Desespero

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Narrador

Lauren batalhou inconscientemente para sair da maca aquela noite. Tudo o que ela podia escutar eram os gritos abafados de Camila, atormentada, chamando seu nome.

A missy sentia uma mágoa descomunal rasgar seu peito como faca aquecida em brasa. Ela sabia que tinha algo errado além da dor causada por Camila, mas não conseguia diferenciar a realidade de sua imaginação. Seu único almejo, era que não passasse de imaginação.

Os paramédicos deixaram Camila desolada no corredor ensanguentado. A mesma também não compreendia o que acabara de acontecer.

À medida que a missy se afastava rumo à saída da casa, a latina revesava seu olhar entre a poça de sangue e a garota praticamente desmaiada em cima da maca. Ela precisava acompanhar Lauren. Quem mais faria isso nesse momento?

Um dos paramédicos vira-se para ela antes de ajudar o outro a descer Lauren por mais um lance de escadas, "Senhorita? Você precisa vir conosco agora".

Camila o olha ainda aérea. Ela escutou o que ele disse, porém não conseguia interpretar.

"Senhorita. Nós precisamos ir. Você tem que acompanhar a paciente, para obtermos as informações necessárias para dar a entrada no hospital."

"Nã... nã... não posso. Não dá. Eu não posso ir, eu não posso", o olhar de Camila estava perdido, banhado em lágrimas que agora corriam silenciosamente por sua face.

"Não poderemos fazer os procedimentos sem os dados dela, senhorita."

A imagem de Normani, seguida de Dinah e Ally rapidamente surgiu na mente de Camila. Como se uma faísca acendesse seu cérebro entorpecido.

"Aqui", fala pegando seu celular que descansava numa mesa que enfeitava o corredor.

Após anotar o número de todas as garotas em um pedaço de papel, ela o entrega para o homem que aguardava impaciente. Ele pegou o papel, em seguida olhando para Camila com reprovação e se afastando para encaminhar a missy para a ambulância.

"Covarde, covarde, covarde, covarde, covarde..." Isso era tudo que a garota conseguia pensar quando finalmente ficou sozinha em sua casa.

Camila passou minutos encarando o sangue de Lauren no piso de madeira e em suas mãos. Era difícil assimilar as coisas.

Como tudo podia mudar de um instante para outro?

Já estava tudo planejado. Ela só precisava ter se despedido da missy; por mais doloroso que fosse.

Ela era como fogo e Lauren, bem, Lauren era a pólvora da granada.

Por que coisas ruins aconteciam com Lauren quando as duas estavam próximas?

Por que as coisas não conspiravam a favor, pelo menos dessa vez, por mais que o momento fosse o pior em todas as hipóteses?

Clara sempre esteve certa, refletiu Camila, fazendo círculos e círculos com o pano na tentativa de limpar o chão.

O que aconteceria com Lauren? Ela já estava tão machucada; de todas as formas.

Camila não queria ser a pessoa conhecida e odiada por quebrar o coração de Lauren. Muito pelo contrário; ela queria juntar todos os pedacinhos daquele coração frágil e cheio de danos. Ela sabia que, mesmo sem querer, Lauren a escolhera para ser essa pessoa e vice-versa.

O medo insistente de fazer com que Clara afastasse a garota de todas as coisas que ela amava, exceto a própria Camila, estava vencendo.

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Mundo Sucinto (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora