Mafia

18-Não me torture com suas mentiras

Clary Narrando
  Aquele momento que você volta pra realidade e percebe que fez algo sem pensar, mas porque o errado é tão gostoso?
A mão de Fernando vagueia pelos meus cabelos enquanto estou deitada com a cabeça em seu peito olhando seu tanquinho. O cheiro dele me fascina.
Queria poder ficar assim para sempre.
-Queria você assim sempre assim, submissa. -A voz rouca de Fernando me desperta me fazendo dar um salto de cima dele.
Submissa?
Há cretino!
Procuro minhas roupas que se encontram espalhadas próximo ao sofá vermelho.
-Merda, merda, merda! -Falo repetidamente.
Não podia ter me entregado assim.
Ignoro seu corpo nu e me visto rapidamente.
Ele levanta do sofá e veste sua cueca boxe preta e tento não olhá-lo.
Eu me entreguei para o maldito que vai fuder com a minha vida, um dos possíveis assassinos dos meus pais. A que ótimo!
-Vai dizer que não gostou. -Fala Fernando novamente com seu olhar frio nem parecendo o mesmo de momentos antes.
Afasto esses pensamentos, não é momento para isso.
Termino de me vestir e noto que Fernando está terminando de abotoar sua camisa social azul. Ele fica tão gato assim.
Foco Clary!
-Fernando isso não vai se repetir mais! -Afirmo irritada e me sentindo idiota por ter me deixado levar por momentos.
Arg! Como estou me odiando no momento.
-Clary você não é a única mulher na minha vida. -Fala ele me olhando com seus olhos frios.
Uma pontada dentro de mim faz eu me sentir estranha. Não sei dizer o que é, talvez magoa ou ciúmes e raiva ao mesmo tempo.
Desgraçado. Porque raios fui me entrega para um ser desse.
Uma vontade de chorar me atinge.
Raios!
Quando foi que eu fui de chorar por bobagens por causa do Fernando.
Respiro fundo me controlando.
Tenho que matar Fernando, ou fugir de vez dele.
Não sei mais se consigo matá-lo.
Tenho que ser forte. Vingar a morte de meus pais, apenas isso no momento.
Minha primeira vez foi com um maldito mafioso.
-Que seja Fernando. -Tento soar mais fria que posso.
Me afasto indo para a porta. Tento abrir a porta e vejo que ela está trancada.
-Não sabia que você era virgem. -Fala ele e se senta no sofá vermelho. Me viro para olhá-lo brava.
Nunca mais me aproximo desse sofá.
Respiro fundo tentando ignorar seu comentário.
Sim, eu era virgem.
Nunca me entreguei para nenhum homem.
Deveria ter perdido a virgindade com o carioca que conheci no Rio de Janeiro.
Pelo menos se fosse com ele eu não iria me sentir tão culpada como estou agora.
Nunca em minha vida estou me sentindo tão lixo como agora.
Fernando está mexendo com meus neurônios.
Estou ficando louca.
-Isso foi a pior merda que já fiz. -Falo irritada. -Me entregar para um dos possíveis assassinos dos meus pais. -Digo irônica.
-Eu não matei seus pais! -Afirma ele agora irritado.
Reviro os olhos.
-Vai me dizer que apenas seu querido titio planejou tudo? -Pergunto irônica.
Rio.
Ata, sei. Então apenas o querido titio dele foi culpado?
Cretino mentiroso.
Por mais que uma parte de mim queira acreditar, outra parte me alerta tentando me afastar como se eu estivesse em cima de uma bomba preste a explodir.
-O que eu iria ganhar matando seus pais Clary? -Pergunta ele e se levanta do sofá vindo na minha direção.
Ele para a minha frente e me olha com seus olhos verdes frios.
Respiro fundo tentando manter o controle.
Novamente não!
-A presidência das empresas e dinheiro. -Afirmo e me afasto. -Afinal de contas você é um mafioso Fernando, não poderia esperar mais do que isso de você! -Digo irritada e as malditas lágrimas tentam sair.
Vejo seu olhar furioso se tornar algo sem sentindo.
-Clary eu... -Fala ele quase num sussurro com um olhar confuso.
-Para Fernando! -Grito. -Me dá a poha da chave e apenas me deixe ir. -Mando antes que ele possa vir com mais mentiras e me torturar.
Não quero me torturar mais!
Não quero me apaixonar por ele!
Um pouco frustado ele me dá a chave.
Evito me aproximar mais dele e abro a porta e saio correndo.
Corro até o quarto em que estou e agradeço por Fernando não estar me seguindo.
Assim que chego ao quarto tranco a porta.
Preciso fugir daqui o quanto antes.