O escritório

556 32 8
                                    


_Podem voltar a seus postos. - dispenso os guardas e carrego America para o primeiro lugar que consigo pensar. O quarto de Nastia. A pequena ainda dorme, isolada a toda a gritaria e discussão, e isso me acalma. Saber que ela está bem.

Deposito Ames na cama delicadamente, a deixando espaço para chorar silenciosamente sozinha. Ela se aconchega debaixo do cobertor e me deito ao seu lado, aliviado por finalmente ter um momento de paz.

_Estou com medo. - ela sussurra e chega mais perto, acomodando sua cabeça em meu peito.

_Vai ficar tudo bem. - espero por uma resposta, mas não a recebo. Dou uma espiada e percebo que America já dormiu há bastante tempo. Sorrio com o sentimento de felicidade instantânea que sinto. Olho para o teto e espero pelo sono.

Minha mãe sempre me disse para ocupar minha cabeça durante o dia, assim dormiria mais fácil por estar cansado. Achei que fosse dormir assim que botasse a cabeça no travesseiro, que seria inundado pelos sonhos imediatamente, porque depois de tudo o que aconteceu no dia de hoje, eu não poderia ter mais coisa na cabeça. Mas ao contrário. Não podia me mexer porque Ames dormia encostada em mim e isso acordaria, só podia ficar parado encarando o teto. E foi exatamente o que fiz.

Passei e repassei todos os momentos do dia de hoje em minha mente. O desespero ao ver Marlee e Celeste entrando na sala de reuniões. É claro que ninguém presente entendeu o que minha saída repentina significava, mas eu sabia que o dia estava para piorar Pela segunda vez na minha vida, meu coração se partiu. Tudo o que tentei evitar, tudo o que não queria que acontecesse, aconteceu, e estava com tantos sentimentos me rondando que nem sabia exatamente o que senti ao correr pelos corredores a procura de America.

Diante de tanta incerteza, eu só sabia que Anastacia era minha filha, e eu brigaria por ela se fosse preciso. Tentei pensar em uma frase de efeito, algo para dizer quando chegar, mas toda vez que chegava a uma frase um pouco satisfatória, minha mente flutuava para qualquer outro momento que não fosse esse. Cada imagem e memória de nós três que se passava diante de meus olhos, como um filme, me dava mais confiança e força para fazer o que eu tiver que fazer para protegê-las. E toda vez, ao acreditar conseguir dormir, a imagem de Maxon e suas costas me aparecia, sanguinolenta e gosmenta.

Apesar de querer xingá-lo por não me deixar dormir, tudo o que consegui pensar foi no sofrimento que ele deve estar passando. Não o físico, porque esse passa rápido, mas seu estado emocional não é dos melhores no momento atual. Me surpreendo comigo mesmo. Entrei no quarto pronto e disposto a lutar com ele, nocauteá-lo se fosse preciso, não me preparei para sentir pena dele. Quando percebi, a luz já havia entrado pela janela aberta e Ames já se remexia na cama, tentando de alguma forma fingir que não havia acordar.

_Bom dia. - digo com uma provável voz de mau humor, mas qualquer traço some ao ver seu sorriso para mim.

_Bom dia. O que houve?

_Não consegui dormir. - dou um beijo, me levanto da cama e vou para o banheiro. Tomo um banho, me arrumo e encontro America amamentando Nastia.

_Estou preocupada. Não sabemos o que Maxon irá fazer. E se ele já tiver contado para todos?

_Ele não contou. - a asseguro.

_Como sabe?

_Intuição. - me olha em dúvida, mas decide se deixar acreditar.

_Eu a levo. - pego minha filha em seu colo. - Vamos trabalhar com o papai?- pergunto para o bebê que sorri para mim, mas obviamente não responde. - Porque você será a próxima Imperatriz da Rússia, tem que aprender. Pode ir tranquila. Vou ficar com ela. - beijo sua testa e saio do quarto.

Plane CrashOnde histórias criam vida. Descubra agora