A missão

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 _Tem certeza de que é isso que quer?- pergunto pela décima vez no último minuto enquanto Alex arruma suas coisas para a missão.

_Quantas vezes tenho que te dizer que vou ficar bem?- ele larga a mala e segura minhas mãos.

_Pelo menos mais uma. - peço.

_É só um dia. Volto rápido. - me assegura. Não quero parecer àquelas namoradas grudentas ou que dependem do homem para qualquer coisa, ou justificar que preciso dele ao meu lado, porque isso seria idiotice, mas ele é meu melhor amigo primeiramente e independente de onde ele vá, sentirei falta de ter alguém ao meu lado.

_Não posso ir também não?- entorto o nariz já sabendo a resposta.

_Poder, você não pode. Mas eu sei que não vai.

_E porque eu não vou?- cruzo os braços.

_Porque você não quer entrar em um avião pilotado por mim pelo resto da sua vida. - sorri e me junto a ele.

_Faz sentido. - concordo. Ele fecha a pequena mala e pega a roupa militar presa no cabide e se dirige para o banheiro. _Sabia que você é louco por se arriscar assim?- grito do outro cômodo.

_Não somos todos loucos?- ele abre a porta e sai de lá pronto.

_Eu não sou louca. - tento me defender.

_Quando tentou ajudar sua amiga Marlee, ainda durante a seleção, quando ameaçou os rebeldes em rede nacional, quando pagou a dívida de um criminoso diante do rei. Loucas são as melhores. - sorri de lado me lembrando desses momentos. Desde que descobri que Marlee estava viva e bem, praticamente esquecido que tinha acontecido, de toda a repercussão que tinha causado e de todo o sentido que o evento trouxe para mim.

_Estou orgulhosa de você, sabe, por tentar ajudá-los. - sorri agradecido.

_Vamos, já estou atrasado. Caminhamos pelos corredores silenciosos do palácio a procura de Kira e Nicolau, mas não os encontramos em nenhum lugar. Estávamos nas escadas principais, sentados no degrau conversando e esperando pelo carro que nos levará para a base aérea quando ouvimos a movimentação.

_Onde estavam?- Alex pergunta claramente bravo.

_Tomando café da manhã. O que os dois mocinhos deveriam ter feito antes de sair. - Kira nos olha com um olhar de reprovação. Rio internamente. Como conseguimos esquecer o café da manhã?

_Ah claro. - Alex diz envergonhado. - Nós estávamos ocupados. - Celeste me lança um olhar malicioso, assim como quase todos os outros convidados, menos Maxon, que se remexe desconfortável.

_Ele quer dizer que nos esquecemos do café porque uma certa mocinha aqui- dou uma cotovelada em Alex- demorou demais para se arrumar.

_Não interessa. Você vai me deixar de novo. - Ivan reclama de cara emburrado.

_É claro que não. - Alex se ajoelha para ficar do mesmo tamanho do irmão.- Alguma vez já te deixei sozinho?

_Sim. - o garoto responde na hora e Alex se assusta.

_Bom, eu prometo que assim que voltar brinco com você sempre que pedir. Combinado? Ivan abre um sorriso e abraça o irmão, que perde o equilíbrio e cai no chão em uma cena super fofa.

_Filho, deixe seu irmão se levantar. - Kira retira Ivan de cima de Alex. Conversamos mais uns minutos até o carro preto aparecer na porta principal.

_Então acho que isso é um até logo. - Alex comenta quebrando o silêncio.

_Meu filho! Vou sentir tantas saudades!- Kira o aperta, praticamente o esmagando e Alex fica parado enquanto é espremido pelos braços da mãe.

_Mãe? Já pode me soltar. - Kira se assusta e o larga. _Vai me abraçar também?- Alex anda até o pai e ameaça abraçá-lo.

_Você volta amanhã, não exagera.

_Pode admitir que vai sentir saudades!- Alex o abraça contra sua vontade e rimos de sua bizarrice.

_Mas agora é sério. Sabe tudo o que deve fazer? - Nicolau o encara.

_Sim senhor. - Alex bate continência. - Não fale com estranhos, se baterem na porta não atenda, nunca diga seu endereço e se alguém te assaltar, entrega o que tiver e saia correndo. Todos que seguravam o riso desde o começo das despedidas deixam as gargalhadas se soltarem no ar e me junto a eles. _Eu sei o que fazer pai. Não precisa se preocupar.

Entramos no carro e em pouco tempo o palácio já não é mais visível. Permanecemos em silêncio a maior parte do caminho. Eu não sei em relação a ele, mas eu esperava que um acidente ocorresse na rodovia e por sorte do destino, ficássemos presos no engarrafamento e consequentemente os aviões de reforço partiriam sem ele. Mas a estrada parecia mais vazia do que já vi em toda a minha vida. Aos poucos a mudança de paisagem se torna evidente. Os prédios e construções históricas dão lugar a grama e ao mato. Depois disso foi só observar enquanto o carro se aproximava se um muro cinza gigante. O motorista falou algo com os guardas do lado de fora do portão e em minutos o gigante muro se abre, revendo uma movimentação de soldados, tanques e aviões estacionados. Homens carregam galões de água e mantimentos, os guardando dentro de aviões. Rodamos por quase o hangar inteiro até que passamos por um novo muro, ao que parece uma área restrita ou algo do tipo, e enfim sermos liberados para sair, o que particularmente agradeci.

_Está atrasado. - um homem de terno e óculos escuro, completamente mal humorado, anda até nós.

_Eu sei Djorkovic. Me atrasei, desculpa.- Alex se desculpa e caminhamos em direção ao avião, menor do que os outros que vi agora há pouco, mas ainda sim enorme.

_As cargas já foram carregadas, estávamos só esperando o senhor. Assim que disser, partiremos. - o homem diz e desaparece dentro do planador. Alex se volta para mim, sem saber o que dizer.

_Então... O que se deve dizer nesses momentos?- ele pergunta. Sorrio e o beijo.

_Ótimo. Sem palavras. Gosto do seu jeito de pensar Singer. - ele diz assim que nos separamos.

_Só vá salvar o dia e volte vivo. - respondo e ele solta minhas mãos e se vira para começar a caminhar para a porta, mas sem antes parar na entrada do avião e se virar para mim e acena.

_Amo você. - grito e ele sorri.

_Amo você também. - e então fecha a porta.



  será que isso foi um adeus pra sempre???
até a próxima  

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