Capítulo bônus Anastacia

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Pov Anastacia

Sinto a suave brisa em minha perna não coberta pelos lençóis. Percebo a claridade vinda da parte de fora, pelo simples fato de que eu e meu marido a esquecemos aberta na noite anterior. Resmungo alguma coisa inaudível, que nem eu mesma consigo entender e viro meu rosto para o lado contrário, esperando fugir da luz e poder voltar para meus sonhos, nos tempos em que olhava no espelho e enxergava a vida repleta de maravilhas, antes de saber as crueldades de um mundo duro. Mas esse mesmo mundo selvagem, que não impede que o sol nasça antes do meio dia e persiste em me acordar, é o que vivo, e, portanto, devo seguir suas leis naturais e acordar quando sou chamada, mesmo que todos os músculos do meu corpo gritem me mandando fechar as cortinas e voltar a dormir.

_É hora de acordar minha imperatriz favorita. - ouço sua voz rouca em meu ouvido direito e seus lábios em minha bochecha, a barba rala roçando em minha pele.

_Então existem outras imperatrizes?- pergunto ainda sem acordar e, mesmo sem olhar, consigo pintar seu rosto sorridente e as covinhas no canto de sua boca em minha mente.

_Você realmente precisa acordar.

_Não!- resmungo. - Só mais um pouquinho. - abro meus olhos e encaro os seus olhos cor de caramelo, a poucos milímetros de distância. - Por favor. - faço biquinho e ergo a sobrancelha, com a grande esperança de que ele sinta pena de mim e resolva me deixar debaixo das cobertas.

_Tem uma festa para comparecer. Nós dois.

_Pelo menos um de nós é responsável o suficiente. - me deito com a barriga para cima, completamente desperta.

_Ser responsável pelo seu relacionamento com a cama é meu trabalho mais difícil. - bota a mão no coração, fingindo exaustão. - E o mais agradável, suponho. Acordar ao seu lado todos os dias é o melhor sonho que se tornou realidade. Dormir com a imensidão de seus olhos em mente me faz aguentar à noite solitária e acordar com os mesmo, me ajuda a superar as horas distantes de você.

Sorrio, corada, e o beijo. O xingo mentalmente. Estamos atrasados, mas para isso ele não se importa com o horário, enquanto me acordar do meu sono profundo é mais do que divertimento. Não que eu esteja reclamando, que melhor jeito de começar o dia do que esse? Poderíamos ter ficado assim pelo resto do dia, se não fosse pela batida na porta. Nos separamos rapidamente e puxo os lençóis para cima para me cobrir, mas ao ver o rostinho redondo e pálido de Dimitri entre o vão da porta, relaxo e abro o maior dos sorrisos.

_Benjamin teve outro pesadelo, mamãe. - diz em sua voz manhosa e fofa de criança. Não precisei dizer nada, ele empurrou a porta um pouco mais forte, com uma mão livre e adentra no quarto, o irmão mais novo segurando sua outra mão. Os dois correm desengonçadamente e pulam na cama alta, depois de diversas tentativas e da ajuda do pai.

_Parabéns mamãe!- os dois gritam em uníssono e se jogam em cima de mim. Não ligo para a dor, a felicidade em tê-los todos ali é maior do que qualquer outra coisa.

_Obrigada meus amores. - Abraço seus corpinhos pequenos e eles começam a reclamar, tentando se soltar de meus braços.

Dimitri é a cópia perfeita do pai quando pequeno, com apenas 5 anos, os cabelos lisos e loiros, a pele clara e os olhos castanhos o diferem completamente do irmão mais novo, Benjamin, de apenas 3 anos, que possui os meus olhos claros e o costumeiro cabelo cor de fogo, a marca da família. Me casei com Kile quando tinha vinte anos e logo em seguida Dimitri apareceu. Até hoje consigo me lembrar do dia, quando pela primeira vez soube que ele era mais do que meu melhor amigo, e a partir desse momento, nossa amizade de infância se tornou um amor para a vida inteira, um amor capaz de consumir todas as minhas energias, capaz de me fazer perder o fôlego toda vez que o vejo, capaz de me fazer esquecer do mundo quando estou com ele.

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