You're a holy fool all coloured blue
Red feet upon the floor
You do such damage, how do you manage?
Tryna crawling back for more.
But I can't beat you
Cause I'm still with you
Oh mercy I implore
How do you do it
I think I'm through it
Then I'm back against the wall.
- Então vai me dizer ou não? - insisti esperando uma resposta dele. Deus eu não precisava disso hoje.
Ele entrou na loja e parou na minha frente, tentei me afastar mas ele me segurou no braço e disse:
- Eu queria dizer uma última coisa a você.
- Não tem mais nada que você possa dizer a ela Raphael, desiste. - Patrick entra no meio separando nós dois. Uau, Pat sendo másculo pela primeira vez na vida.
Cruzo meus braços em volta de mim mesma como se fosse um escudo, não quero me lembrar da noite de ontem.
- Alice, me escuta por favor.
- Ela não quer falar contigo.- Pat Másculo diz. - Sai daqui.
- Não antes da Alice me ouvir.
Eles começaram a discutir e eu não queria causar problema a dona do brechó então eu saí do meu transe e puxei Raphael para o vestiário.
- Ali! - Patrick me reprova.
Eu o ignoro e empurro o filho da puta na minha frente para dentro de uma cabine, entro na mesma e cruzo os braços, esperando. Raphael bufa e passa as mãos pelo cabelo.
- Eu sei que o que eu falei foi errado. - ele me olha diretamente nos olhos. - Sei que você tá puta da vida comigo também e que com certeza não quer falar mais comigo depois de ontem, mas por favor deixa eu me explicar.
- Continue. - reviro os olhos. - Não te trouxe aqui a toa.
- Eu tava estressado ontem, tenta entender, meu pai tá passando por uns tempos difíceis e eu preciso de um trabalho pra sustentar a minha mãe e a minha irmã. Ontem eu tava muito cansado.
- Então por que fez uma festa? - dou de ombros.
- Primeiro: não fui eu que fiz a festa, foi o Luccas. E segundo: eu nem tava participando dela, ainda mais por que te chamei pra ir num bar comigo. - ele gesticula com as mãos.
- Ah, Raphael. Não sei não cara. Essa história não ta colando. - saio da cabine e entro na que eu estava usando para trocar de roupa, deixando ele falar sozinho.
- Por favor me escuta! - ele invade a cabine e me pressiona contra a parede.
- Você tá me machucando. - sinto um cheiro forte de álcool invadir meu nariz. - Raphael, você bebeu?
- Sim, precisava de um pouco de coragem pra vir falar isso pra você. - ele coloca a mão na minha nuca e puxa minha cabeça para trás. - Eu te quero Alice, sempre quis.
Todos os músculos abaixo do meu umbigo se retesam e então ele me beija desesperadamente, não quero deixa-lo me possuir, mas minha necessidade fala mais alto.
Abro minha boca e deixo sua língua explorar cada canto dela, mas logo em seguida seis palavras ecoam na minha cabeça como se fossem uma maldição: "Você é uma puta de rua.".
Ao me lembrar disso empurro Raphael para longe e limpo minha boca com desgosto. Estalo um tapa no seu rosto e ele grunhe de dor.
- Essa foi a primeira e última vez que você faz isso. - e saio da cabine, levando minha bolsa e minhas roupas junto.
Patrick está sentado em um dos sofás da loja com a cabeça enterrada nas mãos. Quando me ouve sair do vestiário ele levanta imediatamente e anda em minha direção.
- Porque você fez isso? Por acaso é retardada? - ele soa irritado.
- Só queria ouvir o que ele tinha pra falar, parece que me arrependi. - dou de ombros.
Me viro para o balcão onde a gerente está sentada fazendo as unhas e vou até ela.
- Vou levar este vestido que estou usando. Quanto custa? - tento soar gentil mas acabo sendo séria.
- Custa R$69,90 senhorita.
Pego setenta reais exatos e entrego a ela.
- Você poderia me dar uma dessas sacolas para eu guardar minhas roupas? - pergunto.
- Claro. - ela me entrega uma e eu coloco minhas vestes, deixando apenas as botinas de fora.
Calço-as e volto ao lado de Patrick.
- Vamos? - e entrelaço meu braço no dele.
- Não. - ouço Raphael choramingar no fundo da loja. - Não me deixa assim, Alice.
- Você está fazendo isso a si mesmo. - e então saio da loja.
Rafael sai da loja também mas segue em direção a saída, Patrick me olha espantado e diz:
- Puta merda, Alice.(...)
Estamos na praça de alimentação, já passamos por mais de dez lojas e eu estou cheia de sacolas com mais de três peças de roupa cada. Um prato de yakisoba está na minha frente e um Patrick frustrado por não ter tido sucesso ao tentar me ensinar a comer com hashi.
- É tão feio comer yakisoba com garfo e faca. Você está traindo a cultura chinesa. - ele reclama enquanto come um Temaki de salmão.
- Melhor trair do que morrer de fome. - rio fraco antes de dar mais uma garfada naquele prato delicioso.
Terminamos nossas refeições em silêncio e então eu digo:
- Quer voltar lá pra casa?
- Não dá, hoje tem Verdades Secretas e eu quase que perdi o capítulo de ontem. - ele responde.
- Beleza. Amanhã a gente se vê então. - dou de ombros.
- E onde seria?
- Sei lá, no Lagoon?
- Ok. Mas tem que ser um filme muito bom pra eu gastar R$50 apenas com comida e ingresso.
- Claro que vai ser, você vai estar comigo esqueceu? - reviro os olhos.
- Nossa pior ainda. - ele se levanta e pega algumas das minhas sacolas.
- Pelo menos me ajuda a pôr isso tudo no táxi.
- É isso que estou fazendo. - Pat caminha em direção a escada rolante e eu o sigo com mais de 4 sacolas nas mãos.
Descemos e fomos até a saída, chamo um táxi e ele para exatamente na minha frente. Entro nele e Pat coloca todas as compras no banco ao meu lado, me despeço dele e fecho a porta do veículo.
Falo o endereço para onde o motorista deve ir e encosto meu rosto na janela vendo as luzes da cidade irem e virem.(...)
Entro no prédio e dou boa noite para o porteiro, ele retribui o gesto e paro em frente a escada.
Tenho mais de dez bolsas de lojas diferentes e cheias de roupas, só de pensar fico exausta em abri-las e pô-las no armário, imagina como estou me sentindo só de ver esses nove lances de escada até meu apartamento. Vou até o porteiro e deixo as sacolas na sua mesa e digo:
- Te pago cem reais se você levar todas essas sacolas pro o meu apartamento até eu voltar.
- Mas e como vou abrir a porta? - ele indaga.
- Toma a chave. - e entrego a ele um molho de chaves. - Te pago os cem quando voltar, E ESPERO QUE NÃO ESTEJA NADA FALTANDO QUANDO ISSO ACONTECER.
Saio da portaria e vou pra rua, atravesso a mesma e caminho até uma loja 24/7 de bebida. O letreiro piscava sem parar destacando as letras "WIPSHARE", entro na loja e me encontro no meio de duas prateleiras cheias de diferentes garrafas de vodka e whisky. Como diz a música do Frank Sinatra "Eu estou no paraíso".
Pego uma Smirnoff de maçã verde e saio em busca do caixa, vou até o fundo do estabelecimento e paro em frente a jovem de cabelo vermelho vivo do balcão, entrego a garrafa e ela checa quanto custa. Entrego uma nota de cinquenta reais a ela e saio da loja.
Do lado de fora abro a bebida e dou dois goles, balanço a cabeça por causa do gosto forte e ando em direção á lugar algum.(...)
Já estou nos últimos goles da garrafa e andei mais de cinco quilômetros pelo que aparenta, minhas pernas parecem gelatinas e o chão está cada vez mais convidativo para eu deitar e adormecer.
Continuo andando, minha visão mais turva do que nunca, tomo o final da bebida e guardo a garrafa na bolsa. Quando estou prestes a atravessar a rua, tropeço no meio-fio e caio no chão.
Ah, não levanto mais. Fecho meus olhos e aprecio a paz de espírito que estou sentindo. Quando estou quase adormecendo ouço passos vindo em minha direção.
Uma respiração ofegante se aproxima do meu rosto e uma voz masculina diz:
- Você tá bem?
Eu pisco duas vezes até minha visão focar no jovem a minha frente, meus olhos batem com os dele e então respondo:
- O que você acha? - e tento me levantar, mas a dor de cabeça é tão grande...
- Quer ajuda? - ele me oferece uma mão.
- Apenas para me levar até o bar mais próximo. - pego sua mão e tento novamente me equilibrar sobre as minhas pernas.
- Tem certeza de que não precisa de ajuda médica? - ele insiste. Não cara, só me leva pra porra do bar.
Sem responder, caminho pela rua sem rumo e desastrosamente caio no chão. O jovem corre em minha direção e me levanta colocando um braço na minha cintura e o outro segurando minha mão.
- Então vamos para o bar, pelo menos lá não existe a possibilidade de você cair de novo e morrer atropelada no meio da rua. - e me leva de volta pra calçada.
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Diário de Alice
RomanceVício (do latim victium, que significa falha ou efeito[1] ) é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. Ela não quer saber de nada. Ela é furacão, tempestade e terremoto, tudo ao mesmo tempo. T...