Predileto do Papai

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Em pouco tempo, Tyler e Tyson se tornaram a sensação das lutas clandestinas em Chicago.A cada noite, garotas diferentes estavam nos braços de meus irmãos. Acostumamo-nos com o dinheiro fácil. Meu pai com as apostas, os garotos com as lutas ganhas, eu por conseguir encontrar os caras certos em quem meu pai devia apostar.

Para um garoto de treze anos, os negócios da família começaram a se tornar um peso enorme. Eu não tinha com quem desabafar – minha mãe não dava mais notícias a cerca de um ano – e, no fim das contas, às únicas pessoas realmente próximas a mim era Tyler e Liz. Meu irmão demonstrava estar contente em socar um rosto diferente todas as noites. Eu não queria me tornar o chato a dizer que no fundo me sentia incomodado com toda aquela situação, mesmo aprendendo a gostar da nova vida que levávamos.

Eu precisava confessar com minha melhor amiga.

— Você o quê? – ela gritou no meio do estacionamento da escola da escola pública onde estudávamos.

Os olhos azuis de Liz estavam esbugalhados e sua boca entreaberta.

— Fala baixo. – a puxei pelo braço, ficando uma distância segura dos outros alunos que chegavam os poucos para o início das aulas.

Liz surtou. Primeiro ela disse que seriamos presos pelo FBI, depois de respirar alguns segundos, aquilo se tornou a coisa mais emocionante de sua vida. Contei a Liz como as coisas aconteceram após o sumiço de minha mãe.

— Você demorou um ano para me contar que virou um mafioso? – ela cruzou os braços, ficando emburrada e fazendo beicinho. — Isso não é justo!

— Não sou mafioso. – revirei os olhos. — Desculpa, mas eu não podia simplesmente dizer que meu pai comanda um circuito de lutas clandestinas em todo o estado.

— Ai tá bom, eu te perdoo. – ela deu de ombros.

— Eu tinha que contar isso a alguém. Como você é minha única amiga, além de Tyler.

As coisas continuaram mudando em um ritmo muito rápido. Algumas semanas após ter contado a Liz sobre o que fazíamos todas as noites, comecei a levá-la comigo. Aos poucos, meu pai descobriu meu novo dom. Ele costumava escolher os caras em quem apostava, até que percebeu que eu fazia as escolhas melhor do que ele.

Não lembro como realmente começou. Os apostadores sempre tiveram dúvida em quem investir seu dinheiro, mas meu pai sabia muito bem onde colocá-lo. Além dos gêmeos, ele escolhia com precisão outros lutadores que sempre ganhavam as lutas. Comecei a indicar alguns ao meu pai, que ficava orgulhoso por minhas pequenas escolhas certas. Mas um dia sua aposta foi em Tyson, que lutaria com um cara que apesar de mais velho, tinha a mesma estatura que meu irmão.

O tempo se arrastava, enquanto Tyson e seu adversário andavam em círculos, estudando os movimentos um do outro. Mas meu irmão era arrogante demais. Por vir de uma longa sequência de vitórias, ele já se considerava o fodão. O que era um erro. Relaxado demais e pouco preocupado com as investidas do cara musculoso a sua frente. Do lado de fora do círculo, nosso pai gritava ordens que não eram obedecidas. Vi em seus olhos a raiva crescendo com o descuido de Tyson.

As pessoas gritavam o nome do meu irmão, incentivando-o a ir para cima do adversário. Mas apenas inflava seu ego. O cara chamado Puff, com dois cortes sobre a sobrancelha esquerda e uma barba semicerrada. Seus braços tinham estranhas veias sobressalentes que me davam pavor, os músculos de seu abdômen eram cobertos pela calda de um dragão, que se estendia por suas costas. Ele se esquiva com facilidade dos golpes de Tyson e seus ataques eram perigosos, obrigando meu irmão a se manter recuado na maior parte do tempo.

— Mantenha a porra dos punhos na linha do rosto! – gritou meu pai ao meu lado.

— Guarda alta, Ty. – Tyler colocou as mãos em forma de cone em torna da boca e gritou. — Ele vai nos ferrar. – meu irmão sussurrou ao meu lado.

No Limite do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora