou a cabeça.
- Como está se sentindo hoje, Karol? - Perguntou Greg.
- Muito bem, obrigada. Já posso ir para a minha casa? Perdi meu primeiro dia no trabalho.
Ele deu um sorriso simpático.
- Sinto muito, por esse ocorrido. Talvez você possa ir embora hoje mesmo, mas tenho que fazer um Raio X para ver como está seu pescoço.
- Tem certeza que é necessário? - Perguntou Benjamin.
Dei uma cutuvelada nele.
- Benjamin. - Repreendi.
- Tudo bem - disse Greg. - Sim, Benjamin, tenho certeza.
Dei um sorriso para Greg e olhei de cara fechada para Ben.
- Vocês já tomaram café da manhã? - Perguntou o médico.
- Não, acabamos de acordar. E que horas são? - Disse.
Greg olhou no relógio. - Oito horas.
"Nossa". - Nossa!
- Bom, vão tomar café e depois me encontrem na sala de Raio X, a segunda porta à direita do corredor.
- Sim, senhor. - Disse.
Ele sorriu e saiu da sala.
Fiquei olhando Greg se afastar e depois olhei para Ben, ele estava com a sobrancelha arqueada.
Eu ri. - O que foi dessa vez?
- O que foi isso?
- Isso o que? - Perguntei.
Ele revirou os olhos e eu mordi o lábio para segurar o riso. Me levantei e estendi a mão para ele.
- Vamos comer, estou morrendo de fome.
- Vá chamar o 'Dr Greg' para ir com você. - Disse Ben.
Fechei o cenho para ele.
- Cínico. Se não quer ir então não vá. - Disse e me encaminhei para a porta.
Ben se levantou num pulo e segurou no meu braço me virando para ele.
- Eu não disse que não quero ir, só não gosto do jeito desse doutorsinho com você.
Segurei o riso.
- Menos né, Ben. Você e eu não passamos de amigos, e olha lá.
Ele me deu um beijo surpresa, enlaçando minha cintura e segurando meu pescoço. Segurei em um de seus bíceps e acariciei seu rosto.

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