Aquiescência

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Dedico esse capítulo à adorável LaniSil. Obrigada por me acompanhar e ser uma leitora tão ávida!

Bato os pés impacientemente contra o piso encerado. Era possível ver meu próprio reflexo ali.

Os dias passaram se arrastando quando o que eu mais almejava, era ver o rosto que tanto me traz paz. Ela vai receber alta hoje. Se eu pudesse desejar algo, esse algo seria nunca mais entrar em um ambiente hospitalar no qual alguém que eu amo esteja em estado enfermo.

Não tenho dúvidas do amor de Lauren por mim. Bem, não tenho dúvidas das palavras que ela dedicou à mim naquela singela carta. Quando ela iria ler aquilo? E se eu nunca tivesse dado ouvidos ao que Dinah tinha para me dizer e gastasse boa parte do meu tempo procurando odiar a missy por algo que não chegou a acontecer? E se Lauren não tivesse sobrevivido à overdose? Céus, isso me dói.

"Você é parente de Lauren?" A imagem de uma enfermeira surge à minha frente, tirando-me de meus devaneios. "Moça. Você é parente da senhorita Jauregui?" A morena repete outra vez.

Me recomponho na cadeira, fechando a boca e encarando-a direito. "Mmm, não. Sou a... sou, sou a namorada dela." Dou um meio sorriso.

Ela solta um pigarro, "Sim, claro. É... os pais dela não vieram?", olha de uma extensão à outra do corredor - que estava vazio.

"Não. A mãe dela pediu para eu vir."

"Entendo. Precisaríamos que algum responsável assinasse os papéis da liberação da paciente."

"Mas ela é maior de idade." Estreito os olhos. 

"Ela está sob o efeito de sedativos. Acordará daqui há uma hora." Ela encara seu relógio de pulso. "Para agilizar o processo, seria mais fácil se algum deles estivesse aqui."

"É, não vai dar para contar com a presença deles." Dou de ombros. "Eu posso esperar por essa hora. Até porque terei de levá-la para casa."

"Então tudo bem." A enfermeira sorri descontente. "Quando ela acordar, nós notificaremos. Por acaso trouxe uma muda de roupas? Ela irá precisar."

Merda. "Nah. Não trouxe. Muito obrigada por me avisar." Sorrio e me levanto. "Vou buscar as roupas." Retiro o molho de chaves de minha bolsa, coloco os óculos e saio andando a caminho da saída.

Um grande problema é que eu ainda não conversei com Clara. Não sei nem se ela me quer viva. A Mani disse que era melhor eu vir buscar Lauren, do que ela. Clara provavelmente entupiria a cabeça de Lolo com mais questionamentos e sermões. Coisa que não é saudável. E eu preciso, extremamente, ter uma conversa com a missy. E também com Clara.

•••

A garagem externa está vazia, então estaciono o carro. (Fui obrigada a aprender a dirigir.)

"Mila!" Uma Taylor meio arrumada abre a porta depois de eu quase desistir da ideia de estar ali. "Quanto tempo! Como você está? Entre!"

"Hey, Tay." Abraço-a e adentro a casa. "Estou bem. Vejo que não vim em boa hora." Ela está indo para a escola.

"Ah, quê isso." Nega. "Só saio daqui vinte minutos. O que te traz aqui?"
Me encara enquanto amarra o cabelo em um rabo de cavalo frouxo.

"Mmm..." Coço a nuca sem jeito. "Eu vim pegar algumas roupas para a Lern. E... conversar com a sua mãe." Dou de ombros e forço um sorriso.

Mundo Sucinto (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora