Mundo Sucinto (Camren)

Serendipidade

🌻

(preparem-se para o plot twist)

Lauren's point of view

Hesitei antes de bater à porta. Dinah ficou suficientemente impaciente e deu três batidas audíveis na madeira antiga.

Pouco mais de um minuto, uma Sinu com olheiras extremamente profundas apareceu do outro lado.

"La-lauren?" Me encarou estupefata.

"É... oi, Sinu", encolhi os ombros, dirigindo um sorriso tímido à mulher.

"O que vocês estão fazendo aqui?" Ela reveza o olhar entre eu e Dinah.

"Nós viemos atrás da Camz..." ponderei um pouco, olhando por cima de seu ombro, procurando por qualquer sinal dela. "Afinal... onde ela está?"

"Lauren, não..." A mulher parou de falar como se lhe faltassem palavras e massageou as têmporas; recuou um pouco convidando-nos silenciosamente para entrar.

"Cadê a Camila?" perguntei novamente.

"Lá em cima, terceira porta à direita", Sinu disse num cochicho, cabisbaixa.

Antes de correr pelo lance de escadas, eu avaliei o comportamento de Sinu que estava bem mais que estranho em minha opinião e joguei um olhar cúmplice para Dinah; para que ela ficasse ali.

Dei três leves batidas na porta, esperando uma resposta. Aguardei um tempo até bater novamente. E mais uma vez sem resposta. Respiro de forma profunda antes de girar a maçaneta e adentrar o cômodo.

O quarto é realmente enorme. Como aqueles que eu via em filmes antigos de residências Reais; com mobília conservada em material de carvalho.

Varri o ambiente, notando que a cama de Camila, cercada por camadas de cortinas de seda branca, estava provavelmente ocupada pela mesma; bem, ela não estava em nenhum outro lugar. Caminho lentamente, com receio de acordar o corpo que agora era visível por uma brecha nos tecidos. O horário é cedo para alguém estar dormindo, mas esse alguém é Camila; então não é incomum.

Delicadamente afastei as cortinas, fazendo com que o sorriso de saudade misturado à felicidade, morresse ali mesmo.

Uma pequena bacia rasa de alumínio, porém com água e uma toalha branca dentro, estava do lado esquerdo, abaixo do travesseiro de Camila. Uma outra toalha, dobrada repetidas vezes permanecia sobre sua testa. O tecido estava quente.

Entretanto, não parecia haver vida dentro de seu corpo. Ela tampouco parecia-se com um raio do sol; ou até mesmo o próprio sol.

Sua mão estava fria e pálida; assim como o resto de seu corpo. Exceto o rosto que ainda tinha um resquício de core devido à temperatura da toalha; porém, a curva que habitualmente tomava conta dos cantos de seus lábios, não mais existia.

Não sei o quão possível isso é. Mas senti meu coração ser esmagado. Até mesmo minhas costelas pareceram estar sendo quebradas e enfiadas em meus pulmões. Eu estava sem ar.

Cambaleei para longe da cama, caindo gradativamente no chão de carpete.

Girando. Estavam girando. Todas as coisas giravam. Eu estava girando.

•••

"Lauren?"

"Lauren, ei."

"Abra os olhos, merda."

"Não me faça jogar água fria em você."