Alfa- A Condenação.

Capítulo 5

  
  Sinto a maciez da minha cama, é tão bom sentir o conforto dos lençóis abaixo de mim, que custo a abrir os olhos. Em todos os anos que vivi na república da faculdade, nunca me senti assim, esse conforto só se tem em nosso lar.

  Calma lá. Lar? Casa? Cama?

Abro os olhos e vejo que estou em meu quarto, tudo está no seu devido lugar, menos o homem que olha para a paisagem além da janela.

__Que bom que acordou. - sua voz é familiar, ele se vira e observo seu rosto.

__Ygor. - olho atentamente sua fisionomia. Ele está abatido, à  machucados já com sangue seco em seu rosto. O que aconteceu com ele? 

__Ficamos preocupados. - caminha até mim. - Faz quatro horas que você desmaiou.

__Ficaram? - não me importo pelo tempo que fiquei desmaiada.

__Sério mesmo? Eu acabo de dizer, que você está quatro horas desmaiada, e a única coisa que você consegue ouvir é o "ficamos". - senta na cama. - Mas devo agradecer.

__Pelo quê? - estou confusa, não me lembro de nada. Depois que sai do hospital, tudo é um infinito branco.

__Você não se lembra? - ele me olha aterrorizado, nego com a cabeça. - Não se lembra de ter me salvado, de ter entrado em choque? - tudo que ele fala não faz sentido algum.

__Descupa, mas não me lembro de nada. - passo a mão no rosto. - Só me lembro de sair do hospital, depois disso, não à mais nada.

__É melhor assim. - sorri tristonho. - As vezes nem tudo deve ser descoberto.

  Não entendo o que ele fala, desde que pus meus olhos nele, vi que o mistério rondava sua vida, assim como a dor. Queria lembrar de tudo, mais minha mente está confusa, sei que, o que estou esquecendo, é muito importante, mas como irei lembrar?

__Me conte o que aconteceu. - peço, me aproximo dele calmamente. - Sei que sou um tanto curiosa, mas nunca vi isso como um defeito.

__E não é. - segura minhas mãos. - Só não quero que você entre em choque novamente.

  Então eu entrei em choque? Mas qual foi o motivo? Estou cansada, exausta, com sono. É eu estou com sono.

__Posso te fazer uma pergunta? - sou tirada dos meus delírios.

__Claro. - afirmo.

__O que você faria se soubesse, que o mundo não é, o que todos acham que ele é? - não sei o que responder, se nem mesmo consigo lembrar do que me aconteceu, como vou responder essa pergunta?

__Não sei. - dou de ombros, neste exato momento, as únicas coisas que tenho certeza, é no que consigo ver. - Sinceramente, não sei.

__Então durma, talvez quando você estiver descansada tudo se encaixe. - ele beija minha testa e se levanta.

__Não vai embora. - digo antes dele sair do quarto.

__Por que? - me olha intensamente.

__Não quero acordar sem te ver, gosto da sua presença. - bocejo. - Só não me deixe.

__Nunca vou te deixar, Catarina. - assim que ouso essas palavras deito e me entrego no mais profundo sono.

(...)

  Acordo e olho o relógio, são exatamente 00:14, levanto da cama e vou ao banheiro, tomo um banho curto, sinto-me bem.

  Saio do banheiro e apanho uma muda de roupa, nada mais que, um shortinho de malha preto, e uma regata vermelha.