Capítulo atualizado dia 10/10/18.
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02:32 AM
Eu me tremia como se minha vida estivesse em risco, como se alguém estivesse apontando uma arma bem na minha cabeça pronta e disposta a apertar o gatilho. Apesar dessas coisas nunca terem acontecido comigo, consigo imaginar que a reação de qualquer pessoa seja essa ou pior. Eu estava nervosa, era óbvio, não esperava que ver ele daquela maneira me causaria isso, me faria sentir isso, e se caso imaginei nunca achei que seria tanto.
Respiro fundo passando as mãos no rosto repetindo mentalmente tentando convencer a mim mesma que isso iria passar...
Ninguém precisa saber!!
Horas antes
Fecho a torneira colocando o copo no escorredor e pego o pano de prato para enxugar as mãos. Desligo a luz da cozinha e vou até a sala onde a minha avó estava assistindo televisão super concentrada.
— Isso não são horas de estar acordada dona Chermont!! — Digo me sentando ao lado da senhora que nem sequer me olhou. — Estou falando com você Charlotte!! — Ínsito.
— Já vai! — Continuava olhando fixamente para a televisão. Reviro os olhos e pego o controle de sua mão desligando o aparelho que prendia sua atenção. — Ora, na melhor parte!!! — Indagou-se levantando.
— A senhora tem que dormir vovó! — Explico o motivo do meu ato.
— Você parece uma velha ranzinza, Izzie!! — Murmurou. — Por que não vai para uma festinha de gente da sua idade!? Não gostou quando foi? Deveria aproveitar mais sua juventude!– Saiu resmungando para o seu quarto deixando me sozinha ali.
"Não gostou quando foi?"
Essa pergunta fez meu coração apertar. Definitivamente não gostei de ter ido aquela festinha.
Sinto alguma coisa se esfregar na minha perna e observo o Thomas que me olhava como se soubesse todos os meu segredos e pecados e estivesse me julgando. Não!! Ele é apenas um gato, eu estou enlouquecendo com isso,eu estou enlouquecendo com essa situação, eu estou enlouquecendo por ter que guardar isso só pra mim, eu simplesmente estou enlouquecendo.
(...)
Era o certo! Eu sabia que era o certo a se fazer agora, não interessa que horas são ou se vão me impedir de pelo menos tentar fazer o que eu sinto que devo fazer. Eu realmente não estou me importando com isso agora, eu só quero acabar, ou pelo menos tentar me livrar dessa agonia que me corrói por dentro.
Estaciono o carro em uma das várias vagas no estacionamento do hospital e desço do carro ativando o alarme andando até a recepção.
— Olá, você poderia me informar o número do quarto que Justin Drew Bieber está?
Pergunto apoiando as mãos no balcão. Não hesitei em dizer seu nome, eu costumava escrevê-lo em meus cadernos e até mesmo em alguns livros, que tola.
— Desculpe senhorita mas ele não está em horário de visitas!. — Me olhou depois de ter checado no seu relógio. — Posso comunicar a alguém da família que está aqui... — NÃO, ninguém poderia saber que estive aqui.
— Não é necessário, obrigada mesmo assim! — Suspiro dando as costas andando até a saída da recepção passando uma mão entre oa fios do meu cabelo. Mordo o lábio ao ter uma idéia que tem muitas chances de dar em muita merda num futuro bem próximo, mas não irei embora sem tentar. Volto lá e encaro a recepcionista com minha melhor expressão de cachorro que caiu da mudança. — Olha... É que eu sou a namorada dele e estou muito preocupada! — Digo realmente transmitindo preocupação. — Os pais dele não nos apoia, por isso não tive como vir outro horário, pois não queria correr o risco de encontrá-los aqui!
Acredite em mim mulherrrrr!
— Oh! — Pareceu acreditar em minhas palavras, o que de certa forma acendeu uma faísca de esperança dentro de mim. — Isso é totalmente fora das normas do hospital mas posso te ajudar! Não tem ninguém com ele essa noite...— Me deu um pequeno sorriso que foi retribuído imediatamente. Estranho o fato de não ter ninguém o acompanhando mas acabo deixando isso para lá.
— Muito obrigada!! — Falo aliviada sendo levada até o seu quarto.Deus, me perdoe por estar mentindo tão descaradamente novamente em tão pouco tempo!
— Só não demora muito, vou te dar 20 minutos apenas! — Falou olhando para os lados. Assinto e entro no quarto sem fazer barulho algum, fecho a porta atrás de mim devagar e caminho cuidadosamente pelo quarto para não bater em nada já que a luz estava apagada.
Pego o celular no bolso usando a claridade da tela acessa para me auxiliar a chegar até a janela, abro um pouco a cortina deixando a luz da lua invadir o quarto e mordo o lábio com um pouco de receio.
Viro para a cama onde ele está deitado e observo seu peito subir e descer devagar conforme sua respiração. Ele parecia tão indefeso ali, – o que de fato estava – dessa maneira que me agoniava lembrar que ao menos parei para ajudá-lo. E como vem acontecendo freqüentemente, sinto as lágrimas começarem a rolar pelo meu rosto.
— Tem alguém aí? — Sua voz baixa e um pouco rouca me fez paralisar.
Ele ainda estava de olhos fechados, o que me fez pensar que talvez estaria perdida quando finalmente os abrisse.
Misericórdia!!! Ferrou tudo.
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Darkness
Hayran Kurgu"Foi numa sexta-feira às duas da manhã que tudo aconteceu! Eu poderia ter ajudado ou até mesmo evitado aquele acidente que o deixou na escuridão. A culpa me atormenta todas as noites não me deixando dormir em paz,e nas manhãs finjo que está tudo bem...