A ponta da minha caneta passeava pela folha de caderno enquanto eu anotava as informações da aula de literatura inglesa. Havia alguns murmúrios na sala, o que deixaria a Sr. Page zangada. Ela não gostava muito de barulhos durante suas aulas. Eu gostava dela, talvez fosse o único já que a maioria dos alunos a detestava. Mas, mesmo sendo exigente, a Sr. Page era uma ótima pessoa. Os outros que não percebiam isso.
Repousei a caneta sobre o caderno e recostei na cadeira desconfortável de nossa escola. Meu moletom escondia as marcas roxas deixadas pelo meu pai da noite anterior, quando ele teve mais um de seus ataques de raiva e eu tive a brilhante ideia de tentar acalmá-lo. Ele agarrou meu pulso com tanta força que os hematomas começaram a surgir quase que imediatamente.
A Sr. Page pediu para que sentássemos em duplas para realizamos um trabalho de duas páginas, para ser entregue até o final da aula. Arrastei a minha carteira, deixando lado a lado com de Liz.
— Parece que o Roger Grover perdeu algo aqui. – minha amiga sussurrou. Ela colocou a ponta da caneta entre os lábios e apontou com um aceno de cabeça na direção do Grover.
— Ele está saindo com uma garota do segundo ano. – respondi abaixando minha cabeça para começar a escrever nosso trabalho. Não antes de espiar Roger. Ele me pegou olhando para ele e deu um sorrisinho. Desviei o olhar, focando minha atenção no caderno a minha frente.
Terminamos minutos antes do término da aula. Liz ficou me provocando pelos minutos restantes, dizendo que Roger não parava de olhar na nossa direção. E continuou durante o nosso almoço.
A mesa que ocupávamos de costume no refeitório da escola, estava rodeada pelos nossos amigos. Ser parte do Clã dos Carter – nome que minha família ganhou no bairro – te fazia automaticamente popular. Quando se era irmão dos garotos mais problemáticos da vizinhança, algumas portas se abrem para você, também faz com certas pessoas puxem seu saco.
— Ele pode muito bem estar de olho em você. – cutuquei a gororoba na minha bandeja. O pedaço de carne estava com uma aparência suspeita, então decidi que o melhor era evitá-lo. — A maioria dos garotos ficaria de quatro se você pedisse.
— Mas ele não estava. – cantarolou. Assim como eu, Liz empurrou a bandeja, deixando a comida de lado. — Vai rolar uma festa na casa da Anne. Os pais dela vão viajar hoje, a casa vai estar liberada.
— Ok. – apoiei os cotovelos sobre a mesa. — Você me busca as oito.
— Por que eu tenho que te buscar? – apontou na direção do seu próprio peito.
— Só apareça as oito, Liz. – revirei os olhos.
— Abusado!
O quintal da casa de Anne havia tantas pessoas, que era impossível caminhar sem esbarrar em algum corpo suado. Eu não conhecia a garota, mas não me importava muito com isso. As pessoas cumprimentavam a mim e a Liz, nos chamando pelo nome, como se fossemos todos íntimos.
Uma menina, com os cabelos tingidos de vermelho e maquiagem que a fazia parecer muito mais velha do que realmente era, se aproximou de nós, segurando dois copos de cerveja.
— Vocês vieram! – ela deu um gritinho estridente. Considerando que era a primeira vez que eu a via, já não gostava muito dela. — Espero que estejam gostando da festa.
— Está tudo ótimo. – respondeu Liz por nós dois.
— Aqui. – ela nos entregou os dois copos de cerveja. — Tem bebida no lado esquerdo e erva com Bob. – seus olhos pararam em mim. Anne sorriu e pegou na gola da minha camiseta, deslizando o polegar sobre ela. — Gostei da sua camisa.
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No Limite do Desastre
Cerita Pendek"É hora de aprender sobre o negocio da família." - ele tragou seu cigarro. Matt Carter teve uma ótima infância, com a família sempre por perto e unida. Mas quando sua mãe sai de casa, Matt ver sua vida mudar completamente, com um segredo d...