Arabella

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Arabella's got a '70s head
But she's a modern lover
It's an exploration she's made of outer space
And her lips are like the galaxy's edge
And her kiss the color of a constellation falling into place
My days end best when the sunset
Gets itself behind
That little lady sitting on the passenger side It's much less picturesque without her catching the light
The horizon tries but it's just not as kind on the eyes

- Genebra? - Luccas ergue as sobrancelhas. - Parece um nome estrangeiro. De onde você é?
-Daqui. - respondo seca.
- E seus pais são de onde?
- Daqui. - rio fraco.
- Ah, ok. Enfim, bonito nome.
Saio de cima do balcão e volto para a geladeira, abro-a a procura de alguma bebida alcóolica mais forte mas apenas encontro algumas latas de cerveja e uma garrafa de cachaça, odeio cachaça. Que pessoa idiota coloca cachaça na geladeira?
- Alguém trouxe algo pra beber além do que tem aqui? - pergunto.
Uma das garotas que estavam em cima da bancada com as pernas entrelaçadas na cintura de um moço balança a cabeça negativamente e diz:
- Quase ninguém bebe nada além de cerveja aqui.
Bufo e vou para a sala, me deparo com a imagem horrível de Patrick deitado no sofá em cima do jovem que dançou com ele á alguns minutos atrás e dando leves beijos pelo seu peito nu.
- Vou no bar. - aviso a ele. - Volto daqui a meia hora.
Pat apenas balança a mão no ar como se estivesse espantando alguma coisa e volta a beijar o seu "conhecido". Caminho até a porta e ouço alguém me chamar:
- Alice! Onde vai? - era o Rapha.
- Comprar algo decente para beber. - ele me olha confuso e eu reviro os olhos. - Pro bar.
- Estava indo pra lá também, aqui quase ninguém bebe vodka. - diz e ri fraco.
Sorrio e abro a porta, paro ao lado da saída gesticulando para que ele saísse antes de mim. Raphael entende o gesto e sai da residência, me retiro logo depois fechando a porta atrás de mim.
- Então bar mesmo? Não prefere o mercado? - ele estende o braço para entrelaça-lo no meu e faço exatamente isso.
- Bar.
Ele assente e atravessa o jardim com o ombro colado no meu, percebo que ele está com um meio sorriso no rosto, provavelmente por que nunca falei com ele direito e agora já estamos praticamente abraçados. Os homens de hoje são mais iludidos do que os do século passado, mereço.
Sou guiada por ele até o bar e paramos em frente a um muro de concreto ao lado do alojamento, Raphael repentinamente me empurra pro concreto e aproxima sua boca do meu ouvido:
- Sempre quis te dizer isso...
- Não faça algo que vá se arrepender depois. -interrompo-o.
- Alice você é muito linda.
- Obrigada.
- Inteligente...
- Isso é novo. - rio já sabendo que ponto aquela conversa iria levar.
- Fantásticamente misteriosa. - ele beija meu pescoço, meus pelos da nuca se arrepiam e eu solto um suspiro.
- Primeira vez que dizem isso.
- E eu estou perdidamente apaixonado por você.
Ah não. Todo o tesão que eu estava sentindo naquele momento foi embora, isso não pode estar acontecendo, comigo não Deus, comigo não.
- Muitos estão. - falo seca e tento me afastar.
- Não tanto quanto eu. - ele me prende com o seu braço esquerdo e passa a mão direita pela lateral do meu rosto.
- Você sabe no que eu trabalho? - mudo de assunto.
- Sei.
- Sabe mesmo ou so ouve mentiras sobre mim? - levanto uma sobrancelha.
- Você é uma puta de rua.
Filho da puta. Com aquela frase eu empurro Raphael pra longe e o encaro.
- Eu sou o quê?
- Uma prostituta. - ele tenta corrigir o que disse.
- Isso muito bem. - cruzo os braços. - E sabe quanto é pra foder com uma "puta de rua" ?
- Mas eu não quero apenas te foder. Quero beijá-la, abraça-la, andar de mãos dadas com você, seja minha Alice.
- Putas de rua não beijam, não, pelo menos essa - aponto pro meu peito. - não beija. E muito menos serei sua.
- Mas eu te amo! - ele estica os braços até mim.
Dou um tapa em uma das suas mãos e falo secamente:
- Putas de rua não amam. Adeus Raphael.
Me direciono devolta para a casa dele para buscar as minhas coisas e ouço ele bufar de raiva atrás de mim. Atravesso a rua e vejo que ele está me seguindo do outro lado da calçada, tento ignora-lo mas ele começa a gritar:
- Me desculpa Alice! Não quis dizer o que você pensou quando eu disse puta de rua!
Paro e semi-cerro meus olhos, me viro para ver Raphael melhor e cruzo os braços.
- E o que foi que eu pensei? - grito.
- Que eu sou um baita idiota ignorante por te chamar de puta.
Acertou, mas como feriu os sentimentos que eu não tenho, vou fingir que errou. Volto a andar e ele grita de novo:
- Ah qual é! O que um homem precisa fazer para chamar a atenção de sua amada?
- Parar de segui-la e superar o fora que levou. - rio fraco e continuo a minha caminhada.
Raphael percebe que eu não voltaria a falar com ele depois disso e acaba desistindo de me seguir, vejo-o entrando no bar e viro o rosto para ele não perceber que o estou observando.
Puta de rua. Ele me chamou de puta de rua, pior coisa que se pode fazer a uma prostituta é chama-la de puta ou vadia. Não somos pagas o suficiente para sermos rebaixadas pro nada e nem sermos tratadas como lixo.
A raiva me consome por inteiro quando chego na casa dele e acabo abrindo a porta com tanta força que ouço algo quebrar.
- CARALHO ALICE. - Pat grita correndo em direção ao jarro quebrado no chão. - DEIXA DE SER ESTABANADA.
- Pelo menos isso eu quebrei. - falo com raiva.
- O que houve? - ele se aproxima de mim. - Onde ta ao Raphael?
- Na puta que o pariu.
- O que ele fez?
- Me chamou de puta de rua. - bufo.
A boca do Pat forma um O e ele leva as duas mãos até ela para esconder o espanto.
- Ele te chamou de que?!
- Puta de rua. - sinto nojo só de falar.
-Filho duma puta desgraçada cachorra arregaçada paneleira. - ele abre a porta e sai da casa. Pat sabe muito bem usar palavras de ofensa, penso irônica.
- Pat, para com isso. - seguro o seu braço impedindo que ele saisse.
- Cara ele te chamou de puta. E todos sabem que é a pior coisa uma prostituta ser chamada de puta.
- Eu sei. - dou de ombros.
- E o que você vai fazer? - ele levanta uma sobrancelha.
- Só me leva pra casa. Não aguento mais ficar nesse lixo.

Diário de AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora