Capítulo 3

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   Após tomar banho, visto minha roupa. Tudo que tinha que pensar, já foi esclarecido. Saio do quarto e procuro vovó, quero ir o mais rápido possível para o hospital, não quero me separar de Amélia.

  Ouso vozes assim que deço as escadas, elas vêm da cozinha.  Consigo distinguir a voz de minha avó, mas a outra voz nunca ouvi na minha vida, mas tenho certeza que é de um homem. Eles susurram, quase como se não quisessem ser pegos, começo a prestar atenção na conversa.

__O que a senhora vai fazer? - pergunta a voz masculina. - Ele à quer.

__Se depender de mim, nunca a terá. - diz convicta.

__A senhoria mais do que ninguém, sabe do que ele é capaz. - houve um minuto de silêncio. - O cheiro dela atrai não só ele, mas todos os machos.

__Vou fazer um chá, ele vai bloquear o aroma dela. - sua voz está abalada.

__Não vai adiantar. - suspira. - A lua cheia se aproxima.

__Eu sei, e isso me deixa mais preocupada ainda. - tento ver pela fresta da porta quem está com minha avó, mas é em vão. O indivíduo está escondido na sombra da geladeira. - Com a lua cheia, e a piora de Amélia tudo fica mais difícil.

__A menina piorou? - pergunta.

__Sim, Catarina está arrasada. - assim que vovó diz meu nome, o homem se abala.

__Sei que a garota é importante para ela. - volta a falar, mas desta vez sinto algo a mais. - Não queria assusta-lá.

__Foi o certo. - caminha até a porta dos fundos. - Mesmo assim ela foi à floresta.

__E ele a encontrou. - o homem sai da sombra e vejo como ele é belo, cabelo preto na altura do pescoço, pele levemente bronzeada e olhos castanhos. - Não sei se vou aguentar ficar mais longe dela.

__Você tem que se esforçar. - segura seus ombros. - Ygor você é o protetor dela.

__Mesmo assim, me dói vê-lá sofrer. - abaixa a cabeça.

__Ela é forte, vai aguentar. - consola o puxando para um abraço. - Agora vá e tente pegar o sangue.

__Vai ser difícil, mais vou tentar. - se desvencilhar dos braços de minha vó e sai rumo a floresta.

(...)

  Depois que o tal Ygor foi embora, subi para meu quarto, é meio chocante saber que sua própria família esconde algo de você. Só não vou e preocupar com isso agora, porque Amélia precisa de mim.

Descidi que vou falar com a mamãe sobre a proposta de Rômulo, sei que ela vai falar que sou louca, mais essa loucura é até que aceitável.

  Gotaria de não ter que me sujeitar a isso, mas nesta vida muitas das nossas escolhas são desesperadas. 

(...)

  Meu coração bate fortemente em meu peito, vovó quis vir comigo para o hospital, estamos indo pelo caminho mais longo, estou curiosa, quero perguntar quem era o homem que falava com ela.

__Vó. - chamo-a.

__Oi.

__Posso fazer uma pergunta? - digo batucando o volante.

__Claro amor. - fala olhando para mim.

__Caso você saiba algo, que por alguma razão é de mim, você me falaria. - pergunto, desvio o olhar da estrada e a encaro.

__Por que à pergunta, Catarina? - ergue uma sobrancelha.

__Por nada vovozinha, só queria saber. - volto a encarar a estrada. - E então, você me falaria?

Alfa- A Condenação.Onde histórias criam vida. Descubra agora