Subterrâneo

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Okay, tem um salão aqui, absurdamente espaçoso. No momento em que desci o longo lance de escadas, fiquei boquiaberta. Aquilo é enorme e quando chamei mamãe no walkie-talkie para lhe perguntar sobre, ela disse "Sim, Mila. Era um salão no qual os antigos donos davam festas e bailes para datas comemorativas". O que é ultra legal, pois a elegância e exuberância do local superou a biblioteca, a sala de música e qualquer outro cômodo da enorme casa. Há aqui, três fileiras de lustres que preenchem todo o teto; um emaranhando de cadeiras e mesas empoeiradas e jogadas em um canto qualquer. Aparelhos de som que eu nunca havia visto e muitas outras coisas que não pude nomear.

Me imaginei ali, anos ou talvez décadas anteriores, dançando como uma condessa ou algo do tipo, com um conde ou algo do tipo. Anotei mentalmente que na próxima vinda, irei trazer o pequeno aparelho de som que mamãe me deu, nomeado de "mp3". O fato de estar completamente sozinha em um salão gigantesco e vazio, me fez começar a procurar coisas e ocupar a mente, para que não me ocorram pensamentos apavorantes.

Estou andando faz um tempinho e não encontrei nada leve e pequeno o suficiente para levar comigo. Depois questionarei mamãe se um dia eu poderei usar aquele lugar para o que ele foi designado, e desfrutar do mesmo com pessoas além dela e eu. Na verdade, questionarei porque eu não posso ver o mundo de verdade, o que tem lá fora, depois do mato e das árvores; para conviver com pessoas e a realidade que eu sei que existem, mas que nunca fui liberta a explorá-los. Ainda.

Opa, tem outro cômodo aqui! É uma cozinha, não vou nem comentar o seu tamanho, pois ela é exorbitante como todo o resto. Prataria e mais prataria, talheres banhados a ouro, panelas, armários, fogões e fornalhas. Devo admitir que essa cozinha é mais legal e bem mais equipada que a da mamãe.

Tem uma porta de metal bastante pesada no fim da cozinha; ela está emperrada e... estou ouvindo um barulho. Um. Barulho. Ele. Vem. De. Lá.

Este é o momento em que eu deveria correr de volta para o andar superior e nunca mais retornar. Mas vejamos, o barulho não é de todo ruim. É uma voz masculina, acompanhada por instrumentos. É uma música! Eu nunca escutei essa música. Que mal há de me aventurar através dessa porta se tem música?

Após quase me ferir e morrer sem ar nos pulmões, consegui que aquela porta me permitisse passar. Estou espantada, porque, que diabos há música dentro de uma dispensa vazia de comida, mas cheia de estantes de ferro?

Mundo Sucinto (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora