Capítulo 4.

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Paro em frente a mercearia, já posso sentir o sabor do sorvete de abacaxi em minha boca. Sempre foi apaixonada por esse sabor, e com o passar dos anos, essa paixão só aumentou.

Saio da picape e recebo alguns olhares, normalmente as pessoas disfarçam, mas hoje elas estão tão discretas como um elefante andando de motocicleta. É sempre assim, os olhares variam de pena a repulsa.

Muitos acham que minha família é amaldiçoada, que paira sobre os homens um terrível fim, ao se envolverem conosco, as mulheres Wintter.

Acho que Rômulo não sabe sobre este boato, pois se soubesse, não correria  até mim, e sim de mim.

Ao entrar na mercearia Gostinho do Céu, vejo que ela está bem movimentada, normalmente ela fecha as 18:00 horas, mas já passa das 19:00.
Camilho aérea pelos corredores, Ygor ainda invade minha mente, sinto que ele corre perigo, e que posso não ter a oportunidade de vê-lo novamente.

Viro o corredor e vejo o paraíso, três freezers estão lado à lado, me dando uma vista de todos os sabores de sorvete, paro na frente do segundo e apanho uma caixinha de Abacaxi e uma de Bombom Trufado, o sabor favorito de Amélia.

Ouso duas garotas perto de mim, falarem sobre um homem que acaba de entrar na mercearia, elas não economizam nos elogios.

Gostoso.

Lindo.

Forte.

Imagina a pegada.

Teve ter um fogo.

Tenho certeza que é pirocudo.

De longe vi o volume.

Sorrio, quando tinha a idade delas, minha única preocupação era passar nas provas de colégio, e não olhar o malote das pessoas, mas devo admitir, estou curiosa agora. Quero ver se esse homem é tudo isso mesmo.

Antes das garotas saírem me aproximo delas.

__Olá. - sorrio simpática.

__Oi. - fala a garota mais baixinha, seus cabelos são ruivos ondulados, lábios bem marcados e olhos amendoados.

__Oi. - diz a outro garota, esta tem os cabelos encaracolados loiros, lábios finos e silios grossos.

__Não pude deixar que reparar na conversa de vocês. - ambas ficam vermelhas de vergonha. - De quem vocês estavam falando?

__Você não viu o moço que acabou de entrar? - a ruivinha diz de boca aberta. - Ele é simplesmente o homem mais gostoso que já vi.

__Tem certeza? Há muitos homens lindos por aí. - constato.

__Moça vem com a gente. - a loira agarra meu braço e me arrasta pelos corredores. - Ele chegou como uma turminha, todos homens, mas ele se destaca.  

__Não acho que ele seja tudo isso. - solto sem pensar.

__E não é, ele é muito mais. - a ruiva se abana.

  Passamos por vários corredores, enlatados, carnes, verduras, guloseimas, mas nada de achar esse homem. Parece que ele se esconde, não vejo motivos aparente para isso, normalmente homens como ele, tem uma autoimagem muito elevada, se auto-intitulam os pegadores, pois sua beleza atraí variáveis tipos de mulheres.

  Estamos passando pela seção de caça, não gosto dessa parte da mercearia, pra falar a verdade não gosto dos tipos de armas de tortura que tem aqui, por ser pacifista abomino qualquer maltrato, mas uma coisa me chamou à atenção, coisa não, alguém.

Alfa- A Condenação.Onde histórias criam vida. Descubra agora