O resgate

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POV Alex

Eu realmente já tinha aceitado o fato de que poderia ficar preso nessa ilha pelo resto da minha vida. Chegou um momento em que eu simplesmente perdi a noção dos dias. Já tinham se passado praticamente um ano, mas quem está contando? Depois do choque de ficar preso, e de não ser resgatado, de America estar grávida e ter tido um bebê, eu comecei a aproveitar mais o nosso tempo juntos. Pode parecer idiotice dizer isso, mas eu tenho certeza que esses dois meses foram os momentos mais felizes e importantes da minha vida.

Você deve pensar, nossa Alex, sua vida era um saco então. Ela realmente era. Eu sempre fui feliz, mas depois de conhecer Nastia e America, eu descobri o que eu realmente quero da minha vida. Estamos em um piquenique, se isso pode ser chamado disso. Não tem muitas coisas para se fazer na ilha além de se sentar, comer e ver o sol passar sob seus olhos, mas até isso tem uma energia diferente agora. Pegamos a lona menos rasgada e suja que encontramos e a colocamos em cima da areia quente. Encontramos uma caixa dos destroços e fizemos o nosso máximo para que ela pudesse se parecer com uma cesta. Imaginação fértil nessas horas é essencial, porque ela com certeza não ficou do jeito que esperávamos. Mas quem precisa de uma cesta quando se está em uma ilha paradisíaca?

Bom, eu preciso. Era fim de tarde e o sol já se punha no horizonte. Uma das cenas mais bonitas de se ver, então paramos com a nossa conversa para olhar a paisagem. Mas não tinha sol. Dava para ver os raios solares irradiando luz, mas a sombra ainda o cobria. Olho para America em buscas de respostas, mas ela também não sabe de nada. Me volto para o fim do oceano e vejo quando a sombra começa a se mexes para frente e em pouco tempo sai da frente do sol. Assim que me acostumo com a luz, consigo distinguir a figura ao longe. Me senti em um filme pirata na hora. O veleiro é gigante eu, pessoalmente, nunca tinha visto um desses. Na verdade achava que eles nem eram mais fabricados. Assim que sai do período de torpor me toquei de que nossa carona para fora dessa ilha estava indo embora, seguindo reto pela ilha.

_America!- grito e ela se assusta. Seus olhos brilham de esperançosa.- Grita America! Grita!

Então começamos a gritar com a esperança de que o barco fosse nos ouvir, mas foi um péssima ideia. Ele está a não sei quantas milhas náuticas de distância, claro que ele não nos ouviria. Balanço a nossa "toalha"do piquenique na esperança de que algum deles veja e tenha a curiosidade de descobrir o que é. Ames continua gritando e em pouco tempo Nastia já chorava, claramente irritada com todo o barulho. Então a ideia me surge e eu corro em direção da caverna sem dar explicações. America continua gritando por mim e sem entender porque fiz isso, mas eu não respondo. Tenho poucos minutos para chegar lá encontrar fósforo e madeira suficiente para criar uma fogueira que possa ser vista de longe. Tropecei e cai em todos os lugares possíveis, mas assim que juntei o máximo de galhos suficientes, corri de volta para a praia onde America continuava gritando. Jogo a madeira na areia e tento ascender o fósforo desesperadamente. Suor escorre pela minha testa e o nervosismo me toma conta. Olho para o horizonte e vejo que a grande sombra se movimenta cada vez mais rápido, praticamente sumindo de vista.

Toda a vez que o fogo parece funcionar, alguma coisa, o vendo ou a água, apaga. Parece que o céu não quer que eu saia daqui.

_Droga! Droga! Funciona merda!- me xingo claramente esgotado e olho novamente para o mar. Agora só resta a parte de trás do navio, já invisível aos olhos.

_Sai dai Alex!- America grita e posso sentir ela tentando me levantar pela camisa. Tento relutar, mas já estou morto de cansaço. Ela me entrega Nastia que não para de chorar e se ajoelha na areia. Ela fecha os olhos e não faz nada.

_Você tem que ascender!- eu grito e ela me olha brava. Consigo ver ela respirado fundo e murmurando coisas inaudíveis para mim. Fecho meus olhos também e rezo. Prometo para mim mesmo que, se funcionar, eu vou rezar todos os dias a partir de hoje. O silêncio se instala e não sei se funcionou ou não. Abro um dos olhos, receoso com o que verei.

Plane CrashOnde histórias criam vida. Descubra agora