Desastre

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A casa parecia vazia, sem nenhum ruído a não ser de minha respiração. O local onde Tyson havia me batido ainda doía. Um lembrete do que poderia acontecer comigo ao chegar em casa. Imaginei encontrar meu pai na sala, pronto para me castigar ou algo pior. Eu não conseguir decidir o que seria pior, a verdade para minha família ou continuar vivendo uma mentira.

Depois que meu irmão saiu furioso da casa de Liz, resolvi que o melhor a fazer era voltar para casa. Meu medo era de que Jim aparecesse e arrumasse alguma coisa encrenca. Não podia permitir que eles estragassem a festa de aniversario da minha amiga.

- Vai dar tudo certo. – disse Liz, mas imagino que nem mesmo ela acreditava em suas palavras.

- Isso ia acontecer um dia. – disse Roger. – Caramba, Matt. Eu avisei que essa merda iria acontecer!

- Se eu ouvir sua voz mais uma vez, Roger. Juro por Deus que arranco suas bolas e o faço engolir. – Liz gritou com ele. Aquela era a reação que eu queria ter naquele momento, mas estava preocupado demais para me preocupar com meu namorado.

A casa não estava realmente vazia. Era noite de luta e iriamos sair dentro de uma hora. Meu pai não costumava sair de casa sem todos os filhos, principalmente quando todos eles garantiam seu faturamento da noite. Subir as escadas, evitando fazer qualquer tipo de barulho. Abrir a porta do quarto e a fechei atrás de mim, apoiando as costas contra ela. A luz do abajur próximo a minha cama acendeu, me fazendo sobressaltar.

Em minha mente passou todas as formas possíveis em que eu iria me ferrar. Acho que meu coração parou naquele momento e todo o meu corpo parou de funcionar. Olhei a figura sentada em minha cama, com as mãos cruzadas entre as pernas, os olhos escuros me fitando.

- Puta merda, Ty. Você quer me matar? – perguntei, levando uma mão ao meu coração acelerado.

Ele abaixou a cabeça por um instante, antes de me olhar com um olhar tão duro, que eu vi apenas duas vezes na minha vida. Quando ele descobriu que eu estava saindo com Roger, e alguns dias atrás, quando ele ficou furioso com meu namorado.

- O que e isso no seu rosto? – sua voz fria ecoou no quarto.

- Não foi nada. – disse virando o rosto para que ele não visse o hematoma.

- Não me faça de idiota, Matt. – ele ficou de pé em um movimento rápido. – Não vou perguntar outra vez.

- Tyson. – falei encarando o chão. Ouvir algo se chocando contra a parede, o que me fez estremecer. – Ty, por favor.

- Não me venha com por favor, Matt. – ele esbravejou. – O que aquele doente pensa que está fazendo? Ele e a porra do seu irmão e está agindo como se... O Jim vai ficar furioso quando descobrir e você sabe o que ele faz quando está furioso!

Ele me surpreendeu abrando-me. Tyler me fez prometer que ficaria o tempo inteiro com ele, ate que as coisas melhorassem. As coisas não iriam melhorar, mas sabia que ele precisava disso para ficar um pouco mais tranquilo, então prometi. Tyler não podia me proteger o tempo todo, mesmo ele fazendo o máximo possível para isso.

Acabei adormecendo enquanto aguardava meu pai aparecer. Acordei com vozes altas e palavrões. Olhei para o relógio, que marcava mais de duas horas da manhã. Deslizei para fora da cama e me arrastei para fora do quarto, ao abrir a porta do quarto reconheci as vozes dos gêmeos.

- Ele e viadinho, por sua culpa! – Tyson gritou.

- Você e um drogado e nem por isso te colocamos para fora de casa. – Tyler estava a centímetros de Tyson, apontando o dedo para o seu rosto. – Sabe por quê? Em, Ty. Você sabe por que não te abandonamos. Porque e isso que a família faz. E isso que família devia ser. Cuidamos um dos outros, independente de qualquer coisa.

No Limite do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora