Desastre

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Jim estava pouco comunicativo naquela noite – muito mais do que o comum – e exalando estresse. Usamos a entrada dos fundos do prédio, onde havia pouca iluminação, muita poeira e completamente estreito. Tyler ficou entre mim e Tyson, por considerar ser um risco ficar perto dele. Era um absurdo ter esse tipo de reação contra meu próprio irmão, mas depois da longa semana que tivemos onde Tyson me lançava olhares de ódio e descontentamento, fui obrigado a concorda com a superproteção de Tyler. Algo dentro de mim gritava que ali não era o lugar para estamos. O quanto antes fossemos embora dali, melhor seria. Mas ainda teríamos muitas horas pela frente.

Enrolei as mãos do meu irmão com as ataduras, ainda com ferimentos da ultima luta. Sussurrei para Tyler as informações sobre seu adversário daquela noite, um cara perigo e com índice de violência.

- Você vai assistir a luta, não vai?

- Não quero entrar lá. Estou com uma sensação ruim. – falei, fazendo uma careta.

- Por favor, caçula. – ele bagunçou o meu cabelo. – Quero você lá dentro. Depois... Vegas! – seus olhos brilham com a ideia. – Podemos ir até L.A. Imagina irmos ao Billy's sem nos preocupamos em voltar. Posso ligar para Vince. Depois podemos ir a San Francisco, Nova York... Texas. Sempre quis usar aquelas roupas de cowboy.

Sorrir, com a imagem dele vestido de vaqueiro.

- Para de sonhar e se prepare para lutar. Ok?

- Sim, capitão. – ele bateu continência e se virou para praticar alguns movimentos.

Eu não sabia o que fazer em relação a Tyson, mas Jim logo apareceu, me arrastando para longe de Tyler.

- Tyson também vai lutar essa noite. – disse ele, colocando o kit de primeiros socorros em minhas mãos. – Você sabe quem e o adversário dele? – balancei a cabeça concordando. – Ótimo!

- Não preciso de ajuda! - resmungou meu irmão, quando nosso pai me colocou sentado ao seu lado.

- Não perguntei! Agora cale a boca, que o Matthew precisa preparar você. – disse Jim, antes de nos deixou sozinhos.

Tirei as faixas de dentro da caixinha com o kit, enrolei as mãos de Tyson, sem encara-lo. Mesmo com um enorme barulho em torno de nos, estávamos envolvidos em uma bolha de silêncio. Sussurrei as informações para ele o mais rápido que eu pude, querendo sair dali o quanto antes.

- Vergonha. – ele sussurrou.

Fingir que não escutei, apenas peguei o kit e me afastei.

- Algum problema? - perguntou Tyler.

- Não. - o empurrei em direção à saída da sala que estávamos usando como vestiário. – Vamos acabar com isso e dar o fora daqui.

A empolgação estava em seus olhos naquela noite. Tyler havia gasto muito tempo do seu dia tentando me convencer a assistir sua luta. E ele me venceu pela insistência. Enquanto enfaixava suas mãos, como de costume, ele tagarelava sobre os lugares que conheceríamos durante o verão. Ele pensou em tudo. Durante todo o inverno ele vinha aceitando todos os desafios impostos a ele, e convenceu o cara que lhe colava nas litas – nosso pai – a conseguir lutas extras. Tyler juntou a grana para que ele pudesse me dar às férias que ele sempre prometera.

Agora essas férias tinha um sentido diferente.

Os braços musculosos estavam em meus ombros durante todo o caminho até o ringue. Tyler me deixou no meu lugar de costume, próximo à entrada, onde ele dizia que podia manter os olhos em mim durante as lutas.

No Limite do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora