Bad Habit

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You got to touch your eyes and crush your tears
You gotta let go, come with me
Looking for a stranger
Looking for a stranger to love
You say you want it, but
You can't get it in
You got yourself a bad habit for it

Acordo num salto, olho à minha volta estranhando o lugar e quase tenho um surto. Ouço mais uma respiração além da minha, prendo um grito ao me virar e ver um homem deitado ao meu lado apenas de cueca. Levanto da cama e vou para o canto mais afastado do ser adormecido, sento no chão e me forço a lembrar de algo que aconteceu na noite passada.
"Eu te desafio a passar a noite aqui em casa."
William, esse era o nome dele. Pelo menos isso eu sei. E também sei que nós não transamos, graças a Deus. Mas ele até que é gostosinho, na verdade suas costas por que ainda não consegui ver o resto. Sinto uma pontada aguda na minha cabeça, ah ressaca, agora não. Meu estômago começa a se remexer e eu fico em pé, me apoiando nas paredes vou até a porta. Quando chego no corredor, reconheço o lugar e me lembro de como cheguei aqui. Algo sobe pela minha garganta antes de chegar no banheiro, tampo a boca com uma mão e com a outra abro a porta do cômodo. É tão branco e limpo que meus olhos se irritam e sou forçada a fecha-los. Me jogo em direção a privada e vomito praticamente meu estômago inteiro para fora.
Dou a descarga e passo as costas da mão na minha boca, quando chego na pia me olho no espelho e vejo um batom completamente borrado. Ligo a torneira e deixo a água cristalina limpar as minhas mãos, depois molho minha boca e faço um gargarejo tirando qualquer resto de gorfo da minha garganta. Cuspo e limpo meu rosto em seguida.
Seco meu rosto numa toalha amarela, acabo deixando uma marca de batom e rímel no tecido, mas foda-se. Caminho de volta para o quarto para buscar as minhas coisas. Agora ele está virado para cima e sua boca está levemente aberta. Nossa, eu realmente devia ter transado com ele. Um fogo se acende do meu umbigo pra baixo e respiro fundo para me acalmar, pego a minha bolsa, meu salto e minha jaqueta.
Antes de sair, vou até a cozinha e tiro a minha garrafa vazia de vodka de dentro da bolsa, pego uma caneta preta permanente e escrevo no fundo dela o meu número celular, finalizando com a minha famosa assinatura "Alice vulgo Genebra". Repouso a garrafa no balcão e caminho até a varanda, sento na cadeira e pego um cigarro. Acendo-o com fósforo e me perco em algumas lembranças.
Passo alguns minutos sentada, terminando de fumar e de ver o sol atingir o topo das nuvens. Jogo a guimba fora e saio da cozinha. Quando chego na sala procuro por uma última vez a foto que eu tentava encontrar ontem à noite, reconheço uma moldura antiga dentro de uma gaveta semi-aberta. Ando até ela e pego o porta-retrato, a foto tinha três amigos, Gabriel ao lado de Eduardo que estava abraçado com uma garota magra usando um moletom grande de universidade, eu. Rio fraco e guardo o retrato dentro da minha bolsa, claro que ele não vai sentir falta disso.
Abro a porta da saída e depois fecho-a ao passar por ela. Aperto meu passo para chegar nas escadas, desço um andar apenas e chego na portaria. Dou bom dia ao porteiro e no próximo minuto me encontro dentro de um táxi rumo ao meu apartamento.

[...]

Chego em casa e sinto aquele cheiro acolhedor que convivo todo dia. Ouço Gareth miar e corro ao seu socorro, ele estava rolando ao lado do pote de comida vazio, pego um Whiskas sachê e jogo o recipiente. No mesmo instante Gareth começa a lamber a comida, me afasto da cena e vou até o banheiro.
Tiro os meus saltos sentindo um grande alívio, jogo minha bolsa num canto para depois eu pegar e me dispo. Ligo o chuveiro e sinto a água gelada atingir a minha pele, meus músculos se contraem e solto um suspiro. Com o tempo a temperatura vai esquentando e eu vou me limpando. Lavo meu cabelo e retiro todas as impurezas do meu corpo. Termino o banho e saio do box, me envolvo com uma toalha e pego as minhas coisas.
Entro no quarto e vejo as minhas sacolas de compra em cima da cama. Retiro todas as roupas de dentro delas e penduro-as dentro do armário, visto uma calcinha nova da Victoria's Secrets e deito na cama. Olho para o teto por alguns minutos e me lembro que hoje eu preciso trabalhar. Que droga.
Pego o celular e ligo para Patrick, a primeira vez cai na caixa postal, e a segunda também, então decidi apenas deixar uma mensagem:
"Vou trabalhar hoje, amanhã a gente se vê."
Largo o telemóvel do lado do meu rosto e fecho os olhos, a imagem de um sorriso aparece no escuro e sinto uma pontada no coração. Passo a mão pelos meus fios de cabelo e bufo, olho para o meu armário com as portas abertas e procuro o meu uniforme para hoje a noite. Vejo um vestido colado, com estampa preta e branca listrada e de alcinhas. Perfeito.
Pego o vestido junto com o cabide e mais um par de salto agulha vermelho recém-comprado. Ponho em cima da cama e vou para a sala. O silêncio ecoa os meus passos pelas paredes e me encontro na cozinha, pegando a minha caixa de "prontos-socorros". Me sento no sofá da sala e ponho a caixa na mesinha de centro, abro a tampa deixando a mostra um pacote fechado com um pó branco, uma agulha com um líquido um pouco amarelado e um pote de balinhas de menta com alguns baseados dentro. Home, sweet home.
Puxo o lacre da cocaína com os meus dedos indicadores e deixo o pó cair sobre o vidro da mesa, pego a minha carteira de identidade e faço três fileiras brancas. Pego um canudo e posiciono-o na minha narina esquerda, coloco a outra extremidade na ponta de uma das fileiras e inspiro rapidamente. Fecho os olhos e inclino a cabeça para trás.
Quando termino todas as fileiras, guardo a caixa e limpo a mesa para Gareth não lamber os resquícios da droga. Sinto o efeito cair e volto para o meu quarto, tiro meu celular da cama e me sento numa cadeira no canto. Puxo as minhas pernas para perto do meus peitos e a tela do telefone brilha no meio do escuro.
Abro a agenda de compromissos e vejo que tenho cinco clientes hoje, novamente. Checo as horas, duas da tarde. Sorrio ao perceber que a droga está surtindo efeito e fecho meus olhos para aproveitar o momento. Ainda tenho quatro horas.
Inclino minha cabeça pra trás e apenas sinto todas as células do meu corpo morrerem e renascerem a cada vez que respiro. Percebo que o celular está vibrando na minha mão e puxo-o para perto dos meus olhos.
"C: Cancele todos os seus encontros hoje. Venha até aqui."
Ótimo. Sem grana hoje então. Sem discutir, mando uma mensagem para todos os meus clientes marcados para esta noite e remarco outros horários com eles. Me levanto da cadeira e me aproximo da cama, pego as minhas vestes e coloco-as dentro do armário. Pego uma calça preta e uma regata cinza, visto-as e pego o meu salto vermelho. Mando uma mensagem para o C, perguntando que horas deveria chegar lá e a resposta chega no mesmo minuto:
"C: o mais rápido possível."
Porra, boa coisa não é. Sinto os pêlos da minha nuca de arrepiarem e pego minha bolsa, calço os saltos e me dirijo para a porta de saída. Me despeço de Gareth e apago todas as luzes do apartamento, fecho a porta atrás de mim e desço as escadas pacientemente.

[...]

Chego no endereço recebido mais cedo e desço do táxi. Estou em frente a uma casa de festa com paredes brancas e luzes de cores chamativas apontando para o um letreiro escrito Tropicalia em letras garrafais acima da porta de entrada. Atravesso o local e entro na boate, está tudo muito silencioso devido ao horário, garotas entre 18 e 30 anos indo e vindo enquanto limpam o chão e posicionam cadeiras e mesas pelo salão. Olhares cortantes são direcionados a mim e apenas deixo um sorriso arrogante se espalhar pelos meus lábios. Subo as escadas e me deparo com uma porta de metal, giro a maçaneta e entro no escritório.
- Oi Chefe. - disse assim que entrei. - Queria me ver?

Oi gente foi mal não ter postado esse tempo todo, é que eu tava morrendo de preguiça e com um bloqueio criativo. Acho que vou criar mais uma história pra não ficar muito maçante de escrever sabe? Eai vocês estão gostando? Aceito sugestões de musicas pra colocar no inicio dos capítulos, então é só deixar nos comentários.
Bjundas, mamãe ama vocês.

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