Mudanças 22

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" A dor é algo tão belo...."

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¶Tony

Meu corpo estava muito dolorido, mas consegui abrir meus olhos, sentia um raio de luz bater em meu rosto vindo da janela a minha direita. Me levantei para tentar entender aonde é que eu estava, sentei naquela cama que eu estava com edredons cor roxa decorando-a. Ficando sentado, tendo visão de todo aquele quarto escuro, com roupas jogadas por todo o chão, um guarda roupa caído do lado esquerdo da cama, nada demais aparente, apenas um quarto extremamente bagunçado. Minha cabeça latejava de forma insuportável, me fazendo levantar uma das mãos a minha cabeça. Aonde será que Ayra estava, Sasha... Jonathan... Aquele lugar lembrava muito meu quarto, mas não era... Minha casa tinha sido praticamente destruída... Tentei me levantar mais uma vez sem sucesso, meu corpo doía de uma forma quase que insuportável. Apenas consegui ficar sentado na cama olhando para a janela que definhava alguns raios de luz. Fui retirado de minha distração por o barulho da porta sendo aberta dando visão a silhueta de alguém que eu não conseguia distinguir quem era pois aquele quarto estava muito escuro. Fiquei receoso, mas não consegui fazer muita coisa pois estava muito fraco.

- Quem é que está aí?. - Eu disse forçando os olhos para tentar enxergar em meio aquela escuridão.

- Finalmente você acordou Tony!. - A voz disse em meio a risadinhas travessas, Finalmente reconheci a voz que falava. Ayra. - Deixa eu abrir essa janela aqui. - Ela terminou, indo em direção a janela abrindo-a fazendo com uma luz cegante entrasse por todo o quarto iluminando-o. Após a alguns segundos com meus olhos acostumando com toda aquela luz repentina pude Finalmente ver, o cabelo de Ayra brilhando como fogo pela luz do sol, sua silhueta bem desenhada na janela. Ela aparentava ter acabado de acordar, ainda estava com uma espécie de pijama, um short que mal a cobria e um top branco que deixava a mostra sua cintura bem definida. Apesar de ser consideravelmente jovem, ela tinha um corpo escultural de uma mulher mais velha realmente.

- Como assim finalmente acordei?. - Perguntei curioso, fazendo com que ela se virasse, mostrando que ela realmente não estava de top, mas sim apenas de sutiã, deixando um enorme decote à mostra, me fazendo ficar extremamente corado ao olhar para ela, que me olhava sorridente, linda, de uma maneira até surpreendente, sem maquiagem, apenas como ela é de verdade.

- Você dormiu por bastante... O-o que foi? Você tá todo vermelho. - Ela sorriu, tentando entender o porquê que eu estava ficando corado daquele jeito.

- N-n-nada...- Eu tentava disfarçar, mas não conseguia. - Continua... Por favor. - Eu terminei, tentando diminuir minha vergonha.

- Bom...- Ela dizia enquanto caminha para a frente da cama. - Depois que a gente saiu lá do centro da cidade, você chegou aqui no bairro desmaiando já, te segurei e te trouxe aqui pra essa casa, aparentemente uma das poucas que sobraram, a minha foi destruída. Achei essas roupas aqui, só esse sutiã que é um pouco apertado. - Ela riu, tentando arrumar o sutiã, me fazendo ficar mais corado. - Ahhhhhhh! Entendi, você tá com vergonha de me ver sem camisa? Que fofinhooo. - Ela falava com um sorriso no rosto enquanto me olhava. - Se você quiser eu coloco uma camiseta. - Ela terminou.

- N-não precisa, relaxa... É só que... Eu sou meio tímido. - Eu respondi, escondendo meu rosto, olhando para o lado.

- Você não namora aquela garotinha com a franja lilás?. - Ela perguntou.

- A Sasha?!? Claro que não, somos só amigos!. - Eu falei, sentindo meu rosto ficar mais vermelho ainda. Nunca entendi o porquê de tanta timidez.

- Aah, entendo. Você gosta dela.

- Por que você acha isso?. - Eu retruquei.

- Só pela sua reação da pra notar. - Ela sorriu.

- Mas agora ela provavelmente está morta. - Eu respondi. Cortando todo o ar de alegria que estava no recinto.

- Você tem certeza?. - Ela tentou me animar, mas ficando cabisbaixa e sem graça por falar naquele assunto, não poderia culpá-la, afinal, não é fácil lidar com a morte, com a dor.

- Não sei, ainda sinto uma pequena voz no fundo que ainda diz que ela está viva, mas não sei se consigo acreditar, talvez  seja só uma simples esperança. - Eu respondi. Tentando esconder minha dor, mas sabendo de verdade que ela estaria morta, tudo na cidade morreu... Por minha culpa...

- Então agarre-se a este sentimento, você vai apenas aceitar que ela morreu e ponto?. - Ela retrucou, ficando mais séria, franzindo as sobrancelhas e se sentando na cama, ficando na altura de meus olhos. - Lute!. - Ela terminou. Eu não consegui responder, apenas fiquei calado olhando fundo em seus olhos, com as sobrancelhas arqueadas, quando pensei em responder, apenas senti lágrimas caírem de meu rosto.

- Não posso ter perdido eles... Era tudo que me restava... - Eu balbuciava em meio a lágrimas.

- Tudo mudou Anthony. Tudo mudou. Você vai ver muita gente ir embora, gente boa, todas indo embora e apenas você ficando para trás. - Ela dizia, ainda com sua feição séria olhando fundo nos meus olhos, que já estavam com as vistas embaçadas pelas lágrimas.

- Mas do que vai adiantar continuar se não vou ter eles para me ajudar, se não vou ter eles para me apoiar... Enquanto todos me maltratavam, me destruíam por dentro, eles eram os únicos que me deixavam de pé. - Eu continuava a falar em meio as lágrimas.

- Você tem que se adaptar. Você já se adaptou. - Ela respondeu.

- Se for assim, se for pra ser sem eles do que vai adiantar continuar?. - Eu Perguntei.

- E o que você poderia fazer?. - Ela retrucou.

- Poderia colocar um fim nisso tudo, eu mesmo me deixar ir embora, sentir essa escapatória. - Eu respondi ficando cabisbaixo, segurando parte do edredom que estava em minhas pernas me cobrindo.

- Iria se matar só por isso? Acha que de alguma maneira sua dor iria acabar? Que assim que fizesse isso seus amigos voltariam, sua vida voltaria!? - Ela dizia, aumentando o tom de voz a cada palavra.

- Talvez... Talvez apenas não quero viver em um lugar onde tudo e todos me odeiam. - Continuei cabisbaixo, sem conseguir olhá-la nos olhos. Eu não sabia o que fazer, talvez aquela fosse realmente minha única opção... Suicídio? Aquela palavra nunca tinha entrado na minha cabeça, mas nos últimos dia tudo tem me levado para aquilo, como se estivesse me chamando, me convocando. Conhecia Sasha desde meus 10 anos, ela era muito mais do que uma amiga, ela era alguém que eu queria do meu lado pra sempre... Mas agora tudo se foi... Eu não tinha mais ninguém.

- Eu não te odeio... - Ela respondeu, estendendo os braços para mim, me mostrando seus pulsos, que estavam cheio de marcas de cortes, marcas que pareciam ser recentes.

- O-o que é isso?. - Eu deixei escapar.

- Você conhece minha história. É igual a sua, eu só nunca tive um Jonathan... Ou uma Sasha... Vivi sempre apenas comigo mesma, já chegou a ser insuportável, conviver com todos te odiando, vi a mutilação como uma escapatória disso tudo, algo no fundo do meu coração dizia que isso me aliviava, me trazia um bem estar, me tirava desse mundo de sofrimento... Foi aí que descobri... - Ela levantou meu rosto com uma de suas mãos, me fazendo voltar a olhá-la nos olhos novamente. - A gente não morre. - Ela disse com um sorriso no rosto enquanto caiam lágrimas de seus olhos.

O Mensageiro (Revisando/Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora