Capítulo 18

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3 meses depois

Nesses últimos três meses que se passaram minha vida estava bem estabilizada, morando no meu próprio apartamento, tinha conseguido tirar minha carteira de motorista, conseguindo me virar com o meu salário e Edward também estava morando junto comigo. Todo aquele rolo com a minha mãe já estava no passado e, eu acho, que Benjamin também estava.
Ben e eu não voltamos a nos beijar fazia um tempo, e isso me fazia bem, decidi que o tempo que ele me pedira já tinha se esgotado e que seguiria minha vida com ou sem ele.

Acordei num sábado chuvoso e decidi que iria visitar meus pais só amanhã.
Levantei da cama de camisola e fui fazer meu café da manhã, estava preparando meus ovos mexidos quando o interfone toca.
- Sim?!
- Sta. Pheipher, tem um rapaz aqui em baixo que deseja ver a senhorita. - Disse o porteiro, Iam.
- Que rapaz? - Perguntei apressada.
- O nome dele é Benjamin, disse que a senhorita o conhece.
"Que droga, Benjamin".
- Senhorita, posso deixar ele subir?
- Ãn... Claro, pode sim. Obrigada, Iam.
Fui até a cozinha e coloquei os ovos em um prato e me servi um pouco de suco de laranja. Ouvi a campainha tocar.
Assim que abri a porta dei de cara com um Benjamin todo encharcado, e com umas olheiras profundas.
- Ben, o que houve?
- Preciso de um ombro amigo. - Ele disse cabisbaixo.
Dei espaço para ele entrar e fomos até a cozinha.
- Vou buscar um roupão para você.
Fui até o meu quarto, peguei um roupão e levei para ele, que estava no mesmo lugar.
- Acordei você? - Perguntou ele encarando a mesa.
- Não... Me conte o que aconteceu. - Disse me sentando de frente para ele para tomar café.
Ele olhou nos meus olhos e vi que tinha muito para me contar, ele suspirou fundo e encarou a parede além de mim.
- Vanessa me enganou, Karol.
- O que ela fez?
- Ela... ela...
Coloquei o prato e o copo na pia e o guiei até o sofá.
- Calma ok, Ben. Vamos começar do começo, no que ela te enganou? - Perguntei séria.
- Ela jurou que se eu ficasse com ela e largasse você, ela não iria contar o segredo da minha família a ninguém.
- Como?! - Falei abismada.
Ele olhou para mim com um enorme pedido de desculpas no rosto.
- Isso mesmo, Karol, só fiquei com ela por chantagem. Eu jamais largaria você.
Desviei o olhar do dele e me afastei um pouco.
- Que segredo foi esse? - Saiu quase um sussurro.
Voltei a encará-lo e ele estava olhando um vazio, antes de fechar os olhos.
- Eu não sou realmente filho de Christopher, meu pai verdadeiro não queria uma responsabilidade de cuidar de uma criança então abandonou minha mãe assim que descobriu. - Ele estava segurando as lágrimas.
Meu queixo caiu com tal notícia, eu não sabia o que dizer. A sala estava um silêncio, a não ser pelo barulho da chuva lá fora, mas meus ouvidos provocavam um zunido ensurdecedor.
- Po... Por que você nunca me disse isso? - Gaguejei.
- Não queria que você tivesse uma ideia errada da minha mãe e nem de mim.
Me aproximei dele e peguei sua mão, apertando-a.
- Ben, eu jamais pensaria isso de vocês, Catherine é uma ótima pessoa assim como você e Christopher. Amo vocês como se fossem minha família.
Ele deitou a cabeça no meu colo deixando as lágrimas rolarem, e eu fiquei acariciando seu cabelo.
- Mas o que a Vanessa fez com esse seu segredo? - Perguntei quebrando o silêncio.
- Ela foi até o escritório onde eu e Christopher trabalhamos e fez um escândalo.
Agarrei o roupão que ele estava usando com força.
- Filha da mãe. - Disse tentando segurar a irritação na minha voz.
Ben apertou minha coxa com força e mais lágrimas escorreram de seus olhos.
- Ah, Karol, só tenho você para me dar esse apoio.
Dei um beijo em sua cabeça e depois em sua bochecha.
- Estou do seu lado, Ben, do lado da sua família. Pode contar comigo para qualquer coisa.
Ele levantou a cabeça do meu colo e pude ver que seus olhos, que eram azuis, agoram estavam opacos. Enxuguei suas lágrimas e dei um sorriso caloroso para ele e o abracei.
- Eu te amo, Karol.
Meu coração queria pular do peito. Me livrei de seu abraço e vi que ele estava sério, apoiei minha mão em seu peito, largo e forte.
- Vamos resolver uma coisa de cada vez, por favor. - Pedi.
Ele assentiu e me deu um sorriso, o primeiro sorriso do dia.
- Pode me receber assim sempre que eu vir aqui. - Disse ele me avaliando.
Só então fui perceber que estava de camisola ainda. Dei um soco de leve em seu ombro.
- Sua preocupação já deve ter passado, idiota. - Segurei o riso.
Ele soltou uma risada fraca e beijou minha mão.
- Obrigado por fazer eu me sentir melhor, fazer eu esquecer meus problemas por um breve tempo, me ajudou muito.
Dei um sorriso para ele, que retribuiu, e depois fui trocar de roupa e procurar um filme na TV.

Acordei no sofá com uma garrafa de cerveja na minha mão apoiada no chão. A TV ainda estava ligada, meu celular marcava 3:00 PM.
Olhei para o outro sofá e Ben também tinha dormido.
- Menos mau - gemi antes de levantar, fui até ele e o balancei de leve. - Ben, acorda.
Nada. Revirei os olhos.
- Ben. - Balancei mais forte.
Ele abriu os olhos e se espriguiçou. Ele parecia divino naquela situação, tive que me forçar a sentar no outro sofá e desviar o olhar.
- Algum problema? - Ele preguntou com a voz rouca de sono.
- Hum...?
Ele arqueou uma sobrancelha, achando graça.
- Ãn... nada, eu acho. - Dei um meio sorriso.
- Que horas são?
- 3:05 PM.
Ele deitou de novo e colocou o travesseiro no rosto, resmungando alguma coisa.
Abri as cortinas das janelas da sala e a chuva havia diminuido.
- Vamos comer alguma coisa? - Perguntou ele vindo até mim e apoiando o braço na minha cintura.
- O que quer comer?
- Qualquer coisa, estou faminto.
Dei uma risada e estava indo até a cozinha, mas Ben pegou minha mão e a puxou, fazendo meu corpo grudar no dele.
- Ben...
- Shh - ele pressionou um dedo nos meus lábios, deixando minhas pernas bambas... - Só deixe eu testar se meu sonho era falso.
Ia dizer mais uma coisa, mas ele pressionou seus lábios contra os meus, o mesmo sabor adoçicado com um toque de perdição. Ele enlaçou minha cintura com uma mão e com a outra deixou em meu cabelo, posicionei uma mão em seu abdômen e com a outra trouxe ele para mais perto de mim puxando seu pescoço. Ele me levou até a janela e segurou meu rosto nas mãos, me beijando mais intensamente. Percorri suas costas e seu peito com as mãos sentindo cada musculatura de seu corpo.
Ele se afastou um pouco e ambos estavam ofegantes.
- Acho que sonhos viram realidade. - Disse ele sorrindo.
Corei e abaixei o rosto. Ouvi a porta se abrindo.
- Karol, desculpa não avisar que ia passar a noite fora. - Disse Edward.
Prendi meu cabelo num coque frouxo e me afastei de Ben.
- Tudo bem, Du.
Ele sorriu para mim e largueou o sorriso quando Ben veio para o meu lado.
- Então, vocês...
- Não, claro que não. Ele veio pedir uma força. - Interrompi.
Os dois riram.
- Sei o tipo de força que ele veio procurar. - Provocou Edward.
Fuzilei ele com os olhos e joguei uma almofada nele.
- Cala boca, Edward. - Disse.
Ele foi para o quarto rindo e eu fui para a cozinha, lavar a louça que tinha ficado na pia.
- Tudo bem? - Perguntou Ben, se encostando no balcão da cozinha.
- Tudo bem, você está mais calmo?
- Acho que sim.
Fui até a sala e peguei a garrafa de cerveja do chão.
- Catherine já sabe desse rolo todo? - Me virei para ele e vi quando fechou o punho.
Enxuguei minha mão e me sentei ao lado dele e apertei sua mão.
- Ela está bem?
- Sim, na medida do possível, ela ficou muito chateada quando meu pai e eu chegamos em casa e contamos o que havia acontecido.
- Quando isso aconteceu? - Franzi a sobrancelha.
- Ontem. - Ele me encarou.
- Ben, posso te fazer uma pergunta?
- Sim.
Me levantei e fiquei apoiada nas costas do sofá.
- Vanessa já foi casada com alguém? - Mordi o lábio.
- Como?
Me virei para ele e vi que estava sério.
- Deixa para lá, não é nada.
Ele levantou e ficou parado na minha frente.
- Por que quer saber isso? - Ele separou meus lábios com o polegar.
- Nada, Benjamin.
Eu ia saindo, mas ele segurou meu braço e ficou me encarando, me deixando desconfortável.
- Karol, você andou investigando a vida da Vanessa?
O tom de voz dele fez o pelo da minha nuca arrepiar.
- Digamos que eu segui ela um dia e a encontrei com um rapaz, depois pesquisei sobre ele e vi que ele tinha sido casado com ela. - Sussurrei.
Ben apertou meu braço com um pouco a mais de força e juntou as sobrancelhas. Depois me soltou, me deu as costas e passou a mão nos cabelos.
- Droga, Karolayne. Eu disse que não queria você envolvida nessa história. Por que você nunca me ouve? - Ele gritou.
- Hey, eu só queria te ajudar e ninguém sabia disso a não ser eu. Então você fica calmo porque não tem motivo para tudo isso. - Gritei de volta.
Ele se virou para mim com muita raiva e ia dizer mais alguma coisa, mas Edward entrou e interrompeu.
- Que gritaria é essa? O que está acontecendo aqui? - Ele perguntou sério.
Olhei para ele e me apoiei no sofá.
- Está tudo bem, Edward. Pode voltar para o seu quarto. - Falei.
- Tem certeza?
Fui até ele e lhe dei um beijo no rosto.
- Tenho sim. Benjamin já está de saída. - Disse olhando para ele e inclinando a cabeça para a porta.
Du me deu um meio sorriso e voltou para o quarto. Fui até a porta e a abri.
- Vem, Benjamin, eu levo você em casa.
Ele saiu e eu fui logo atrás. Chamei o elevador e descemos.
- Boa tarde, Sta. Pheipher. - Disse Iam.
- Boa tarde. - Dei um sorriso a ele.
Ben e eu fomos caminhando silenciosamente pela rua, a chuva estava serena e até estável.
- Karol? - Chamou Ben quando viramos o quarteirão de seu apartamento.
- O que é? - Disse olhando para a rua.
Ele suspirou e não disse nada.
- Está entregue em segurança, cuide da sua mãe. Sinto muito pelo ocorrido e qualquer coisa sabe onde me encontrar. - Disse olhando em seus olhos.
Ele assentiu com a cabeça e eu me virei para ir embora.

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