Capítulo 14

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Acordei nove horas no sábado e fui correr, estava uma ótima manhã para correr.
Assim que voltei fui tomar um banho e desci para tomar café.
- Bom dia, querida. - Disse minha mãe.
- Bom dia, mãe. - Dei um beijo nela.
- Pronta?
- Para que?
Ela se serviu um pouco de café e me dirigiu um sorriso.
- Seus móveis ficaram prontos.
- Mentira?! Jura, mãe?
Ela riu. - Sim, Karol. Seu pai conseguiu terminar antes de quarta.
Dei um beijo na mão dela.
- Ele não devia ter se exigido tanto assim.
- Você conhece seu pai. - Disse ela revirando os olhos.
- Vocês sempre falando de mim, não é mesmo?! - Disse meu pai entrando na cozinha.
Levantei da mesa e fui até ele.
- Obrigada, pai, muito obrigada. - Dei um abraço nele.
- Imagina, filha, foi um prazer fazer os móveis da sua nova casa... Mesmo sabendo que você vai abandonar sua família. - Ele se virou para geladeira e pegou seu suco.
- Ah pai, não é nada disso - dei um beijo nele. - Só quero ter as minhas coisas, meu cantinho, minha vida. Você me entende, não é?!
Ele se virou para mim, me dirigiu um sorriso e me guiou de volta a sala de jantar.
- Kate, quer ir com a gente?
- Claro que ela quer, pai. Preciso da opinião dela também. - Disse me virando para ela.
Ela encarou meu pai por um breve momento.
- Filha, agora não posso ir. Tenho uma sessão em meia hora e já estou atrasada, queria ver você antes de ir. Me desculpa, querida.
Ela veio me dar um beijo, mas dei um passo para trás e lhe dirigi um sorriso.
- Tudo bem, mãe. Eu e o papai começamos a arrumar as coisas hoje e amanhã vamos todos juntos para lá.
Ela fez uma careta e meu pai apertou meus ombros.
- Vamos, filha, sua mãe tem que ir também. - Disse meu pai.
- Claro, só vou colocar um short.
Subi para o meu quarto e coloquei um short de malha e uma blusa regata.

Passamos em frente do prédio do Ben, só ficava a dois quarteirões do meu.
Subimos até o meu apartamento e abrimos a minha nova casa antes de começar a trazer os móveis.
- Pai, vamos trazer os móveis mais leves primeiro. - Disse esperando o elevador.
- Claro.
Avisei o porteiro que meu pai e eu íamos levar alguns móveis para o meu apê e ele liberou o elevador.
Levamos dois criados mudos, a mesa de centro, as poltronas, a mesa, as cadeiras e os armários da cozinha e depois fomos levando os mais pesados, o guarda-roupa dos dois quartos de hóspedes, o sofá de L e as estantes.
- Pronto pai, acabamos. - Disse me sentando, exausta, no sofá.
Ele sorriu. - Ainda não, tem alguns vasos e quadros que sua mãe e eu compramos para você.
Lhe ofereci minha mão e ele me puxou.
- Vamos lá então.
Trouxemos o que faltava e nos sentamos no sofá, me deitei no colo dele e ele começou a acariciar meu cabelo.
- Eu vi que você ficou chateada com a sua mãe. Você está bem, Karol? - Perguntou meu pai.
Suspirei fundo.
- Estou bem sim, pai. E não fiquei chateada com ela, já estou acostumada com isso.
Ele parou de mexer no meu cabelo e eu me virei.
- Pai, é sério, está tudo bem comigo. - Fingi um sorriso "sincero".
Ele sabia que o sorriso não era verdadeiro, mas ele riu e me encheu de beijo.
- Agora vamos comer alguma coisa? Tô cheia de fome. - Disse.
Levantei num pulo e estendi a mão para o meu pai.
- Claro. Mas vamos aqui pertinho porque temos que arrumar pelo menos esses móveis que eu fiz.
- Sim, senhor. - Fiz uma reverência.

***

Assim que voltamos para o meu apartamento começamos a arrumar os móveis do meu quarto primeiro, já que não era muita coisa hoje.
- Filha, você vai morar sozinha aqui?
Terminei de tirar o pó da estante onde ficariam os meus livros.
- Sim, pai. Por que?
- Porque o Edward está precisando de um lugar para morar, por um tempo.
Fui até o meu closet ajudar meu pai a terminar de tirar o pó.
- Jura? Ele não me disse nada.
- Os pais dele morreram logo depois que você viajou, Karol.
Parei de tirar o pó e olhei para o meu pai. Meus olhos se encheram d'água.
"Meu amigo de infância precisando de mim e eu não pude ajudar".
- Estou me sentindo culpada por não estar aqui com ele quando ele mais precisou de mim, pai.
Ele me abraçou forte, como sempre fazia quando eu ficava com medo quando eu era criança.
- Karol, não disse isso para você se sentir culpada, mas sim para você ajudar ele. Não se sinta assim agora você pode ajudar ele.
- Tem razão, pai. Vou falar com ele ainda hoje.
Ele sorriu para mim e me deu um beijo na testa.
- Essa é a minha garota.
Terminamos de limpar o closet e limpamos meus dois criados mudos.
- Amanhã terminamos? - Perguntou meu pai.
- Sim. Você pode me deixar na casa do Edward, pai?
- Claro, vamos lá.

Toquei a campainha e ele mesmo atendeu, estava usando apenas uma bermuda jeans e estava com o cabelo todo bagunçado, de um jeito sexy.
- Oi, Du.
- Oi, Karol. Entra. - Ele me dirigiu um sorriso.
- Obrigada.
Entrei e ele me guiou até o sofá, a casa continuava a mesma de quando nós éramos crianças.
- A que devo a graça de sua visita?
- Meu pai me disse o que aconteceu com seus pais. Edward, me desculpa não estar aqui do seu lado quando você precisou de mim. - Peguei a mão dele e a apertei.
Ele encostou a cabeça no sofá e deu um sorriso fraco.
- Karol, a culpa não é sua não tenho o que te perdoar - ele acaricou meu rosto. - Você é uma amiga maravilhosa.
- Por que você não me disse nada quando a gente foi dar uma volta aquele dia no shopping?
- Porque aquele dia eu queria falar de coisas boas com você, matar a saudade e nada mais.
Mordi o lábio e passei a mão pelos cabelos.
- Meu pai disse também que você estava precisando de ajuda com moradia, mas você ainda tem a casa de vocês.
Deu para perceber que ele estava segurando o choro.
- Não por muito tempo.
- Como assim? - Juntei as sobrancelhas.
- A casa vai ser leiloada essa semana.
- Edward...
Não sabia o que fazer, apenas cheguei mais perto dele e o abracei forte. Ele deixou que as lágrimas corressem e eu fiz o mesmo.
- Eu não sei o que eu vou fazer agora, Karol.
- Mas eu sei o que eu vou fazer, Edward - disse chorosa. - Você vai vim morar comigo no meu novo apartamento. E eu não vou aceitar um "não".
Ele saiu do meu abraço e olhou no fundo dos meus olhos.
- Não quero que você faça isso por pena de mim e depois se arrependa, Karol.
Ele enxugou minhas lágrimas e eu lhe dirigi um sorriso sincero.
- Você me conhece e sabe que eu não tenho pena de ninguém, somos amigos e praticamente irmãos isso não é nada perto do que você já me ajudou.
Ele soltou um riso fraco. Ele acariciou meu rosto e apertou minha mão.
- Muito obrigado, Karol, eu não tenho palavras para descrever o quanto você está me ajudando. Você, Benjamin e o Gustavo estão me ajudando muito.
- Eles sabiam e nem me falaram nada. Que traíras.
- Foi eu quem pediu para eles não contarem nada, desculpe.
Soltei uma risadinha.
- Relaxa, tá tudo bem. Mas como meu pai sabia disso tudo? Vocês conversaram?
Ele ficou sem graça.
- A gente conversou bastante, ele me deu vários conselhos e me ajudou a fazer as coisas certas.
- Ele tem esse dom - dei um sorriso bobo. - Mas não vai achando que você vai ficar lá de graça não, hein! Vai me ajudar nas despejas e na arrumação da casa. - Bati meu ombro no dele.
- Claro que sim... Muito obrigado, Karol, obrigado por essa ajuda que você está me dando.
Me levantei do sofá e ele fez o mesmo, dei um abraço apertado nele.
- Não precisa agradecer nada, Du. Agora eu tenho que ir para minha casa, amanhã eu vou comprar as coisas que falta ainda.
- Certinho. Quando você for se mudar me avisa e eu já começo a empacotar minhas coisas.
- Acho que no próximo fim de semana eu já estou levando o resto dos móveis. Pode começar arrumar suas coisas.
Ele me dirigiu um sorriso largo e beijou minha mão.
- Pode deixar comigo.
Ele me acompanhou até a porta e eu dei um beijo na bochecha dele.
- E se precisar de alguma coisa não exite em me falar.
- Claro. Boa noite, Karol.
- Boa noite, Du.
Meu pai estava me esperando no carro, estava no fim de tarde e o céu estava lindo. Fomos para casa.

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