Domingo. 9 de fevereiro. 6h00.
A chaleira está sobre o fogo, o vapor escapando a dançar pelo ar, fazendo-a apitar furiosa no processo. Susan coloca um pouco de água quente em uma xícara com pintura de dálmatas e outra com florezinhas cor-de-rosa, cada uma com seu sachê de chá, e distribui-as para mim e para Robert. Estamos sentados na mesa da cozinha, com a luz débil da lâmpada sobre nossas cabeças, um de frente para o outro, ainda de pijamas e roupão.
O grande dia finalmente chegara. O dia em que finalmente veríamos o cometa Halley. Bem, daqui a quatorze horas, para dizer a verdade.
— Você tem certeza a respeito disto, John? — Robert indaga, preocupado comigo. Aperta a xícara entre seus dedos.
— Tenho, pai. Absoluta certeza.
— Sabe mesmo o que está fazendo, John?
— Eu sei bem o que estou fazendo. — digo, um pouco desconsolado. Dói-me que ele veja com maus olhos o que estou tentando fazer por Mary. — Meus amigos também vão me ajudar no que pretendo fazer.
Contei a respeito do meu plano para o Jake e para a Lara. Pela primeira vez na vida, eu precisava da ajuda de alguém para iniciar algo tão grandioso.
Mary veria o cometa Halley e, por mais incrível que pareça, tanto a Lara quanto o Jake concordaram em me ajudar sem hesitar.
— Confio em você — é a voz de Susan a apaziguar tudo. — Se a sua amiga é tão preciosa para você, então tenho certeza do que está fazendo é um ato verdadeiro de amizade.
— Afinal, já não é mais um menino. Tornou-se um homem responsável — Robert entrega-me um sorriso.
— Obrigado, pai — digo, tomando um gole do chá. O calor mordisca a minha língua.
Eu não poderia ser mais grato. Eu aprendi a agradecer pelos momentos bons, pelas situações ruins, aprendi com meus erros do passado, as angústias sofridas, toda a aflição do ano anterior, praticamente eu já havia esquecido.
Às 7h45, Jake ligou-me, aparentemente, de um telefone público, e cogito isso devido ao vozerio descontrolado que estava do outro lado da linha.
— O idiota do meu colega de quarto resolveu jogar Super Mario Bros com seus amigos a noite TODA, e não me deixaram dormir. Quer saber? Ficar longe daquele apartamento é uma benção! Quando eu retornar, John, vou chutar aquele imprestável pra fora!
Viajou a durante a madrugada para retornar à Paradise de ônibus. Disse-me que estava a caminho colocarmos nosso plano em ação, e que me esperaria para apanhá-lo no terminal rodoviário. Provavelmente, Lara também estaria vindo como prometera.
Meu relógio de pulso tornou-se o meu aliado enquanto eu cronometrava as horas. Visto uma camisa branca de algodão, e por cima desta visto a minha velha jaqueta de couro que usei no primeiro dia em que pisei os pés em Paradise.
Tic. Tac.
Saio de casa às 8h30, ansioso — e atrasado — demais para tomar um café da manhã decente, rumo à Flower&Art. Eu sentia-me como uma criança arteira. Hoje é domingo, o trabalho era pouco na loja de flores, além disso, eu precisava demais do furgão da loja, e pediria o veículo emprestado para a Sra. Florence. O furgão era grande o suficiente para que a Mary ficasse confortável durante nosso trajeto até a Montanha Luna. Descobri que a Montanha Luna não era bem uma montanha, estava mais para uma colina de tamanho razoável, mas enfim, foi o nome que lhe deram.
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Nós, em uma casca de noz!
Teen Fiction❝Meu avô sempre me dizia, que estranhos são amigos que você ainda não conhece.❞ Uma história sobre amizade, esperança e superação. Nos pensamentos mórbidos de John Walker, aquele seria apenas mais um castigo tedioso onde pagaria por seus pecados em...